Nesta última semana o grande aumento de casos graves de pessoas com a COVID-19 que necessitam de internamento deixou o Paraná a beira de colapsar toda a sua estrutura de saúde pública e privada, faltando insumos básicos, inclusive oxigênio.
A falta de oxigênio para aparelhos de respiração aliás, uma realidade desesperadora para internados visto há algumas semanas em Manaus, começou atingindo a cidade de Clevelândia, a 474 Km a Sudoeste da capital paranaense, na última sexta (13), com familiares de pessoas internadas no Hospital Regional Estadual de Clevelândia procurando em empresas da região ajuda para fornecer cilindros de oxigênio. “Milagrosamente” três cervejarias da região interromperam a produção para doar um total de 17 cilindros ao hospital.
O problema não é exclusivo de Clevelândia, todo o Estado está na mesma situação crítica, inclusive a capital, Curitiba. Na sexta, responsáveis pela Secretaria de Saúde Municipal afirmaram que seguindo o ritmo de necessidade de novos leitos e recursos nos próximos dias o sistema de saúde, público ou privado, pode estar colapsado não podendo receber mais nenhum novo paciente. Flaviano Ventorim, presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Paraná (Femipa) afirmou que
“Se 10% deles complicarem, são 1500 pessoas que vão para o sistema de saúde, público e privado, e se seguir o padrão atual, 300 podem precisar de UTI, ou seja, não temos essas vagas. E não só por uma questão de dinheiro, porque não há equipamentos para comprar, oxigênio, anestésico, fora equipes de saúde. Para vocês terem uma ideia, há dois dias não tínhamos esse problema de anestésticos, mas a demanda aumentou tanto que já não temos garantias de entrega”.
A crise do oxigênio
Nos primeiros dias de 2021, a maioria dos Estados se somaram ao colapso de saúde no Amazonas. Por todos os lados, começa a se impor a falta de oxigênio para atender os hospitais lotados de pacientes em casos graves de COVID-19 e juntamente a atuação, ou melhor, falta de atuação dos governantes, que permitiram que a situação que sempre foi crítica no Estado desde o começo da pandemia, evoluísse para um quadro verdadeiramente criminoso, pessoas morrerem em hospitais por falta de insumos básicos.
A crise, que gerou dezenas de mortos no Amazonas, e que ainda não está sob controle, gerou a inusitada situação de ser socorrido pelo governo de um país estrangeiro, no caso a ajuda – essa verdadeiramente humanitária – enviada pelo presidente Nicolás Maduro da Venezuela, vez que o próprio governo do país nada fazia, dia após dia, além de ter deixado a situação chegar àquele ponto.
Pouco mais de dois meses após o pico da crise de oxigênio no Amazonas, estamos assistindo a mesma situação se repetir no Paraná, que desta vez, ao contrário do Amazonas, faz parte da região mais desenvolvida do país e muito próximo aos grandes centros industriais. No caso de Clevelândia a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná tentou justificar que, na verdade, não estava faltando oxigênio, mas sim cilindros, pois as indústrias da região teriam capacidade de processamento do oxigênio, mas não estavam conseguindo recebendo de volta os cilindros na velocidade que está sendo demandado novamente pelos hospitais. O que quer dizer, na prática, que não conseguem atender.
A situação em todo o Estado é crítica e tende a evoluir para outras unidades da federação, espalhando por todo o País a falta de oxigênio nos respiradores.
Atualmente, segundo a própria secretaria estadual a região Oeste do Estado, região de Foz do Iguaçu, é a mais crítica com cerca de 10,5% da população infectada. Em todo o Estado já são 752.801 infectados e 13.385 mortes, sendo que, com as novas variantes do coronavírus o percentual de pessoas que tem necessitado de internação chega a 10%, bem mais do que no ano passado.
A política dos golpistas é responsável
Frente a esse quadro que mostra a pandemia cada vez mais fora de controle, por falta de medidas reais de controle da contaminação e que dê condições da população se proteger, não há como negar que os governos da direita são totalmente responsáveis pelas mortes e pela crise da falta de insumos e leitos.
E no Paraná é um belo caso, pois há pouco mais de um ano foi fechada a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) em Araucária, região metropolitana de Curitiba, uma indústria do sistema Petrobrás que, além de ser essencial na produção de fertilizantes para o setor agrícola, também conta com uma unidade de produção de oxigênio.
Segundo representantes do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina, a Fafen-PR tem a capacidade de produzir 30 mil metros cúbicos de oxigênio por hora, suprindo 30 mil cilindros de pequeno porte por hora. De acordo com o sindicato, se a fábrica estivesse em operação, com dois turnos diários de seis horas, poderia fornecer ao país 360 mil metros cúbicos de oxigênio por dia. Atualmente, o consumo diário de oxigênio só no Amazonas é de 76 mil m³.
A fábrica se encontra hoje em estado de “hibernação”, paralisada após a decisão da diretoria bolsonarista da Petrobrás, do ex-presidente Roberto Castello Branco, de vender a indústria por supostamente “dar prejuízo”. Uma mentira desmentida pelos próprios trabalhadores da Petrobrás que denunciam que outras unidades de fertilizantes na Bahia e em Sergipe, semelhantes à FAFEN-PR, terem sido arrendadas à iniciativa privada por 70 milhões de reais e possuem estimativas de lucro de 2 bilhões por ano.
Além da produção essencial para atender a hospitais a Fafen-PR retomaria mais de 1 mil empregos diretos e indiretos, além de diminuir o custo de importação de fertilizantes para o país, para uso no setor agrícola, o que encarece alimentos, por exemplo.
A direita paranaense, liderada no Paraná por Ratinho Jr. (PSD) e Rafael Greca (DEM), são parceiros do governo Bolsonaro na privatização de empresas públicas, na demissão de milhares de trabalhadores, nos “cortes de gastos públicos” que significam cortar leitos hospitalares, fechamento de escolas, militarização de escolas, cortes de programas sociais, que deixam a população sem renda e executam a política de repressão total, permitindo despejos nas cidades e no campo.
Na gestão da pandemia estes governos são ainda mais criminosos, forçando a reabertura das escolas, colocando a culpa da pandemia na população e, vendo o total descontrole da contaminação, não fazem nada, simplesmente decretando “lockdown” que nada mais é que uma medida de repressão.
Não há testes em massa, contratação de equipes de saúde em massa, aquisição de insumos hospitalares em grande quantidade, garantia de renda e empregos que permitam as pessoas não saírem às ruas pra se expor à contaminação.
É preciso mobilizar, juto com os petroleiros, pela reabertura da Fafen, coloca-la sob o controle dos trabalhadores, ampliar sua capacidade de produção de oxigênio, para salvar a vida de milhares de brasileiros, ameaças pela burguesia golpista e seus governos.