A Polícia Militar de Rondônia prendeu ilegalmente mais de 30 camponeses da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) no dia 17 de novembro. Comandada pelo governador fascista Marcos Rocha (PSC), a ação da milícia do Estado fez essa ação no Acampamento Escurão, localizado no Lote 32, Gleba de Corumbiara, na cidade de Pimenta Bueno, uma área de atuação da Liga dos Camponeses Pobres. A falsa acusação contra os camponeses é de terem sido responsáveis pela morte do latifundiário Heladio Cândido Senn, o “nego Zen”, mas o autodeclarado autor do crime já havia se entregado na delegacia de Vilhena logo depois do crime.
Essa ação da PM em criminalizar os camponeses, que são as maiores vítimas dos conflitos de terra com os grileiros, faz parte do projeto em vigor no país de preparar uma grande guerra contra os camponeses e contra qualquer política de reforma agrária.
Não há nenhum indício de que o latifundiário Heladio Senn tenha sido assassinado pelos camponeses. Preso uma vez em 2014, o “nego Zen” é conhecido por praticar diversos crimes contra os próprios latifundiários, com práticas de grilagem de terras públicas, pistolagem, roubo de gado de outros fazendeiros e sequestro de trabalhadores.
Após diversas e ameaçadoras incursões da PM no acampamento, com as participações da Guarnição de Força Tática e o Núcleo de Inteligência das polícias de Vilhena e Pimenta Bueno, a polícia prendeu homens, mulheres, crianças, destruíram casas, roubaram motosserras e espancaram moradoras do local, uma verdadeira ação terrorista.
Levados arbitrariamente a uma Unidade Integrada de Segurança Pública de Vilhena, os camponeses foram interrogados pelo delegado Núbio Lopes, da Delegacia de Homicídios.
Mesmo com o provável autor do crime já ter ido depor, o grande aparato criminoso armado pelos milicianos do estado de Rondônia saiu com o objetivo de praticar o terror, a violência e prender os 30 camponeses, além de roubar deles suas armas de caça, trabalho e autodefesa. Cinicamente, os policiais ainda disseram que as armas eram do morto. Todos esses crimes continuam impunes, à revelia das leis, estas que só são aplicadas na classe trabalhadora para oprimir e encarcerá-la.
Essa prática de forjar “provas” de crime contra os camponeses é uma ação criminosa muito comum realizada pela polícia. Na mesma região dessa ação terrorista, em Santa Elina, no Acampamento Manoel Ribeiro, os policiais prenderam quatro camponeses que ainda estão em cárcere privado até hoje, segundo a Liga dos Camponeses Pobres.
Sem qualquer indício de crime praticado por qualquer um dos 30 camponeses, a justiça burguesa, a serviço desses latifundiários e milícias criminosas, nada fez para impedir essas barbaridades e serão lenientes até quando não der mais. Já a população que apoia os camponeses levou alimentos e deu todo apoio às vítimas dessa ação criminosa da polícia.
Com a chegada de Bolsonaro ao poder e de outros fascistas ao governo do Estado, como em Rondônia, a violência e crime contra os camponeses têm aumentado exponencialmente, como esse Diário Causa Operária vem denunciando. A LCP mesmo virou um dos principais alvos dos latifundiários e milícias policiais do estado.
É preciso libertar de imediato todos os camponeses, organizar os comitês de autodefesa e continuar a luta pelo fim de todos os aparatos de segurança civil e militar do estado, pois ambos estão a serviço dessa política criminosa de assassinar e prender camponeses e evitar de todas as formas a luta pelo fim do latifúndio, pelo direito à terra e pela Reforma Agrária.