Na última sexta (26), a norte-americana Pam Keith, ex-militar da marinha, que concorreu às eleições parlamentares de 2020 pelo Partido Democrata, teceu críticas ao atual presidente ilegítimo do Brasil, Jair Bolsonaro, sobre a questão da pandemia da COVID-19. Nas redes sociais ela propôs uma intervenção internacional no Brasil, liderada pelos Estados Unidos da América (EUA).
Parece estar havendo alguma confusão porque apesar de que algumas pessoas estão tratando essa senhora como “congressista” ela não ocupa nenhum cargo público eletivo nos Estados Unidos. Pam Keith concorreu a uma cadeira para a câmara dos deputados em 2020 e perdeu. Em 2018 também concorreu ao mesmo cargo e foi derrotada logo nas primárias. Em 2016 concorreu a uma cadeira do senado e foi igualmente derrotada. Todas as suas tentativas de se eleger foram pelo estado da Flórida. Portanto Pam Keith é uma cidadã estadunidense como qualquer dos outros 332.410.303 (dados da Organização das Nações Unidas – ONU) cidadãos daquele país.
A manifestação provocou algumas reações diversas entre personalidades da oposição brasileira, como a cineasta Petra Costa, o historiador Jones Manoel e o blogueiro Felipe Neto. A primeira rechaçou de plano qualquer ideia de intervenção e qualificou a manifestação de imperialista. O segundo lamentou que os Estados Unidos não enviassem qualquer ajuda ao Brasil, como vacinas e equipamentos hospitalares. O terceiro pareceu endossar a manifestação. À resposta juntou um vídeo seu publicado pelo New York Times durante a campanha presidencial no qual ele, após expor as mazelas do governo Bolsonaro, pede aos eleitores estadunidenses não votem em Donald Trump. Solicita então que Keith faça chegar sua mensagem ao presidente e à vice-presidente dos Estados Unidos.
O Brasil tem perfeitamente condições materiais para dar resposta à pandemia da COVID-19. A noção de que os Estados Unidos deveriam intervir é uma manifestação de uma mentalidade colonizada. Pior ainda, pedir que essa pessoa interceda perante as autoridades norte-americanas para que intervenham no Brasil é um ato de traição. Em que pese a irrelevância política da senhora Keith, a disseminação da ideia de que a situação brasileira demanda uma intervenção estrangeira é perigosa e pode indicar uma tendência de setores do imperialismo diante da fracasso da direita brasileira para administrar o caos instalado no Brasil.
A ideia de que os Estados Unidos são a polícia do mundo é senso comum naquele país. A influência dos aparelhos ideológicos muito mais intensa por lá do que no Brasil leva grande parte da população a acreditar que os Estados Unidos vivem sendo ameaçados por inimigos que tiranizam seus próprios países e ameaçam a segurança e a “democracia” norte-americana. Essa visão, por mais ingênua que pareça, é compartilhada pelos círculos da “esquerda” mainstream e identitária, que acredita que os Estados Unidos possuem uma missão “civilizadora” e que suas tropas são mandadas ao exterior para defender valores relevantes, como a democracia e os direitos humanos. A intervenção de potências imperialistas nunca foi e nunca será benéfica a povo nenhum no mundo. É uma ideia que merece o mais veemente repúdio dos que possuem desejo sincero de avançar na luta dos povos por liberdade e justiça.