Na manhã desta sexta-feira, 23 de abril, militantes e ativistas de várias organizações da esquerda participaram de um ato contra a política de censura da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A manifestação aconteceu em solidariedade aos militantes do Partido da Causa Operária (PCO), que foram covardemente ameaçados por seguranças armados na semana anterior, no dia 16 de abril.
A censura institucional
Essa não havia sido, nem de longe, a única vez em que os fascistas que estão no comando da UFPB colocaram suas manguinhas de fora. Há pouco mais de um mês, a Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba – Seção João Pessoa (ADUFPB-JP) foi censurada e não obteve permissão para instalar uma faixa que denunciava a política genocida do governo Bolsonaro durante a pandemia. Em 2020, um estudante foi assassinado por denunciar a ação do aparato de repressão da universidade.
A diferença entre os demais acontecimentos e a tentativa de censurar e intimidar os militantes do PCO foi que, dessa vez, os fascistas não conseguiram intimidar a esquerda. Os militantes enfrentaram os guardas, continuaram a sua atividade e, acertadamente, convocaram o ato contra a censura na UFPB.
Uma reação à altura
O ato contra a censura ocorreu às 9h, exatamente no mesmo local onde militantes do PCO fazem um trabalho semanal de distribuição de panfletos e venda do Jornal Causa Operária (JCO) e que foram surpreendidos pela “visita” da guarda patrimonial. Contando com faixas como “Abaixo à censura na UFPB”, “Fora Bolsonaro”, “Fora Valdiney, interventor bolsonarista”, o ato deu o seu recado: a esquerda não vai apanhar calada. A atividade ainda contou com a tradicional banquinha dos militantes do PCO, onde foram fixadas dezenas de bandeiras e exposto os materiais de agitação e propaganda pelos quais tanto vale à pena lutar: em defesa do socialismo, contra o governo Bolsonaro, por Lula presidente, pelo fim do vestibular e em defesa de todos os trabalhadores do Brasil e do mundo.
Nas palavras do estudante Valtemberg Alves, membro da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), “o ato teve um forte apoio dos estudantes, especialmente aqueles mais perseguidos da Universidade, os moradores da residência universitária, os estudantes que participaram da ocupação contra a intervenção do governo genocida, e que estão sendo perseguidos diariamente pela repressão bolsonarista”.
O ato, na medida em que reuniu dezenas de companheiros e colocou abertamente a política da esquerda, deu uma importante lição: diante do avanço da extrema-direita, é preciso formar uma frente única de todas as organizações do povo trabalhador para a luta. Na manifestação, estiveram não só os companheiros do PCO, mas entidades como a ADUFPB, o SINTESP, o Sintesf, o PSOL, a Unidade Popular, o Movimento Sem Terra (MST), o Cordel (coletivo de professores), os Antropólogos para Democracia e o Ocupa UFPB (estudantil).
Essa, afinal, é a única política possível para conter o fascismo: a unidade, na luta, com aqueles que verdadeiramente estão interessados em lutar contra o fascismo, que é a esquerda e os movimentos populares. Conforme declarou o companheiro Camilo Duarte, funcionário da UFPB e candidato a prefeito pelo PCO em 2020, o ato mostrou o “acerto de uma política combativa, que enfrente a violência da direita, sendo esta a única maneira de criar uma unidade prática real dos partidos e entidades da esquerda e fazer recuar a política da direita”.
A atividade ainda foi animada pela música do grupo Xumbrego da Rabeca (Dinda Salú e Ninno Amorim) e falas no carro de som dos companheiros presentes, mostrando, também, outra importante lição: é possível mobilizar a população mesmo no pior momento da pandemia. Segundo a companheira Renata Rolim, militante do Partido da Causa Operária e professora da UFPB, a manifestação deve dar novo impulso ao Comitê pela Autonomia da UFPB.