As vaias, a indignação e a coça que o próprio Ciro Gomes quase levou em São Paulo são um sinal evidente de que a manobra que pretendiam não está dando certo. O ato do dia 2 de outubro deixou evidente que a manobra da “terceira via”, dos “frente amplistas”, do PSDB, do PDT, do PCdoB, PSOL e do PT fracassou completamente.
Primeiro porque houve um grande fiasco no dia 12 de setembro quando, forçada pelas circunstâncias, a direita foi obrigada a sair às ruas com sua própria manifestação, sem ter a esquerda a seu lado – por não ter conseguido dominá-la – e expondo claramente o contraste com o apoio angariado pelo bolsonarismo, demonstrado no 7 de Setembro. Foi uma péssima decisão dos tucanos e dos setores da burguesia que estão tentando recuperar o poder sobre o Estado, livrando-se de Bolsonaro – um elemento instável e inseguro – e, afastando a possibilidade detestada por esses setores da classe dominante, de que o ex-presidente Lula volte a governar.
Deixaram claro que não têm apoio nenhum em nenhum setor popular. Expuseram o segredo, o grande problema da polarização política do País. De um lado estão as forças fascistas, da pequena burguesia desesperada, em torno de Bolsonaro; do outro, a classe trabalhadora, os setores oprimidos, que depositam suas esperanças no ex-presidente Lula.
A direita não tem nada a oferecer. Sua base social se deslocou para o bolsonarismo, a falta de apoio ficou mais do que evidente e foram risíveis as tentativas da imprensa capitalista de demonstrar que não ter massas nas ruas não significa não ter autoridade política, apoio popular etc. Deixaram evidente: não têm e isso atiça os setores que fazem parte do mundo real, que estão empenhados na luta que se desenvolve neste momento contra Bolsonaro. São os setores de esquerda, a classe trabalhadora, os “vermelhos”, que cobraram a fatura no dia 2 de outubro.
Não tendo conseguido atrair setores da população relevantes para as ruas no dia 12 de setembro, a direita, os únicos que vão de fato se beneficiar da política de frente ampla, os que representam a “terceira via”, conseguiu por meio dos seus aliados na esquerda – o PCdoB, o PSOL e setores do PT – se infiltrar nas manifestações populares do dia 2 de outubro. Eles se convidaram, subiram ao carro de som e foram devidamente vaiados pelos manifestantes, com suas bandeiras e camisetas vermelhas.
As vaias – tão constrangedoras, para os que convidaram a direita, quanto para convidados como Ciro Gomes e Paulinho da Força– foram atribuídas pela imprensa capitalista aos militantes do nosso partido, o PCO. As vaias, no entanto, não são obra exclusiva do nosso partido. Em coro, mais de mil pessoas demonstraram à frente do carro de som que a direita não é bem-vinda nas manifestações.
A coça que Ciro Gomes quase levou ao sair do carro de som deixou evidente, também, que quem está na base não quer ser dominado por cima por elementos golpistas, inimigos da classe trabalhadora. Foram militantes do PT e da CUT que o colocaram para correr.
Esse é o grande problema da situação política nesse momento. A classe trabalhadora precisa adquirir a confiança de que não é necessário aliar-se com os golpistas, com os inimigos dos trabalhadores, com os que querem tudo, menos que Lula volte à Presidência, que as reivindicações dos trabalhadores sejam atendidas. Isso significaria desfazer as privatizações, voltar o orçamento do Estado para socorrer a população flagelada pela fome, o desemprego e a miséria crescentes.
A direita que é paparicada e trazida por setores da esquerda como a “salvação”, em nome da “unidade”, da “união de forças” para derrotar Bolsonaro, deixou claro: não têm força nas ruas.
Restaria a hipótese da necessidade da sua força no Congresso. Mas aí, se é que realmente possuem alguma, ela é inútil. O impeachment não vai passar. Não tem os votos necessários. Uma condenação de Bolsonaro saída da CPI da covid, tampouco. Precisaria do mesmo número de votos para infligir uma derrota ao governo.
É nesse quadro que a aliança com a direita se mostra cabalmente sem futuro: não serve para nada além de fortalecer a direita.
Por isso, é preciso fortalecer uma alternativa real para a luta dos trabalhadores: cerrar fileiras, formar comitês de luta em todos os bairros, cidades, de Norte a Sul, fortalecer o bloco vermelho, o bloco classista, operário, socialista, nas manifestações. Combater a tentativa de infiltração e de sequestro das manifestações pela direita e lutar para que o nosso movimento corresponda aos interesses das amplas massas populares, que não ganham nada aliando-se com os inimigos de sempre da classe trabalhadora.
É nesse sentido que o Partido da Causa Operária luta se dirige aos trabalhadores chamando à unidade do povo, de todos os explorados, para derrotar Bolsonaro e todos os golpistas.