É, em resumo, o que os empresários disseram ao povo brasileiro. Nesta semana lançaram uma carta aberta à sociedade sobre a situação do combate a pandemia conduzida pelo governo federal, ou seja, pelo governo ilegítimo e golpista de Jair Bolsonaro.
É uma carta longa, cheia de cinismo e demagogia, mas grotesca afinal. Tratam do problema social causado pela pandemia e da crise econômica está em pleno desenvolvimento na etapa atual, mas não defendem, obviamente, uma questão que deveria ser regra do governo que é o auxílio emergencial.
Defendem o retorno das aulas em um momento que o país alcançou a marca de 300 mil mortos e que São Paulo, por exemplo, bateu o recorde diário de mortes, passando de mil mortos em apenas um dia.
Nesta terça-feira passada, por exemplo, o Estado de São Paulo registrou 1023 mortos, isto é, três mortes a cada quatro minutos. É como se três pessoas estivessem morrendo enquanto alguém lê essa coluna.
É absurdo.
O que me causou e creio que deve causar bastante raiva em geral contra essa carta e, logicamente, contra a burguesia, é o enorme cinismo.
Grandes empresários e banqueiros subscrevem a carta. Criticaram as medidas do governo, mas durante a pandemia mantiveram seus negócios e empresas funcionando normalmente, queriam e querem manter o lucro, custando a vida que custar.
Só alguns exemplos:
A carta tem a assinatura de Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, co-presidentes do conselho de administração do Itaú Unibanco. Ambos estão entre as famílias mais ricas do Brasil e detêm o controle de grandes companhias. Os Setubal, por exemplo, possuem participação num holding de investimento que tem o controle de empresas como a Duratex e a Alpargatas, essa que tem como marcas as Havaianas, Mizuno e outras marcas famosas de calçados.
Os Moreira Salles possuem o fundo Cambuhy, também de investimentos, que está no controle também da Alpargatas, da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração e outras.
Há ainda outros como Pedro Parente, presidente do conselho da BRF, isto é, das marcas Sadia e Perdigão.
Homens que possuem controle de investimentos de bilhões e bilhões de reais. Isso ao mesmo tempo em que o governo quer pagar uma miséria de auxílio para pessoas que não tem condições nem mesmo de se alimentar.
Exemplifico para mostrar que subscrevem nessa carta cidadãos que possuem empresas que obrigaram o povo a continuar trabalhando e se aglomerando nos transportes. Isso sem mencionar o número de demissões que jogou outra parte da classe trabalhadora na miséria. São os responsáveis pela catástrofe.
São os representantes da classe que de conjunto tratou o povo brasileiro como lixo nessa pandemia. Não que o tratamento antes fosse bom, mas nesse momento jogou o povo para morrer feito mosca.
“Quem morrer, morreu” se tratou, na realidade, do lema da burguesia e seus representantes nos governos federais e estaduais. Não é apenas Bolsonaro o genocida, mas toda a corja.