No presente texto, serão abordados alguns fatos da trajetória política do Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. A necessidade de escrever sobre Leite se deu devido a suas ambições atuais de poder, já que ele disputa as prévias internas para ser o indicado do PSDB para concorrer à presidência da República em 2022.
Pois bem, apesar da forma retórica de Eduardo Leite ser diferente da de Bolsonaro, na política prática e objetiva eles são extremamente parecidos, há uma característica que os une umbilicalmente, esses dois cidadãos são inimigos dos trabalhadores, dos servidores públicos, dos famintos, dos sem-terra, dos sem-teto, dos brasileiros de uma maneira geral.
Eduardo Leite começou seu caminho político no movimento estudantil, ainda na escola, aparentemente foi talhado desde cedo para ser político profissional, pois é filho de político e sua família tem influência entre os mais abastados do município de Pelotas, sua terra natal. Bacharel em direito, filiou-se ao PSDB em 2001 e concorreu a vereador de Pelotas pela primeira vez em 2004, nessa ocasião não logrou êxito.
Em seguida, fez parte da administração municipal, sendo chefe de gabinete nos governos de Bernardo de Souza (PPS) e de Fetter Júnior (PP) militante da Arena entre 1972 e 1979. Frisa-se isso para demostrar que Eduardo Leite sempre fez parte de grupos políticos ligados ao autoritarismo e a opressão do povo. Cabe ressaltar que apenas uma vez na história de Pelotas houve um governo do Partido dos Trabalhadores, com Fernando Marroni (2001-2004). Aos 23 anos, em 2008, Leite elegeu-se vereador em Pelotas
Em uma manobra ousada, com apoio do prefeito reacionário Fetter Jr., onde antes das eleições nem era mencionado como um dos candidatos fortes, Eduardo Leite foi eleito prefeito de Pelotas no segundo turno em 2012, com todo apoio da direita local contra a candidatura do PT como é de praxe, uma das figuras nacionais tucanas que foi até Pelotas prestar apoio a Eduardo foi o senhor Aécio Neves. Leite permaneceu no cargo durante todo o mandato e elegeu sua sucessora a vice-prefeita Paula Mascarenhas (PSDB).
Se dizendo contrário à reeleição, apesar de ser uma criação de seu correligionário FHC, Eduardo Leite concorreu a governador do RS em 2018 onde sagrou-se vitorioso no segundo turno, sempre vale lembrar que Eduardo Leite apesar de um discurso escorregadio apoiou Bolsonaro em 2018. Até hoje compõe seu governo 4 secretários bolsonaristas. O adversário de classe da burguesia é representado nas eleições pelo PT e sempre que houver a oportunidade, seja quem for o candidato, os representantes do capital se abraçam para impedir a assunção de um governo petista, porque uma gestão que promova aos pobres o mínimo de direitos é algo inaceitável para a direita, seja ela bronca como Bolsonaro ou “educada” como Eduardo Leite.
Após a prévia biografia política do Bolsonaro dos pampas, é vital explanar como esse cidadão se comporta com o poder, apesar de sua nova faceta identitária, explicitada recentemente quando revelou de forma oportunista sua homossexualidade, após 17 anos de vida pública, o fez em um programa da globo em rede nacional, pelo fato de saber que essa agenda identitária dissociada da luta de classes é uma armação do imperialismo para confundir militantes desatenciosos da esquerda e para criar um escudo contra ataques políticos contra esses segmentos. Veja-se que em qualquer debate atual as mulheres, os negros, os lgbts algozes do povo se utilizam desse discurso para se vitimizar sempre que são criticados politicamente.
A classe trabalhadora tem compromisso com as lutas dos negros, homossexuais e mulheres desde que essas lutas tenham por finalidade a defesa de pessoas que sejam oprimidas pelo modo de produção capitalista. As “minorias” militantes do PSDB, DEM, PDT e essa fauna toda de partidos patronais, deve receber o tratamento, por parte dos trabalhadores, de adversários políticos e inimigos do povo, independentemente de seu sexo, etnia, religião…
Como governador, Eduardo Leite já privatizou mais de 20 empresas estatais gaúchas, e ao que parece ele não pretende parar de saquear as riquezas do povo do Rio Grande do Sul para entregar de mão beijada grandes empresas produtivas para os capitalistas, claro que como um bom tucano essa é uma prática conhecida, os políticos do PSDB entregam as riquezas públicas e depois ganham mais aliados políticos que financiem suas campanhas. Leite já é o governador que mais privatizou na história do Rio Grande do Sul.
