Foi dado um importante passo, com a decisão das principais organizações de luta dos trabalhadores da cidade e do campo, da juventude, dos negros mulheres e demais setores explorados, reunidas na 3a Plenária Nacional de Organização das Lutas Populares no começo desse mês, de sair às ruas no dia 29 de maio.
Essa decisão foi ratificada nos últimos dias por dezenas de encontros regionais, e vai no sentido de quebrar a paralisia que – por mais de um ano – dominou o movimento de luta dos explorados e conjunto da esquerda.
Fica claro que está se operando uma mudança entre os que adotaram como seu o lema da direita “científica”, o “fiquem em casa” e “morra sem lutar”. Uma posição reacionária e distante da realidade da imensa maioria dos trabalhadores que continuou condenada a sair de casa todos os dias para trabalhar e correr atrás da sobrevivência de suas famílias.
O chamado aos atos do dia 29 ocorre sob o impulso de uma clara tendência geral de mobilização presente entre os explorados, manifesta de forma mais consciente e organizada no ato do 1º de Maio de luta, realizado na Praça da Sé em São Paulo. Outras manifestações, assembleias e greves confirmaram expressando a inclinação dos explorados a se rebelarem, a “explodirem” contra os regimes de morte, fome e miséria, no Brasil e em toda a América Latina, como se vê – nestes dias – destacadamente, na Colômbia.
O consenso majoritário na Plenária Nacional é que a mobilização tenha como eixos fundamentais de luta a defesa de vacina para todos, para o que é preciso a imediata quebra das patentes e controle popular; auxílio emergencial de verdade: que não poderia ser de menos de um salário mínimo; e fora Bolsonaro, que precisa ser colocado para correr com todos os golpistas e genocidas. São bandeiras importantes que sintetizam alguns dos problemas centrais da imensa maioria do povo brasileiro neste momento.
São tarefas que não podem ser resolvidas por meio de um acordo com setores da direita golpista que encenam fazer “oposição” ao governo Bolsonaro – como no circo da CPI da pandemia – mas que são, de fato, os verdadeiros pais do seu governo (armaram para prender Lula, apoiaram a fraude da eleição sem o ex-presidente etc.) e seus parceiros no genocído do povo e na aprovação de todas as medidas contra a classe trabalhadora (como a reforma da Previdência).
As passeatas, greves e ocupações que crescem em todo o País são a reação natural e inevitável do povo contra o genocídio que os governos da direita, Bolsonaro e “oposição” promovem por meio da pandemia e da brutal repressão contra o povo trabalhador de maioria negra.
O 1º de Maio de luta da Praça da Sé e outras manifestações deram a largada. Agora é hora de generalizar a mobilização por todo País, até a derrota da direita. É preciso ampliar a mobilização e a organização independente do povo, multiplicando os comitês de luta e retomando as ruas da direita golpista e genocida.
É preciso trazer para as ruas todas as lutas gerais e setoriais dos explorados de todo o País, como as reivindicações concretas e fundamentais da luta contra a privatização dos Correios e de todas as estatais; a defesa da dissolução da PM e de todo o aparato repressivo, contra a matança do povo pobre, negro e trabalhador; a defesa das ocupações e demais reivindicações dos sem-teto e sem-terra; a luta da juventude e dos trabalhadores da Educação contra a destruição das universidades públicas e contra a volta às aulas sem vacinas para todos e sem o fim da pandemia.
Que o dia 29 se multiplique e dê lugar também ao necessário debate no interior das organizações dos trabalhadores e da juventude sobre o programa próprio dos explorados diante da crise, contra as “alternativas” da burguesia. Isso significa apontar para uma perspectiva de enfrentamento com a direita golpista em todos os terrenos e lançando mão de todas as armas fundamentais possíveis, como é o caso da candidatura presidencial da maior liderança popular do País, o ex-presidente Lula, capaz de mobilizar milhões não apenas no terreno eleitoral mas também na necessária luta pelas reivindicações fundamentais apontadas pelas organizações do próprio povo trabalhador.
Os preparativos para o dia 29 (e antes dele do dia 26, quanto está convocado um ato para Brasília, em frente ao Congresso Nacional) mostram que ainda há resistência e dificuldades a serem vencidas, como a vacilação de muitos setores da burocracia sindical que insistem em inúteis “atos simbólicos” e em manter milhares de sindicatos fechados quando os trabalhadores estão nas ruas. Ou, ainda, a ilusão de setores da esquerda de que a saída para a crise, do ponto de vista dos trabalhadores, virá da iniciativa da “oposição” no terreno parlamentar dominado pela direita golpista, que busca uma terceira via contra Lula e contra o povo brasileiro.
Mas com certeza, dia 29 de maio será mais um passo – e que seja grande – no sentido de levantar o gigante da classe trabalhadora e sua força poderosa para o enfrentamento e a derrota da direita.