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Capitalismo sem sinais vitais

Covid e agora canal de Suez, crise capitalista apenas amplia-se

Há muito tempo o capitalismo demonstra e que sua engrenagem não tem mais forças e agora, sinais vitais, ela agoniza, sem esboçar reação às adversidades econômicas cotidianas.

O mundo hoje, vive seu pior momento do século, com a Pandemia de Covid-19 que já tirou oficialmente a vida de 2,78 milhões de pessoas e que provocou a maior parada súbita nas atividades econômicas no mundo. Agora, agregando-se a essa problemática e provando que o capitalismo não é mais viável para a economia mundial, o encalhe de um navio no Canal de Suez (Egito), pode penalizar ainda mais a população ao redor do mundo, além de expor as vísceras de um sistema falido e que não sabe lidar com as adversidades.

No início da pandemia, capitalistas, pensando em si e nos seus lucros, questionavam as medidas de isolamento social e a suspensão das atividades presenciais. O resultado visto foi o colapso nos sistemas de saúde, sem precedentes, incontáveis vítimas fatais e o inevitável lockdown, ao redor do mundo.

A falência do capitalismo prova agora mais um sabor amargo da sua inflexibilidade, um navio cargueiro, chamado Ever Given, da empresa Evergreen encalhou atravessado no Canal de Suez, devido a uma falha técnica. A passagem que corta o Egito e interliga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo, inaugurada em 1869, é rota de cerca de 15% do tráfego de mercadorias entre o Ocidente e o Oriente e diminui 9 mil km (cerca de 10 dias) do translado entre os dois pontos, em relação ao caminho alternativo, contornando o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África.

O bloqueio da passagem dos demais navios gera uma enorme preocupação ao sistema capitalista, pois realça sua falência e ineficiência que o torna incapaz de contornar a situação. A demonstração é perceptível na fala de Niels Madsen, vice-presidente de produtos e operações da consultoria dinamarquesa Sea-Intelligence, afirmando que a permanência do bloqueado por mais 3 ou 5 dias, começará a ter ramificações globais muito sérias.

A explicação do analista Lars Jensen é outro exemplo, pois segundo sua análise, considerando o cenário em que os navios estejam cheios, ou seja, 55 mil TEU (contêineres) por dia de carga da Ásia para a Europa, e um bloqueio de dois dias acarretará o atraso de 110 mil TEU de carga, o que provocará um pico de carregamento nos principais portos da Europa, que aumentará o risco de congestionamentos nos portos europeus dentro de uma semana e que o fornecimento de “basicamente tudo o que se vê nas lojas” pode ser “afetado”.

A crise provocada pelo bloqueio do canal já desperta no capitalismo o desejo de explorar ainda mais a população mundial, por meio do aumento no valor de produtos como o gás, a gasolina e demais derivados de petróleo, entre outras mercadorias. Mesmo que apenas cerca de 9% do petróleo mundial total comercializado por mar e 8% do gás natural liquefeito, sejam transportados através do Canal de Suez, essa semana o valor do barril de petróleo teve um aumento em mais de 6%, na quarta-feira.

Além do petróleo, os commodities também estão sendo cotados para terem seus preços ajustados para cima no bolso dos consumidores, sob a alegação de que para escoar tais produtos por outras rotas significa mais tempo, mais combustível e mais custos.

Outro ponto observado pela professora e especialista em negócio marítimo, Soledad Álvarez, diz respeito a possibilidade de sequestros de embarcações por piratas, na rota do contorno do Cabo da Boa Esperança, que somente seria viável aos grandes petroleiros e grandes porta-contêineres que têm uma capacidade de combustível suficiente para fazê-lo, pois, segundo ela, há um grande risco para os navios que precisam fazer escalas para reabastecimento.

Percebe-se por estes eventos extremos, que o sistema capitalista faliu, não consegue ser resiliente, ocasiona na sociedade sucessivas crises que afetam diretamente os trabalhadores, a natureza e a própria economia, além de favorecer ainda mais o desequilíbrio na distribuição de renda expondo milhares a condições sub-humanas, enquanto uma minoria detém fortunas incontáveis.

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