Dentre as principais estruturas privatizadas até o momento, estão a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) e a Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-T). No fim de outubro o Palácio Piratini vendeu pelo lance mínimo de 927 milhões de reais a Companhia de Gás do Rio Grande do Sul (Sulgás), não houve concorrência no leilão, agora o governo se prepara para privatizar em breve a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
Todas as empresas citadas sempre foram lucrativas, empregavam milhares de trabalhadores, além de pertencerem a setores vitais para qualquer população e eram bandeiras de orgulho do povo sul-rio-grandense. Não bastasse isso, Eduardo Leite, privatizou diversos parques e zoológicos, também a rodoviária de Porto Alegre.
Mas o rapaz acha pouco, pois a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) criada no governo de Tarso Genro (PT) será extinta, para dar lugar a 22 “concessões” de pedágio para empresas privadas, também serão vendidos 200 prédios pertencentes ao Estado do Rio Grande do Sul.
Ainda como prefeito de Pelotas, o hoje governador “científico” negligenciou os exames de pré-câncer para milhares de mulheres, dando falso negativo, porque o procedimento era feito por “amostragem” desde 2012. Os exames eram realizados pelo laboratório Serviços Especializados de Ginecologia (SEG) o qual não recebia nenhuma fiscalização da prefeitura. Depois de revisados os exames após o escândalo vir a baila, dezenas de mulheres estavam com câncer e haviam testado negativo pelo laboratório, o que causou a morte de algumas delas devido a demora para tratar a doença, porque de acordo com o laboratório essas pessoas estavam saudáveis. Infelizmente, esse caso como o de improbidade administrativa contra Leite por ter contratado os serviços de assessoria da empresa Falconi, que gerou prejuízos as finanças da cidade e o seu modo bolsonarista de tratar os funcionários públicos e os sindicalistas de Pelotas até agora não lhe causaram nenhum dano político ou jurídico. Sabe-se que a justiça brasileira blinda pessoas importantes da direita e se dedica a perseguir a esquerda ou pessoas comuns que expressem suas opiniões em redes sociais. Até agora não se consegue observar nenhuma diferença significativa na política de Bolsonaro e Eduardo Leite. O governador gaúcho que desde o começo da pandemia se diz tão preocupado com a saúde da população, quando governava Pelotas, um dos municípios mais ricos do RS, num ranking de investimento em saúde de 497 municípios gaúchos, Pelotas ocupa a posição 493 em investimentos em saúde, quando Eduardo Leite assumiu a prefeitura em 2012 o investimento em saúde era de 21% do erário, ao fim de seu mandato o investimento era de 15%. Apenas quem não acompanha a política de forma próxima acredita em farsantes como o governador do Rio Grande do Sul, que é uma mãe afetuosa com os empresários e um Hitler com os trabalhadores.
Em 2018, Eduardo Leite se apresentou como candidato a governador dizendo que não era nem de esquerda, nem de direita, mas logicamente apoiou Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais e no primeiro turno não fez questão de expor enfaticamente seu apoio ao candidato tucano Alckmin, já que poderia lhe resultar em perda de votos.
Como muitos, Leite fala em estar arrependido pelo apoio a Bolsonaro, mas sempre deixa claro que nunca votaria no PT, então não se entende o ataque dele ao Bolsodória, pois ele e seu colega governador de São Paulo agem de maneira idêntica.
Se deve conhecer os inimigos, Eduardo Leite já ganhou 2 eleições que entrou como azarão, em 2012 o programa da rede globo fantástico fez uma reportagem sobre Eduardo ser o prefeito mais bonito do Brasil, é um afiliado político do tenebroso FHC, embora este apoie dória nas prévias do PSDB, prévias estas transmitidas pelo grupo globo aos moldes do sanguinário Partido Democrata dos Estados Unidos.
A burguesia e o imperialismo preferem eleger o candidato do PSDB em 2022, se pudessem tirar Lula do segundo turno seria o paraíso para essa gente, mas a manobra é quase impossível porque Lula tem historicamente 30% dos votos do eleitorado brasileiro. O capital financeiro gostaria que o próximo Presidente do Brasil fosse o Bolsonaro identitário dos pampas, mas se não der todos se unem ao Bolsonaro original de novo.
No mundo não há nada mais evidente que a luta de classes, por isso não ser manipulado por burgueses broncos ou burgueses com etiqueta é fundamental para que o povo para de brigar para comer ossos, tenha emprego, saúde, condições materiais e uma vida digna. Portanto, ou é Lula Presidente ou o povo brasileiro vai definhar até não aguentar mais esses algozes da população. Todo governante que não garante as condições mínimas de dignidade ao povo é um criminoso lesa-pátria, ou um genocida como é de praxe alcunhar Bolsonaro, mas se adverte aqui que de Bolsonaros genocidas o PSDB está cheio.
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