O mais novo capítulo da crise econômica cruzmaltina envolve novamente o Judiciário. O descumprimento de acordo para pagar dívidas trabalhistas atrasadas e a falta de condições materiais para manter o acordo sacodem novamente o Gigante da Colina.
O parecer do Ministério Público do Trabalho citava atraso no pagamento de salários e não pagamento de verbas rescisórias, FGTS e multa sobre depósitos fundiários. A decisão do desembargador-corregedor, Jorge Fernando Gonçalves da Fonte, revogou o Plano Especial de Pagamento Trabalhista que renegociava acordos anteriores para esses pagamentos atrasados.
Prestes a disputar o primeiro jogo da confusa final da Taça Rio contra o Botafogo, o Vasco disputa o título e o prêmio de R$ 1 milhão em meio a essa nova etapa de crise. Para piorar, as dívidas do clube vão além da folha de pagamentos. Pela terceira vez, uma empresa pede na Justiça a penhora de um valor de pouco mais de R$ 40 mil referentes à compra de areia lavada no começo de 2019. Se conquistar o prêmio do estadual, pode chegar até a não ver a cor do dinheiro.
A crise econômica atinge vários clubes, porém a situação vascaína é mais delicada porque o clube não tem gordura para queimar. Alguns fazem uso de dinheiro especulativo para administrar a crise, mas o Vasco não tem esse artifício para manter seu funcionamento.
Esse é mais um caso que traz à tona a questão da luta pelo controle dos times. O fato é que os times de futebol deveriam ser controlados por aqueles que têm o maior interesse no seu sucesso, ou seja, os torcedores e suas organizadas.
As diversas crises financeiras enfrentadas até por clubes tradicionais do nosso futebol, como o próprio Club de Regatas Vasco da Gama, expõem um problema central na administração das agremiações. Circula muito dinheiro e, enquanto empresários enchem os bolsos, os clubes, vira e mexe, se veem em situações delicadas com suas finanças.
A solução apresentada pela burguesia imperialista é a completa privatização dos clubes. Por isso se fala tanto nos tais clubes-empresa na imprensa capitalista. No entanto, já vimos vários exemplos de como esse é um caminho para a completa desfiguração dos clubes e que quando as coisas dão errado o dinheiro evapora. Quem fica ao lado do clube, incondicionalmente, são os torcedores.
Para salvar o nosso futebol e nossos clubes, que compõem um patrimônio cultural do povo brasileiro, é preciso tirá-los das mãos dos capitalistas e empresários do ramo, que só pensam em lucro. O controle popular dos clubes é o caminho para sua defesa. Somente os torcedores e suas organizações podem oferecer isso aos clubes, pois além de serem os mais interessados no seu sucesso, não o abandonam nas horas difíceis.



