Com a chegada da pandemia no Brasil, em março de 2020, mudanças abruptas nas rotinas de toda a população trouxe o ensino a distância para dentro dos lares de muitos estudantes. Seria quase que uma testagem a nível global da eficiência do homeschooling (um modelo de educação domiciliar adotado por famílias que querem educar seus filhos fora da escola). Passados 6 meses de aulas remotas, empresários do ramo da educação e pais de alunos, principalmente de escolas particulares, passaram a protestar pelo retorno das aulas presenciais alegando perdas para os alunos no rendimento pedagógico, sociabilidade, saúde mental e outros fatores, além de defenderem que o ambiente escolar é seguro sob o ponto de vista da transmissão do Coronavírus.
Mas porque pedir tanto para retornar se todos ainda não estão protegidos contra a Covid-19? O fato é que muitos empresários do ramo da educação, pensando em seus lucros, perceberam, após reclamações de pais em tentativas de reajustes das mensalidades em 2020, que enquanto haver aulas remotas não será possível ampliar seus ganhos, além disso, teria problemas com o marketing, pois suas estruturas diferenciadas não poderiam ser utilizadas para atrair novos alunos e mais uma vez ampliar seus lucros.
Como um efeito de lavagem cerebral, pais e empresários (donos das escolas) passaram a atuar sob o ponto de visão dos alunos, aliciando-os para cobrarem junto a eles o retorno das aulas presenciais. Com as políticas restritivas barrando psicologicamente e paralisando a esquerda pequeno burguesa, entidades estudantis passaram a ser alvos fáceis de serem manipulados pelos grandes capitalistas do ensino.
Em Natal-RN, na última quarta-feira (05), uma manifestação feita por representantes de grêmios estudantis das escolas particulares da capital potiguar expôs os frutos da política de paralisa da esquerda e a possessão das mentes dos alunos, agora manipulados pelos patrões do ensino.
As entidades pelegas desconsideram os riscos de contração e propagação do vírus sob justificativas frágeis e sem cobrar vacinas, ações efetivas e políticas sérias de combate e enfrentamento a pandemia, como é possível observar na fala do estudante João Manoel Lopes de Sousa Ribeiro, presidente do Grêmio estudantil Ayrton Senna, representando uma das escolas particulares presentes na manifestação. Para ele é importante uma manifestação partindo deles, representantes dos estudantes, pois até o momento não havia um posicionamento formal das direções estudantis. Ele também afirmou que difundirá nas redes sociais um manifesto a favor do retorno presencial.
Sem sequer cobrar vacinação em massa, sem se importar com os demais funcionários que compõe o ambiente escolar, com a frieza do pensamento capitalista e da burguesia conservadora que pouco se importa com o colapso no sistema de saúde e as mais 420 mil vítimas fatais da pandemia e sem a atuação enfática da luta estudantil pelos direitos básicos, que foram paralisados pelas políticas de temor a manifestações, direções estudantis passam a ser dominadas e a se demostrar manipuláveis pelos patrões que se utilizarão desse posicionamento e falas representativas para fazer propaganda da volta as aulas presenciais. Vamos sair dessa letargia e agir esquerda!