No primeiro de maio deste ano, a extrema-direita fascista, que defende as torturas da ditadura militar, o massacre do povo negro e os ataques aos sindicatos e ao movimento operário em geral, decidiu organizar o seu próprio ato. A extrema-direita nunca defendeu os trabalhadores, nem mesmo está muito interessada em fazer demagogia com isso: marcaram uma manifestação tão somente com o objetivo de provocar a esquerda, que há mais de um século celebra o primeiro de maio como um dia internacional de sua luta contra a burguesia.
O grupo que está chamando o ato de primeiro de maio da direita é chamado de “Dama de Ferro” — uma clara alusão à direitista Margareth Thatcher, uma das chefes de Estado que mais castigou os trabalhadores ingleses no último período. Seu nome, até os dias de hoje, é lembrado em qualquer debate sobre a política de terra arrasada conhecida sob a alcunha de “neoliberalismo”. E todo mundo sabe quem vai participar do ato: o único núcleo direitista que está mobilizado, os bolsonaristas.
A provocação não tem outro fim a não ser colocar os trabalhadores na defensiva e parte justamente de um problema político muito importante da atual etapa: a maioria das organizações da esquerda nacional se encontram totalmente paralisadas. Não fosse assim, a direita não ousaria colocar a cabeça para fora de casa no dia internacional de luta da classe operária. No entanto, ela não só está colocando a cabeça para fora de cabeça, como está conseguindo ir além.
Embora as direções das principais organizações estejam paralisadas, os setores mais conscientes, organizados em torno do Partido da Causa Operária e dos comitês de luta, estão convocando um ato de primeiro de maio classista e socialista, com a expectativa de milhares de pessoas. E como a extrema-direita é covarde, só fala grosso com quem é mais fraco que ela, a Dama de Ferro não está disposta a fazer um ato no mesmo lugar e no mesmo dia em que estarão os setores revoltados com o governo Bolsonaro. Por isso, foram para debaixo de um guarda-chuva que sempre está a sua disposição quando a polarização política aumenta: a direita nacional.
João Doria, outrora chamado de “civilizado” e “científico”, resolveu mobilizar todo o aparato que detém enquanto governador do Estado de São Paulo para impedir que a esquerda se manifeste na Avenida Paulista e, portanto, para deixar o caminho livre para a extrema-direita. Baseando-se em uma lei escrita por eles mesmos, Doria, a Polícia Militar e o Judiciário tucano afirmaram que quando a direita e a esquerda marcam um ato, quem marcar primeiro terá direito a usar o espaço, enquanto o outro será escorraçado pela polícia se ousar aparecer.
Esse é um critério, obviamente, burocrático e completamente antidemocrático. Afinal de contas, quem vai determinar quem marcou um ato primeiro? Evidentemente que o próprio Judiciário, que é de direita, deixando de lado aquilo que deveria ser de mais importante: o que é de fato de interesse do povo. Se o dia dos trabalhadores é dos milhões e milhões de trabalhadores, pouco importa se é as organizações dos trabalhadores que reivindicam a Avenida Paulista ou um grupinho de inimigos do povo, o que importa é o que o Judiciário decidiu.
A arbitrariedade do aparato tucano que controla o Estado de São Paulo deixa uma importante lição: aqueles que depositam suas esperanças em uma aliança com golpistas como João Doria irão quebrar a cara. É o caso, que se pese, das direções das maiores organizações da esquerda nacional, que não só se omitiram de sair às ruas, como convidaram o próprio João Doria para uma atividade virtual no dia dos trabalhadores!
Em contraste com a política da frente ampla com Doria e a direita, o PCO e os comitês de luta seguem na convocação do primeiro de maio, convocando os trabalhadores de todo o País. O ato acontecerá às 14h, na Praça da Sé.