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Renato Farac

Membro na Direção Nacional do Partido da Causa Operária e colunista do Diário Causa Operária.

Defender os sem terras

MST da Bahia sob ataque de milícia bolsonarista

No extremo Sul da Bahia, latifundiários estão organizando milícias com características fascistas para impedir a luta pela terra

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O governo do fascista Jair Bolsonaro e seus apoiadores de extrema direita lançaram uma enorme ofensiva contra os movimentos sociais de luta pela terra, em particular o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na Bahia, e a Liga dos Cmaponeses Pobres (LCP), em Rondônia. Esses dois movimentos  estão sendo tratados pelo governo Bolsonaro como um projeto piloto para ser aplicado no restante do país caso obtenha sucesso.

No extremo Sul da Bahia, o alvo foi o MST. Desde o ano passado, o governo Bolsonaro e latifundiários da região iniciaram uma ofensiva para esmagar o MST e iniciar a política de destruição dos assentamentos da reforma agrária e acampamentos.

Milicianos ligados a políticos locais como os bolsonaristas João Bacelar e Uldorico Pinto, políticos tradicionais e latifundiários conhecidos da região, com apoio velado de uma das maiores latifundiárias do mundo, a Suzano Celulose e Papel, começaram a atacar o MST e lideranças de assentamentos e acampamentos, e também, de aterrorizar as famílias de trabalhadores sem terras dessas áreas.

Na manhã do dia 31 de outubro, uma assembleia de trabalhadores que estava ocorrendo no assentamento Fábio Henrique foi surpreendida por 20 pistoleiros fortemente armados que invadiram o assentamento e dispararam centenas de tiros contra as famílias e lideranças que estavam no local, destruíram carros, espancaram pessoas e atearam fogo em dois ônibus que levaram as famílias até o local. Duas famílias foram expulsas violentamente de seus lotes para que a milicia bolsonaristas ficassem entrincheiradas dentro do assentamento.

Após esse ataque, os pistoleiros ainda se encontram no assentamento e estão aterrorizando as famílias e mandando retirar bandeiras do MST e outras referencias a luta pela terra e a reforma agrária que estão no assentamento. Durante a noite tiros são ouvidos constantemente e as famílias estão aterrorizadas com a milicia bolsonarista.

As direções do MST e as famílias para enfrentar essa situação formaram uma acampamento dentro da área coletiva do assentamento para resistir e impedir que os pistoleiros realizassem mais despejos e ameaças contra as vidas dos assentados do assentamento Fábio Henrique.

Uma área em disputa com a extrema direita latifundiária

O assentamento Fábio Henrique está localizado no município de Prado, no extremo sul da Bahia. Prado e o município vizinho Mucuri recentemente sofreram ataques do governo Bolsonaro com apoio da empresa Suzano celulose e papel, e o secretários de assuntos fundiárias do Ministério da Agricultura, o pistoleiro e latifundiário Antonio Nabhan Garcia, usaram a Força Nacional de segurança pública para impor a política de privatização e destruição dos assentamentos para as famílias de sem terra da região.

A empresa Suzano Celulose e Papel é uma das maiores latifundiárias do mundo e uma das maiores grileiras de terra no Extremo Sul da Bahia e do Espírito Santo, atacando indígenas, quilombolas e sem terra de toda a região. Há inúmeras terras indígenas e quilombolas griladas pela Suzano e dezenas de acampamentos de trabalhadores sem terra em seus latifúndios e a empresa está usando de sua influencia dentro do governo Bolsonaro para atacar esses movimentos de luta pela terra, em especial, o MST.

A Suzano foi uma grande financiadora das campanhas eleitorais de bolsonaristas conhecidos, dois deles ganham destaque, o ex-ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, e a deputada Carla Zambelli, que não por acaso é esposa do comandante da Força Nacional de Segurança, coronel da PM do Ceará Antônio Aginaldo de Oliveira.

Também não por acaso, os municípios que a Força Nacional foi enviada recentemente na Bahia são os que possuem grandes latifúndios da Suzano e que há milhares de hectares ocupados por trabalhadores sem terra.

É claro que a empresa não aparece, mas as ligações com os responsáveis pelos ataques ao MST na Bahia mostram que esses ataques são orquestrados pelo governo, mas quem se beneficia é a Suzano.

Milícias fascistas

Os recentes ataques mostraram que foram bem organizados e muito bem equipados, mostrando que não é apenas um latifundiário isolado e descontente. A ousadia e o modo do ataque, que ainda ocorre nas dependências do assentamento, revelam como a extrema direita está organizando suas milícias fascistas. Se utilizaram de elementos capachos do latifúndio para liderar um grupo de pistoleiros fortemente armados e bem equipados, de muitas vezes com apoio da Polícia. E no local ficam bem evidente porque os pistoleiros ainda estão dentro do assentamento e nada foi feito pela polícia.

Essa organização fascista está se organizando em torno de um local chamado Casarão Brasil, em outro município vizinho chamado Teixeira de Freitas. Neste local, a extrema direita organiza suas atividades fascistas, incluindo a atuação de suas milícias no campo para atuar contra os trabalhadores sem terra, indígenas e quilombolas que lutam pela reforma agrária na região.

O Casarão Brasil é um centro de operações fascistas em defesa do latifúndio e da grilagem de terras no Extremo sul da Bahia e que deve ser amplamente combatido e denunciado.

Uma verdadeira ditadura

Os recentes ataques realizados por pistoleiros ocorrem após uma série de medidas institucionais do governo Bolsonaro. A primeira tentativa foi de tentar utilizar o INCRA e servidores bolsonaristas selecionados para perseguir e expulsar lideranças dos assentamentos através de medidas “técnicas” e colocando em seu lugar pessoas de confiança e que não tem nenhuma relação com os assentamentos.

Como essa ação foi repudiada, a direita mobilizou efetivo policial e da força nacional para atacar os assentamentos de Prado e Mucuri. Isso ocorreu após figuras ligadas a extrema direita da região realizarem ações criminosas como incendiar casas, agredir trabalhadores sem terra e ameaças de morte, colocando a culpa no MST e outras lideranças dos assentamentos. A Polícia Federal e a Força Nacional não conseguiram seus objetivos nem mesmo com a ajuda da justiça que emitiu a reintegração de posse contra dezenas de famílias assentadas.

Agora, a extrema direita está utilizando os métodos fascistas para atacar os trabalhadores. Querem impor o clima de terror contra os assentados e acampados para que as famílias abandonem o assentamento ou não se oponha a política de privatização e destruição dos assentamentos, favorecendo os latifundiários e políticos ligados a Bolsonaro.

O governo Bolsonaro está fortalecendo o latifúndio e incentivando o armamento desse setor. Para reverter esse quadro é preciso organizar os trabalhadores em comitês de autodefesa em cada assentamento, aldeia ou vila, e unificá-los em um grande movimento nacional para enfrentar os pistoleiros e a extrema direita, deslocando militantes, treinando e combatendo nas ruas a violência da extrema direita.

É preciso denunciar e reagir contra os latifundiários e suas organizações fascistas que ainda se encontram dentro dos assentamentos da região e se reunem na organização fascista chamada Casarão Brasil.

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