O governo Bolsonaro trocou o interventor na reitoria da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), dispensando a professora Mirlene Ferreira Macedo Damazio do cargo de reitora temporária, onde exerceu por 1 ano e 8 meses. No mesmo ato, foi designado para o posto o professor de matemática Lino Sanabria. Tanto Mirlene quanto Lino Sanabria são chamados muito corretamente de interventores pela comunidade acadêmica por terem sido nomeados mesmo tendo reitor já escolhido em processo eleitoral reconhecido pela Justiça Federal.
A interventora Mirlene ocupava o posto desde junho de 2019, quando venceu o mandato da última reitora eleita da universidade, Liane Calarge. Porem, em junho , o governo de Bolsonaro ignorou a lista tríplice elaborada após eleição na UFGD, que elegeria o Professor Etienne Biasotto, e sob a interferência do ministro da educação Abraham Weintraub colocou novamente Mirlene como reitora temporária, constituindo então a primeira intervenção do governo federal a UFGD. Vencedor da eleição, Biasotto encabeça a lista tríplice em conjunto com outros dois nomes que compõem o documento ignorado pelo MEC são os professores Jones Dari Goettert e Antonio Dari Ramos. Ja o MEC alegou que não nomearia nenhum deles porque a eleição estava sendo “contestada” na Justiça pelo MPF (Ministério Público Federal). Meses depois, mais uma intervenção do governo federal resulta na rejeição da lista tríplice eleita e a nomeação de um novo interventor, Lino Sanabria.
Biasotto, o reitor eleito há quase dois anos, mas que até agora não conseguiu assumir o cargo, continua a recorrer ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região para ser empossado pelo Ministério da Educação, pedindo a definição de prazo por parte do Tribunal golpista para o Governo Bolsonaro cumprir a decisão da Justiça Federal que reconheceu a eleição interna. Não podemos manter ilusões de que isso acontecera com qualquer facilidade. Vendo os casos de dezenas de outras universidades de grande porte tento suas eleições internas rejeitadas e ignoradas, abrindo portas para que reitores “temporários” ou não eleitos que possuam alguma ligação com o governo Bolsonaro administrem as atividades universitárias, e por fim, a comunidade estudantil e cientifica. Vemos golpes como este na UFRJ, UFRGS,UFC,UFES, Unirio,UFS, e muitas outras.
A maneira principal de enfrentar a crescente onda de intervenções características do governo Bolsonaro é a mobilização popular das categorias estudantis contra a violação direta da capacidade democrática dentro da universidade. É por isso que o PCO defende o governo tripartite e a autonomia universitária para que a comunidade acadêmica possa escolher seus representantes de forma autônoma.