O ato nacional de 1º de Maio na praça da Sé, região central de São Paulo, ocorrido no último sábado foi coroado de pleno êxito, resultado de um trabalho abnegado de organização, determinação e ação da militância do Partido da Causa Operária, dos Comitês de Lutas contra o golpe que conseguiram reunir cerca de 2 mil pessoas, entre militantes políticos e trabalhadores.
O ato do final de semana agora é um marco, um divisor de águas entre a política vitoriosa do último sábado e a política do “Fique em casa” ou esconda-se embaixo da cama, como muito bem relembrou Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, ao se referir, durante sua fala no ato, à política de inércia de um amplo espectro da esquerda nacional. Essa esquerda, que vai de setores direitistas do PT, do PCdoB, passando pelo PSOL e chegando até àqueles que se dizem revolucionários como o PSTU e a UP, e tornou-se um grande obstáculo à luta dos trabalhadores contra o fascismo em marcha no país e seus resultados, a morte e a fome do povo brasileiro.
O PSTU e a UP, que se colocam no campo da “revolução”, realizaram uma semana atrás uma live virtual chamada pelos partidos frente amplistas da direita e da esquerda, conjuntamente com Kim Kataguiri e o parlamentar pornô Alexandre Frota. O que dá a dimensão da desorientação desses setores, que assim superam a esquerda reformista, que vai do PSOL ao PT. O PSTU foi aquele do “Fora todos!” que pediu o impeachment de Dilma Rousself em 2015. também denunciou o ato virtual das centrais no 1o de maio por se unir aos algozes do povo (apesar de uma semana atrás estar confundindo a cabeça da militância com o café da tarde junto à Frota e Kim), mas juntamente com sua central sindical divisionista, também realizou uma live, se mostrando avesso à mobilização da classe trabalhadora para derrotar a direita.
Já o PSOL, com sua direção e com Guilherme Boulos, que de maneira importante se colocaram como grandes obstáculos à luta dos trabalhadores nos últimos 12 meses, também continuaram a propagandear o fique em casa. É necessário lembrar o papel decisivo que tiveram ao enterrar o movimento das torcidas de futebol que em maio do ano passado se levantaram contra a política do fique em casa, foram para as ruas em todo o país e que na Avenida Paulista teve seu ápice quando mais de 5 mil torcedores fizeram a direita e os coxinhas vazarem das ruas. Um de seus líderes, Guilherme Boulos, o homem que negociou com a PM o direito dos fascistas se imporem na Avenida Paulista, reforçou na live de seu partido no 1° de Maio que, “hoje não podemos tomar as ruas e praças como gostaríamos” mas que “assim que for possível vamos encher as ruas”. Gigantesca demagogia e mentira, pois há 6 meses atrás, durante as eleições, estava ele candidato a prefeito, auxiliar da direita, que o usou para derrubar o PT nas eleições municipais, e toda militância eleitoreira nas ruas de São Paulo, em plena pandemia, como se não houvesse vírus.
Nesta luta do dia internacional dos trabalhadores, o PCO havia marcado o ato para a avenida paulista, mas sob o pretexto do acordo estabelecido com Boulos no ano passado para dividir a Avenida Paulista com os bolsonaristas, a Polícia Militar de Dória impediu o Primeiro de Maio deste ano na principal via da cidade de São Paulo e a entregou para os fascistas realizarem um ato grotesco a favor de Bolsonaro e contra os direitos dos trabalhadores.
Entre os setores reformistas, a ala mais direitista do PCdoB, que edita o jornal Hora do Povo – ex-PPL, mostrando seu papel de sapa, entre as organizações de trabalhadores, acusou a CUT de vetar o vídeo de João Dória para beneficiar Bolsonaro. Afirmou era “lastimável” e seria uma “sabotagem” da CUT o corte do político que sempre se destacou por chamar trabalhador de vagabundo e jogar água em moradores de rua durante o duro inverno paulistano. O PC do B que tem se transformado em caro chefe da esquerda a favor da frente ampla, seguindo sua política, fez com a UNE(União Nacional dos Estudantes), por ele dirigida, se transformasse num gigante adormecido, que além de deixar os estudantes desmobilizados, ainda defendeu a política de Bolsodória, fazendo campanha para que os estudantes voltassem para as salas de aula para elevar o contágio da pandemia e colocar em risco milhões de famílias no país. Não se faz necessário explicar mais o porquê da defesa do fique em casa destes.
