A segunda-feira amanheceu com diversas mobilizações contra o retorno das aulas presenciais em pleno pico da pandemia. A corrente Educadores em Luta/ PCO esteve na linha de frente dessa luta para impedir o genocídio anunciado da população. O método tradicional do piquete aponta que a luta real não pode se restringir à internet.
No último dia 5, assembleias de professores em todo o estado aprovaram greve para combater essa política assassina imposta pelo governador João Dória. Para se ter uma ideia do que está por vir com a reabertura, mais de 100 casos de infecção foi o saldo de uma única semana de planejamento presencial para a reabertura das escolas. Isso sem o fluxo dos estudantes, que são a maioria nas escolas. Pelo menos sete escolas da rede estadual de São Paulo tiveram que interromper o processo, com diretores, professores e outros funcionários infectados, alguns deles internados em UTIs.
Os resultados desastrosos da reabertura das escolas em outros estados, como o Amazonas, ou até em países imperialistas como Estados Unidos e Reino Unido, não merecem atenção do governador “científico” BolsoDória. Manaus foi a primeira capital brasileira a adotar a reabertura e agora vive uma tragédia enorme, no meio da qual foi descoberta uma nova variante do vírus, que é mais transmissível e já se espalhou por outras regiões do Brasil.
Menos de duas semanas após a reabertura da rede estadual de ensino, em agosto de 2020, quase um terço dos professores testou positivo para Covid-19. Um estudo realizado por pesquisadores da USP levantou que entre março e outubro, cerca de 76% da população de Manaus foi infectada pelo SARS-CoV-2. Um trágico exemplo da inviabilidade da contenção do vírus pela chamada “imunidade de rebanho”, estimada em 66%. Após o caso Manaus, esses pesquisadores propõem que o índice de contaminação que traria a tal imunidade de rebanho seria superior a 90%, o que implicaria em muito mais mortes e mais pessoas com efeitos colaterais provocados pela doença.
Enquanto BolsoDória surfa na onda de propagandas em torno da vacinação, segue a pleno vapor com a irresponsável e criminosa reabertura das escolas. Nada de vacina para estudantes e profissionais, suas vidas não importam mais do que as diretrizes impostas pelos bancos ao mundo todo. É preciso movimentar a economia, mesmo que isso represente mais algumas centenas de milhares de mortos.
Somente no Brasil e em números oficiais estamos próximos de 250 mil mortos em decorrência da Covid-19. O estado de São Paulo, governado pelo pretensamente científico João Dória, registrou oficialmente mais de 50 mil destas mortes. O patamar atual de mortes diárias está no mesmo nível de junho/ julho de 2020, acima de mil pessoas morrendo a cada dia no país. Vale somar a estas macabras estatísticas que diversos países, incluindo o Brasil, bateram recordes de mortes diárias no primeiro mês de 2021, o que contribuiu para o recorde de mortes diárias em nível mundial.
Ato contra a volta às aulas na escola Álvaro de Souza Lima
Escola localizada em São Silvério é palco de ato entre…Posted by PCO – Partido da Causa Operária on Monday, February 8, 2021
Essa dura realidade contrasta com a injustificável pressa pela reabertura das escolas. Se a vacina está tão próxima como tanto propagandeia BolsoDória, por que não esperar a ampla vacinação antes de voltar a aglomerar as pessoas nas escolas, transportes escolares e atividades econômicas relacionadas?
Diante da resistência dos trabalhadores da educação, o governador genocida ameaça com o corte de ponto. É preciso radicalizar para enfrentar esse absurdo e interromper o trabalho remoto até que o trabalho presencial seja completamente suspenso. É preciso unir forças em nível nacional para barrar esses governos que são meros marionetes do capital internacional. Para isso, pressionar a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) a convocar uma greve geral da educação é uma tarefa importantíssima, organizações de abrangência nacional podem ser veículos decisivos para uma luta dessa envergadura.
Como potenciais vítimas dessa tragédia anunciada, os estudantes precisam superar a vacilação das direções do movimento estudantil e mostrar a força da juventude nas ruas. Enquanto setores da esquerda insistem na ladainha de que não podemos nos mobilizar devido ao perigo da Covid-19, a reabertura das escolas está sendo imposta e isso significa milhares de aglomerações diárias. Não dá para esperar que esses setores que se preocupam apenas com o próprio bem-estar entrem em ação, é preciso organizar a luta concreta para evitar uma nova escalada nas mortes.
A corrente Educadores em Luta/ PCO está em movimento, organizando uma greve ativa, visitando as escolas e formando comandos de greve. Tomando todos os cuidados necessários, mas recusando a postura passiva de restringir a luta às redes sociais. A luta política popular acontece nas ruas.
Volta às aulas só com o fim da pandemia e com vacina para todos! Fora Bolsonaro, Dória e todos os governos golpistas e assassinos, inimigos da Educação e da população!