Em mais uma demonstração de arbitrariedade do Judiciário brasileiro, o Ministério Público Federal (MPF) pediu na última sexta-feira, 19, à 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília um novo decreto de prisão preventiva para Walter Delgatti Neto, principal investigado da operação Spoofing, da Polícia Federal. Segundo a procuradora que entrou com o pedido contra Delgatti Neto, o “hacker” vem descumprindo medidas cautelares que permitiram a ele deixar a prisão, entre as quais conceder entrevistas.
Em entrevista à TV 247, na última terça-feira, 16, o hacker revelou que o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso era uma espécie de “conselheiro” do procurador Deltan Dallagnol. Pois bem! Não tardou para que Delgatti Neto fosse coagido pela burocracia do Judiciário. Afinal, quando o assunto é o nefasto conluio entre procuradores e juízes, tudo deve ser mantido sob as vendas da deusa Justitia e a proteção dos pretensos deuses do Olimpo (leia-se ministros do STF). Ao destacar o papel do STF na operação fraudulenta conhecida como Lava Jato, o hacker parece ter cutucado as onças do judiciário golpista com vara curta. De acordo com a procuradora Melina Castro Montoya Flores, Delgatti Neto “vem descumprindo uma das medidas cautelares, notadamente a proibição de acesso e uso da rede mundial de computadores, internet”.
Deflagrada a operação da PF contra os responsáveis pela invasão dos celulares dos paladinos da justiça, foram estabelecidas uma série de medidas de cerceamento onde os réus seriam submetidos a monitoramento eletrônico, proibidos de manter contato com quaisquer dos demais e de contatar testemunhas, além de não poderem mais acessar endereços eletrônicos pela internet, redes sociais e aplicativos de mensagens. Até aí, Delgatti Neto não teria descumprido nenhuma exigência. E no caso da entrevista, esta fora concedida pelo advogado a partir do escritório de advocacia.
Este argumento, porém, não foi suficiente para a procuradora. Segundo Montoya, “tal argumento não pode ser aceito. É um jogo de palavras na tentativa de afastar violação da medida cautelar acima descrita ao afirmar que o réu não está usando o que está usando pois, naquele momento, não teria sido ele o responsável por apertar os botões que permitem o funcionamento do sistema”. Ainda segundo a procuradora, o fato de o acesso não ter sido feito diretamente por Delgatti Neto “é desimportante, pois a decisão é clara quanto à proibição de não acessar a internet, de forma direta ou indiretamente com a ajuda de terceiros, e que o uso de videoconferência apenas poderia ocorrer para compromisso com a Justiça”. Neste caso, “permitir que Walter continue em liberdade acarreta insegurança à ordem pública, sustentando, assim, a emissão de um novo decreto prisional”, conclui a promotora.
Trata-se claramente de uma ditadura e de perseguição política na tentativa de calar o cidadão e a própria imprensa pois as informações comprometem os interesses do próprio Ministério Público e do Judiciário.
Com o regime desmoronando, o bastião do golpe de Estado encontra-se em completa falência e desmoralização. Atuando em conjunto em todas as esferas (MP, STF e Juízes e desembargadores) o Judiciário vem implementando uma verdadeira ditadura no País. A censura à liberdade de expressão de Delgatti Neto é uma flagrante ação despótica da procuradora. O réu não pode nem dar entrevista. Toda essa manobra busca evitar ainda mais a desmoralização da operação Lava Jato e do STF, responsáveis pelo golpe de Estado de 2016. Querem impedir que seja dita a verdade para desmascarar a Lava Jato e a farsa que levou Bolsonaro à presidência. Na atual conjuntura, não há nem sombra de “democracia” e as liberdades democráticas só valem se forem para defender as arbitrariedades dos sicofantas de toga. O caso do hacker é uma clara demonstração do avanço de um regime ditatorial no País.