Desde o início dos protestos do movimento Fora Bolsonaro, a base, que era quem estava indo às ruas, teve que travar uma luta intensa contra interesses escusos de setores da direção do movimento, que se tornou uma burocracia conciliadora, que, por ganhos individuais mesquinhos, procura traficar os abutres inimigos do povo para dentro das manifestações. A desculpa esfarrapada é a de que esses setores desclassificados e falidos da política nacional, que não levam ninguém e só espantam quem quer lutar de verdade, trariam mais apelo e mais autoridade à mobilização, coisa que nem no Congresso se mostrou verdade, vista a cumplicidade de setores como o PSDB com o bolsonarismo nas questões institucionais.
Quem está nesta luta desde o começo, quando a esquerda se mostrava acovardada, fechando os sindicatos e se escondendo embaixo da cama até a crise da pandemia passar, pode afirmar sem sombra de dúvida que a base não suporta mais esse abuso que as direções estão praticando contra o movimento Fora Bolsonaro. Todos estão fartos da politicagem barata e das manobras fajutas da coordenação do movimento, que trata uma iniciativa desse porte, que tem o poder de derrubar o governo e dar uma guinada na situação política, como se fosse um DCE de universidade, onde a “cachorrada” come solta e falta de escrúpulos é a norma das disputas políticas.
Visto que o movimento já sofreu abuso o suficiente dessa direção antidemocrática, que se reunia às escondidas e tomava decisões à revelia da base, a vanguarda reunida no Bloco Vermelho tomou a iniciativa de agrupar os setores que desejam levar adiante uma luta séria pelo Fora Bolsonaro. Essa iniciativa é a Conferência Nacional Fora Bolsonaro e Lula Presidente, que acontecerá nos dias 6 e 7 de novembro em São Paulo e agrupará a base do movimento Fora Bolsonaro. Um evento sem patrões, sem direita, sem inimigos do povo, contra a frente ampla e pela independência do movimento.
Essa atitude se mostra essencial na atual etapa, visto que a manobra da frente ampla fracassou, com os inimigos do povo, supostamente “civilizados”, sendo execrados pelo público das manifestações, a exemplo do que ocorreu com o abutre golpista Ciro Gomes, que foi recebido com vaias e lixo sendo jogado ao caminhão de som durante sua fala no ato do 2 de outubro.
Com o fracasso da frente ampla, a direção burocrática, que não conseguiu concretizar seus objetivos, procura desmobilizar o povo, já que agora que seu plano fracassou eles não veem necessidade de manter o movimento vivo. Sendo assim, a conferência nacional se mostra ainda mais importante para a reorganização daqueles que querem lutar por Fora Bolsonaro, e mais, através dessa iniciativa, a reorganização se dará pela base, de modo a trazer o debate para o povo e tornar a política do movimento a política da sua base.
Esse é o primeiro passo para levarmos adiante uma luta de verdade contra Bolsonaro e o golpe de estado de 2016, livres das amarras dos interesses mesquinhos da burocracia que se formou na cúpula do movimento, a reboque da burguesia. Lá discutiremos os mais diversos temas que são importantes para definir os rumos da luta, e colocaremos o poder de decisão nas mãos daqueles que fazer a coisa acontecer
Um dos objetivos fundamentais da conferência é discutir e aprovar um plano de campanha militante, popular e de massas, pela candidatura de Lula à presidência da República, como eixo fundamental da luta contra o golpe. E, assim, pressionar, desde o início, para que essa candidatura esteja subordinada aos interesses e reivindicações dos trabalhadores.