Já o Partido dos Trabalhadores, que há anos vem sendo dirigido pela ala mais direitista do partido e da burocracia sindical, adeptos da política de frente ampla, como já mostraram vários dirigentes petistas, como Rui Costa, governador da Bahia e Fernando Haddad, ao acariciar a direita e ao menos momentaneamente receber afagos fascistas, com o interesse de que o PT esqueça Lula, como o único que pode derrotar Bolsonaro, realizou o maior e vergonhoso papelão político colocando os ex-presidentes Lula e Dilma a participar da live do dia dos trabalhadores com golpistas da estirpe de Fernando Henrique Cardoso e Ciro Gomes.
É inadmissível que o maior Partido Político de Esquerda do país, que sofreu um golpe de Estado, se reúna com seus algozes no dia de luta da classe trabalhadora mundial, ao invés de utilizar a CUT e seus mais de 3 mil sindicatos e colocar os trabalhadores nas ruas para lutar contra o genocídio e a fome que mata no país.
Tal situação expressa a postura vacilante da ala lulista do PT diante das pressões que sofre da ala direita, dos outros setores direitistas da esquerda e também da burguesia.
Esta pressão da direita, leva o PT a se subordinar à política irá derrota-lo, se afastando da única força capaz de manter vivo o PT e colocar Lula na presidência, os trabalhadores. Exemplos disso, foram vistos no grande ato do 1º de Maio classista, independente, de luta e operário na Praça da Sé. As milhares de pessoas presentes, que em sua maioria, são eleitoras de Lula, , gritaram inúmeras vezes “Lula, Lula” ou “Lula presidente”. Inclusive com alguns militantes que colocaram pra correr provocadores que foram ao ato, chamar Lula de ladrão.
No caminho contrário de todos os partidos citados acima, se contrapondo diretamente ao ato virtual organizado pelas centrais o PCO, os comitês de Luta, juntamente com militantes da esquerda do PT, da CUT, dos Petroleiros, organizações como a Frente Nacional de Luta (FNL), liderada por José Rainha, Partido Operário Revolucionário (POR), Liga Operária Internacionalista (LOI), Apeoesp, além de companheiros que se destacaram nos últimos tempos na luta contra o fascismo como André Constantine, militante do PT e um dos líderes nacional do movimento em defesa da população pobre contra a repressão policial; padre Júlio Lancelotti, conhecido por ter ido pessoalmente destruir as pedras colocadas pelo governo do PSDB em São Paulo, que impediam que os moradores de rua tivessem um local para dormir, além de promover ações sociais; Charles, presidente do diretório zonal do PT em São Paulo, , entre outras organizações.
Todos estes realizaram àquele que ficará marcado na história como o ato de ruptura com as políticas de conchavos das direções do movimento operário com os representantes dos capitalistas.
O ato do último sábado, já tem um impacto político superior anos luz, às carreatas, panelaços, twitaços de todo o último ano e das lives do último fim de semana.
A mobilização para o 1º de maio foi um enorme sucesso. De todas as regiões do país, dezenas de pessoas se mobilizaram rumo a São Paulo para participar da manifestação, as caravanas que vieram de várias regiões do país, através de campanhas financeiras, como o adote um militante, através de vendas de materiais, de brindes a cervejas artesanais, levantaram importantes recursos financeiros, para a presença de várias organizações como os Comitês de Luta de Curitiba e Região, Comitês de Luta do interior de São Paulo e do Nordeste e Centro Oeste do país. Assim também se deu em São Paulo, com contribuições de centenas de companheiros e trabalhadores deram a sustentação financeira ao ato, que teve caminhão de som, bateria, grupo de música “Mistura Popular”, centenas de bandeiras, bandeirões, faixas, tudo organizado com ampla campanha militante.
A manifestação, a maior realizada desde o início da pandemia por parte da esquerda fez o ato nacional do 1º de maio na praça da Sé mostrar com todas as letras que, não só é possível fazer, como é urgente colocar toda a classe trabalhadora e suas organizações de luta nas ruas.
Não fosse a nossa manifestação dos trabalhadores, o 1º de maio nacional iria ser tomado pela extrema-direita fascista, com a complacência de toda esquerda pequeno burguesa. Porém, com a organização do 1º de maio na Praça da Sé as ruas foram tomadas pela classe trabalhadora, mostrando que a população é a sua verdadeira dona.
O primeiro passo foi dado, o 1º de maio foi fundamental para impulsionar o movimento dos trabalhadores, agora é necessário continua-la, mobilizando cada vez mais a classe trabalhadora e a população para pôr para fora o governo Bolsonaro e garantir a candidatura de Lula e Lula presidente.