Em grande medida, o rico já vive o isolamento social, desde que nasceu, antes da pandemia. Na verdade, ele gosta do isolamento do restante do povo. Tem rico que nunca nem pisou em uma rua comum, faz o seu deslocamento todo de helicóptero. O rico, por natureza, não faz nada, manda os outros fazer, são isolados do povo porque não gostam do povo, e a recíproca é verdadeira.
O toque de recolher não vale para carros importados blindados, para mansões em bairros cercados pela segurança privada, para banqueiros, empresários, para a gente da alta. Não vale para o rico. O toque de recolher, para o cidadão sair da rua, é para o pobre. O toque de recolher para não ter festa é para o pobre, para a alegria da Polícia Militar, que sempre acabou com festas do povo pobre na porrada, também, antes da pandemia, mas agora conseguiram uma autorização formal do governo.
Finalmente, por exemplo, foi uma festa em Paraisópolis (SP) que a PM fechou, com truculência, em 2019, e que resultou na morte de 10 jovens. Ali já era o toque de recolher, que sempre existiu nas comunidades pobres brasileiras, que não podem se divertir, com ou sem pandemia, só podem trabalhar.
Com brutalidade, os órgãos de repressão estão se vangloriando das festas que são fechadas pela PM e outros agrupamentos destinados para este caso. A imprensa capitalista aplaude e chama todos os participantes de festas de irresponsáveis, como se eles, os festeiros, fossem responsáveis pelas quase 300 mil mortes por COVID-19 no Brasil.
Falso. Quem é responsável pelas quase 300 mil mortes são os governos, e ponto final.
Pois seria muita hipocrisia acreditar que o fechamento de festas, na porrada, vai conter o COVID-19 que se espalha todos os dias nos trens, metrôs e ônibus do transporte público de qualquer cidade, de qualquer capital.
Na verdade, é de uma covardia gigantesca contra a população acusá-la de ser a causadora do mal que ela padece, afinal, quem tem dúvida que a maioria dos mortos de COVID-19 está entre a população pobre?
Em São Paulo, em horários de pico de manhã e ao final da tarde, tudo segue normal nas estações de trem e metrô. Tudo lotado, o povo apinhado em busca de manter o que comer no escasso mercado de trabalho. Prato cheio para o COVID-19. No transporte já não vale a regra do isolamento, do recolhimento. Doria chora, Covas faz drama, e Bolsonaro resolve colocar uma máscara. Mas quem está sofrendo é o povo, e os políticos da burguesia, na verdade, são todos uns demagogos debochados.
O toque de recolher sempre foi contra o povo pobre e trabalhador, que só pode ser mão de obra dos empreendimentos burgueses, qualquer coisa fora disso é crime, e, sob o pretexto do combate ao COVID-19 aprofundaram ainda mais os ataques contra as liberdades democráticas do povo.