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Manifesto

Coletivo João Cândido convoca para a Plenária do Bloco Vermelho

É preciso organizar o povo negro para discutir um programa para a próxima etapa da luta contra a direita golpista

pco

A situação do negro acompanha o martírio ao qual todo o povo brasileiro está submetido. A fome, a miséria, o desemprego e a pandemia caíram como chumbo sobre as nossas costas, e com peso dobrado.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), coletados no final de 2020, mostraram um novo recorde de desemprego entre os negros. Os negros representam nada menos que 72,9% dos desocupados do país, de um total de 13,9 milhões de pessoas nessa situação. Já uma pesquisa organizada pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, grupo da PUC-Rio, publicada em 2021, apontou que 55% das vítimas fatais da pandemia são negras.

Os macabros assassinatos causados pela Polícia Militar seguem sem freio. Um levantamento realizado pelo portal G1, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Núcleo de Estudos da Violência da USP, mostrou que 78% dos homicídios causados pela ação da polícia são de negros.

As estatísticas pintam um quaro muito bem definido. O negro é caçado como um bicho e tratado como lixo no País em que os banqueiros são quem dão as cartas. Estão no fim da fila dos miseráveis e, portanto, estão sendo os primeiros a serem empurrados para o abismo, na medida em que os capitalistas empurram o conjunto da população para salvar seus negócios.

A situação do negro urge uma reação enérgica. Se os banqueiros temem a falência, que entrem e falência! A crise não pode ser jogada nas costas do povo pobre, negro e trabalhador. É preciso organizar os negros de norte a sul do País para enfrentar seu principal inimigo, a burguesia, representada pela polícia, pelos deputados corruptos comprados pelos banqueiro e pelos carniceiros do Judiciário.

Durante o último período, no entanto, um setor da esquerda nacional, seguindo uma política da esquerda norte-americana, tem adotado uma postura que merece ser criticada. Uma postura que vai na contramão da mobilização do povo, que impede sua organização para a luta. Trata-se da política do identitarismo.

A política identitária, sustentada por acadêmicos e parlamentares que nada têm a ver com a luta do negro, e que muitas vezes são diretamente ligados ao imperialismo, propõe desvincular a luta do negro à luta de classes e substituí-la por uma “luta” de identidades. Ora, mas o problema do negro é um problema de classe: a fome, o desemprego, a polícia, a miséria e o coronavírus são todos causados pela classe dominante, a burguesia parasitária inimiga de todo o povo trabalhador.

No fim das contas, a luta pela “identidade” só tem servido para que o setor mais atrasado, confuso e oportunista do movimento negro abandone qualquer perspectiva real de luta e passe a apoiar vergonhosamente os seus maiores inimigos. Um dos exemplos mais escandalosos recentes foi o apoio de um setor do movimento negro internacional à candidatura de Joe Biden e Kamala Harris, um funcionário da indústria bélica e uma promotora que trancou milhares de negros nas prisões.

No Brasil, essa política está sendo importada com os mesmos objetivos. A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz, obstinada em defender que os estudantes fiquem a reboque do PSDB, de Ciro Gomes e da direita golpista, usou o identitarismo para se defender quando foi criticada. É a forma mais podre de se usar a luta do povo negro: segundo a presidenta da UNE e seus apoiadores, os negros não poderiam criticar quando um negro propõe submeter a luta do povo aos interesses dos seus inimigos.

O movimento negro nada tem a ver com a censura, muito menos uma luta contra palavras. O movimento negro é um movimento de oprimidos, de pessoas que não têm nada a perder. Não defendem que o Estado proíba alguém de falar palavras supostamente ofensivas, mas sim que todos tenham pleno direito de falar o que quiser para que os negros discutam o seu programa, denunciem os seus inimigos e se mobilizem. O negro brasileiro necessita, com urgência, de emprego, de comida, de moradia e das coisas mais elementares, e não de uma reforma na língua portuguesa que faça com que termos como “denegrir” deixem de ser usados.

Nesse sentido, a discussão recente sobre a derrubada de monumentos deve ser respondida da seguinte forma: a prioridade dos negros não é lutar contra os fantasmas do passado, mas sim contra os opressores do presente. A preocupação de derrubar o monumento de um suposto inimigo dos negros que morreu há 300 anos não cumpre outra função que não seja confundir e dispersar o movimento contra os inimigos do povo negro: o governo Bolsonaro, a direita golpista, o Judiciário e a Polícia Militar.

Por isso, o Coletivo de Negros João Cândido convida todos os companheiros de luta a discutir um verdadeiro programa para o povo negro, que sirva como uma plataforma para a mobilização da próxima etapa. No centro desse programa, deve constar, necessariamente, a derrubada imediata do governo de extrema-direita (“Fora Bolsonaro”), a luta contra a frente ampla (“Abaixo a terceira via”), a luta por um governo operário (“Lula presidente”) e o fim da Polícia Militar.

A melhor oportunidade para discutir esse programa é a III Plenária do Bloco Vermelho — um momento em que os ativistas que estão há cinco anos na luta contra o golpe irão parar para refletir o rumo que a luta contra os inimigos do povo irá tomar. É preciso que os negros compareçam em peso à Plenária, impulsionando um movimento geral contra seus algozes, e levantando, ao mesmo tempo, um programa que dê conta de fazer a sua luta avançar.

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