O editorial do Estadão “O espectro do populismo fiscal”, deste domingo, 14 de novembro, evidencia os interesses de classe defendidos por este jornal burguês.
O texto ataca o Partido dos Trabalhadores (PT) e sua política econômica e o acusa de ter deformado “a estrutura macroeconômica do País precipitando-a na maior recessão de sua história”.
No 2º mandato de Lula (PT) e no governo Dilma Rousseff (PT), segundo o Estadão, começou o desmonte da estrutura econômica de tipo neoliberal dos governos Collor-FHC que tinha feito o País avançar. Os supostos crimes do PT teriam sido “o emprego dos bancos públicos para conter juros e ampliar créditos; a Petrobras para reduzir os preços dos combustíveis; a capitalização do BNDES para distribuir investimentos; e a desvalorização cambial para estimular a indústria. A normatização das desonerações e gastos indiscriminados arrebentou o equilíbrio fiscal”.
No plano de governo do PT, o Plano de Reconstrução e Transformação, estão medidas que apontam o crescimento dos investimentos públicos. O problema para o Estadão é que isto ameaça a política de austeridade fiscal implementada pelos golpistas desde a queda de Dilma Rousseff, que se materializou na imposição do teto de gastos por 20 anos (2016-2036).
Os grandes capitalistas e banqueiros, que falam através do editorial do Estadão, não querem que o Estado gaste dinheiro com a população, seja por programas sociais, seja investindo em educação, saúde, moradia e geração de empregos no setor público e seguridade social. Os recursos públicos devem ser direcionados exclusivamente para pagamento dos juros da dívida pública.
O que é classificado como o risco de “populismo fiscal” é o fim da política de austeridade imposta pelo capital financeiro. Os banqueiros querem que o Estado mantenha um firme controle sobre os gastos públicos, mesmo que isso signifique a fome e a miséria para as amplas massas da população, que nesse momento estão correndo atrás do caminhão de lixo atrás de ossos e restos de comida. Afinal de contas, do ponto de vista dos banqueiros, para que serve o Estado senão para atender aos seus interesses e garantir seus lucros?
O veto dos banqueiros à volta do PT ao governo federal acontece em virtude das pressões populares que os petistas estão sujeitos e para as quais são obrigados a dar respostas. Isso por si coloca em risco a política do teto de gastos. O PT é o maior partido de esquerda da América Latina e tem base nos sindicatos, na Central Única dos Trabalhadores (CUT) e nos movimentos populares (CUT, CMT, MST).
Uma candidatura do PSDB, da terceira via, é o ideal para o Estadão. Esta seria capaz de levar adiante ataques profundos às condições de vida das massas e manter a política de subordinação do Estado aos banqueiros. O PT é um perigo a ser combatido e evitado com todos os recursos possíveis. O que a burguesia não quer é um governo que gaste dinheiro público para atender às necessidades populares.