Muito se fala nas manifestações de 2013, que tomaram conta do País. Pouco se entende o que realmente aconteceu ali, três anos antes do golpe de Estado que derrubou o governo Dilma Rousseff.
Aquela mobilização começou como uma grande manifestação popular e de juventude cujo estopim fora o aumento da passagem de ônibus e metrô em São Paulo.
Naquele momento, o governo de São Paulo era ocupado por Geraldo Alckmin, que como bom tucano, apostou na repressão brutal para frear aquela mobilização. A cada ato, mais aparato de repressão e mais violência.
O problema é que a repressão não dava conta de frear a mobilização, que só aumentava. Até que chegou o dia mais importante, o 13 de junho.
Naquele dia, Alckmin decidiu colocar força total contra os manifestantes. A PM bateu em todo mundo. Cegou até repórter da Folha de S. Paulo. Jogou gás pelo centro da cidade toda. Transformou as ruas da capital numa praça de guerra. Os maiores inimigos do Estado eram aqueles estudantes secundaristas e universitários e filhos da classe operária que apenas não queriam que o valor do transporte mais uma vez aumentasse na cidade.
As cenas de brutalidade tomaram conta do País, ao vivo. A burguesia não conseguiu esconder e não conseguiu disfarçar a agressão.
O povo assistia àquelas cenas estupefato e passou para o lado dos manifestantes, como só se vê em tempos de enorme radicalização política. Em tempo real, os telespectadores do programa mais direitista da TV Paulista, do apresentador José Luiz Datena, respondiam “sim” à pergunta se eram favoráveis à manifestações com vandalismo.
Ao invés de conter a manifestação, a repressão da PM de Alckmin fez com que a mobilização transbordasse.
Ali foi a gota d’água. A burguesia percebeu que aquelas manifestações iriam colocar em xeque o regime político no País, em primeiro lugar nos estados dominados pela direita: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Centenas de milhares de pessoas confirmavam presença na próxima manifestação que provavelmente seria um ato gigantesco – como de fato foi.
Vendo o problema, a burguesia tratou de transformar a manifestação no oposto daquilo que era. O governo de São Paulo, de Geraldo Alckmin, viu que não era possível mais reprimir e com a ajuda da Rede Globo e outros órgãos da imprensa golpista decidiu usar outra tática.
Infiltrou policiais à paisana e elementos do lumpemproletariado para atacar a esquerda nos atos. A imprensa começou a dizer que a manifestação era contra a corrupção, ignorando a luta contra o aumento da passagem e a repressão policial. Fernando Haddad, prefeito da capital, acabou ajudando a dar a ideia de que os atos não eram apenas contra o PSDB, já que ele sentou à mesa com Alckmin para conter os atos.
E assim, após reprimir duramente a mobilização, Geraldo Alckmin, do PSDB, ajudou a sequestrar o movimento transformando-o num movimento de tipo golpista, com a introdução de fascistas nos atos.
Essa é a contribuição de Geraldo Alckmin para 2013 e para o desenvolvimento da luta no País. Ele chocou o ovo de onde nasceu o fascismo, de onde saíram os bolsonaristas que serviram de massa de manobra para o golpe e para a eleição de Bolsonaro.