O caso do massacre ocorrido no Jacarezinho, no Rio de Janeiro, colocou em destaque o debate sobre a polícia. Os policiais invadiram a comunidade e exterminaram sumariamente e a sangue-frio pelo menos 28 pessoas.
Os governos direitistas procuraram justificar o crime acusando os assassinados de serem bandidos. Além de ser uma calúnia contra as vítimas, tal consideração, ainda que fosse verdadeira, não justifica a ação. Ao assassinar pessoas, seja lá por qual motivo, os policiais envolvidos na operação e seus chefes no governo cometem um crime hediondo. Portanto, segundo a lógica da própria direita, os primeiros que deveriam ser exterminados sumariamente são os policiais envolvidos e os mandantes do crime: o comando da polícia e o governador.
A imprensa burguesa cínica, diante do que ela mesma chamou de a maior chacina da história do Rio de Janeiro, procura encobrir o real conteúdo do que aconteceu, coloca panos quentes para evitar uma revolta da população.
O ocorrido foi mais uma amostra do que significa a polícia. Ela é uma máquina de guerra organizada para assassinar o povo.
A maior parte da esquerda pequeno-burguesa, cuja política em geral está orientada pelas eleições, o que significa parecer agradável para a burguesia a e classe média, evita como pode de levantar a palavra de ordem de extinção da polícia. Substituem essa palavra de ordem por reivindicações inócuas, como a de desmilitarização da Polícia Militar. Alguns chegam ao extremo de defender que os policiais também seriam vítimas, algo que politicamente só serve para encobrir o real conteúdo do aparato repressivo do Estado.
O massacre no Jacarezinho foi promovido pela Polícia Civil. Isso coloca para a esquerda duas opções: ignorar o fato e servir de cobertura para ações feitas pela polícia não militar; ou defender abertamente o fim de todas as polícias.
Não há mais espaço para meias-palavras. O que está colocado é o desmantelamento de todo o aparato repressivo do Estado burguês. Não apenas a Polícia Militar, mas a Polícia Civil, Federal, as Guardas Municipais (armadas ou não), seguranças como os chamados Urubus do Metrô de São Paulo. Todo esse aparato existe para massacrar o povo e portanto precisa ser exterminado e substituído por organizações democráticas.
Aqui, é importante deixar claro que a reivindicação do fim das polícias não é socialista, mas democrática. Do ponto de vista do regime burguês, o que existe no Brasil é um aparato anti democrático, uma instituição ditatorial contra a maioria da população.
É preciso opor a essa máquina terrorista do Estado, organizações democráticas, eleitas e controladas pelo povo nos bairros e municípios. Essa organização parte do pressuposto de que o povo deve ter o direito de se armar, que o armamento não pode ser um monopólio da burguesia.