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A esquerda que teme o povo

Por que a direção da UNE tem medo do povo?

A presidenta da UNE revela que temeu sair às ruas e ser tratada da mesma forma que Ciro Gomes foi na Avenida Paulista, deixando claro temer o povo

Eleita em julho deste ano de 2021, a nova presidenta da UNE, Bruna Brelaz, da UJS/PCdoB entrou para a história como a primeira presidenta negra e estudante da região norte do país a ocupar o cargo de maior importância na principal organização estudantil brasileira. A propaganda em torno da sua eleição foi em grande medida focada no fator identitário de sua candidatura, criando uma suposta popularidade, de uma figura que foi “eleita” em um congresso farsa, organizado pela mesma direção do PCdoB que controla a organização há mais de 20 anos.

O golpe que deu continuidade ao controle da UJS na entidade veio em um momento conturbado da luta política nacional, com o crescimento das mobilizações e o surgimento das manobras da terceira via. Em busca de uma frente ampla capaz de eleger o principal setor da burguesia, contra Lula e Bolsonaro. Em meio ao crescimento da polarização, a direção pelega da UNE se colocou o papel de defender com unhas e dentes a política da frente ampla com a direita, até mesmo com os abertamente fascistas, “contra” Jair Bolsonaro.

Bruna Brelaz foi eleita com esta função, se mantendo até o momento como uma das mais destacadas figuras na esquerda na defesa da aliança com a burguesia. Bruna é desconhecida de todo movimento estudantil, mas em seu nome age em defesa de todos os inimigos da juventude, apoiando aqueles que já reprimiram e assassinaram jovens em todo país e sendo linha de frente na política genocida do volta às aulas na pandemia.

Recentemente, concedeu uma entrevista a Folha de São Paulo, na qual, sem qualquer escrúpulo afirmou que muitas vezes teme mais a esquerda que os próprios bolsonaristas. De acordo com Bruna, haveria uma “rede de ódio” na esquerda contra a sua figura e todas aqueles, como Isa Penna, que expressaram abertamente apoio a política de frente ampla.

Bruna, afirmou que “fiquei preocupada de sair na rua. E não fiquei por causa do bolsonarismo (…) já fui chamada de ‘fascista’ e até ‘nazista'”, ao ser questionada sobre como se deu a recepção da base da mobilização a respeito da sua defesa da frente ampla. A presidenta da UNE ainda revela que temeu sair nas ruas, temeu ser tratada da mesma forma com que Ciro Gomes foi na Avenida Paulista, deixando claro temer o povo acima de tudo.

As declarações da nova presidente da UNE, que teme mais os trabalhadores que os bolsonaristas, é na realidade um reflexo da mentalidade de todo um setor da esquerda pequeno-burguesa. Na realidade, aqueles que defendem a política de frente ampla, um ataque contra Lula e os trabalhadores na defesa do principal setor da burguesia, sabem que a sua política serve unicamente ao interesse do golpe e não da população pobre e explorada.

Até o momento, a esquerda pequeno-burguesa, assim como Bruna, na crença de que o “povo é burro” tratou a base das manifestações como lixo. Deu golpe nos atos, sabotou a organização dos trabalhadores, empurrou goela abaixo do movimento PSDB e MBL, além de se aliar ao fascista João Doria em um grande comício eleitoral. Agora, quando os trabalhadores começaram a gradualmente perderem a esportiva, o medo tomou conta da esquerda pequeno-burguesa.

Já está claro que se colocar o povo nas ruas a política de frente ampla será atacada sem dó nem piedade. Figuras como Ciro Gomes, Paulinho da Força, entre outras, foram escorraçadas da última manifestação. Os trabalhadores querem é derrubar Bolsonaro e todo regime golpista e, por fim, eleger Lula presidente da República. A frente ampla, a aliança com a burguesia é vista como uma clara traição a todo movimento, o que revela os motivos de todo este setor estar trabalhando para o fim das manifestações.

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