A resistência de clubes em ceder jogadores às seleções nacionais, que já vemos em outras competições, é ainda mais intenso quando se tratam das olimpíadas. Essa tradicional competição que envolve diversas modalidades esportivas não é considerada uma “data Fifa”, então não existe uma obrigação formal para isso.
As ausências mais marcantes na Seleção Olímpica Brasileira neste ano são Neymar e Marquinhos, ambos jogadores do Paris Saint-Germain. Para quem não se lembra, Neymar liderou o time que conquistou o inédito ouro olímpico para o Brasil. Sim, o país do futebol tinha essa lacuna aberta até a última edição das Olimpíadas em 2016, aqui no Brasil e contra a Alemanha. A presença de Neymar e do zagueiro-artilheiro Marquinhos, personagens dessa histórica conquista, aumentaria as nossas chances.
O processo de preparação para a convocação da equipe olímpica contou com um intenso trabalho de negociação nos bastidores. A CBF teve que implorar pela liberação dos jogadores. Jogadores convocados para a disputa da Copa América foram quase que sumariamente vetados das Olimpíadas, lista que conta com jogadores como Gabigol, Vinicius Jr e Richarlison.
Clubes europeus, como PSG e Real Madrid foram acompanhados desta vez por brasileiros, como Flamengo e Palmeiras. Dos quatro pré-convocados rubronegros apenas Pedro e Gerson foram mantidos na Seleção Olímpica, sendo que o último já foi negociado com o Olympique de Marselha e não disputará como jogador do Flamengo. O Palmeiras barrou a ida do goleiro Weverton, mas liberou o lateral Gabriel Menino. O meia Patrick de Paula ficou de fora, mas por opção do técnico André Jardine.
É bastante evidente a contradição entre o interesse dos clubes e o dos próprios jogadores. O sonho de defender a Seleção Brasileira é unânime entre os atletas do futebol, é a camisa mais forte da história do esporte. Seja Sub-17, Sub-20, Olímpica ou principal, quem joga bola quer fazer parte desses grupos e representar seu país.
O “clubismo” expresso por alguns torcedores é bastante incentivado e reverberado pela imprensa burguesa, que defende os interesses do capital em qualquer que seja o assunto. No entanto, a maioria dos torcedores quer torcer pela própria Seleção e quer que ela jogue com o que tem de melhor. O interesse da maioria deve prevalecer, a Seleção Brasileira indica o nível do futebol do país e não pode depender da boa vontade dos clubes. Primeiro a Seleção, depois os clubes.