A esquerda pequeno-burguesa brasileira gosta de caluniar aqueles que discordam de suas ideias, os chamando de bolonaristas. O PCO, por exemplo, é chamado de bolsonarista pela esquerda pequeno-burguesa em várias ocasiões. Essa esquerda, que decide sua orientação política por meio dos jornais golpista e pró-imperialistas, substitui os argumentos pela simples acusação, adjetivos e exclamações.
Quando o PCO defende o armamento da população, coisa que deveria ser natural para qualquer pessoa de esquerda que defende o direito democrático, é chamado de “bolsonarista”. Quando o PCO defende o voto auditável e denuncia a fraude e o esquema das urnas eletrônicas, coisa que qualquer esquerdista deveria defender, afinal a esquerda foi fraudada em 2018 (sem contar inúmeros outros casos), é chamado de “bolsonarista”. Quando o PCO defende que não se pode censurar as pessoas por suas opiniões mesmo que se discorde delas, é chamado de “bolsonarista”.
Veja que em todos esses casos, há em comum a política da esquerda pequeno-burguesa e a direita tradicional, sob o pretexto de fazer oposição a Bolsonaro. E assim, como não há argumentos, já que a única coisa que embasa essas posições conservadoras da esquerda pequeno-burguesa bem-pensante é o apoio da direita e sua imprensa, repetem a acusação como papagaios: “PCO bolsonarista”.
A acusação soa ridícula, já que se trata do único partido que desde o início defende o fora Bolsonaro e justamente denuncia a fraude que o colocou no poder e a direita que ajudou a elegê-lo. Mas deixemos isso de lado.
Agora, parece que o jogo virou. Na questão crucial de defesa da luta do povo afegão contra a invasão imperialista, há quase um consenso na esquerda pequeno-burguesa de que não se pode comemorar a derrota norte-americana para o Talibã.
O PCO está quase isolado nessa posição, que em outros tempos seria óbvia, afinal, sempre foi uma tradição a esquerda se posicionar contra a invasão imperialista nos países pobres.
Mas o problema é que essa esquerda é tão amante do imperialismo que decidiu chorar a derrota no Afeganistão.
Mas dessa vez, quem está chorando não são apenas os setores imperialistas tradicionais: Joe Biden, a direita golpista brasileira e seus jornais. Donald Trump afirmou que foi uma das “maiores derrotas da história americana”.
Bolsonaro, o Jair, não se pronunciou oficialmente ainda, nem precisa. Mas seu filho Eduardo já postou alguns tuítes atacando o Talibã. A bolsonarista Carla Zambelli afirmou em seu Twitter que o Talibã vai trazer a ditadura para os afegãos.
Chora Biden, chora Trump, chora Bolsonaro, chora PSDB, chora Globo, Estadão, Folha de S. Paulo, chora esquerda pequeno-burguesa. São as carpideiras do imperialismo norte-americano.
Bom, nesse caso, como fica claro, não há distinção entre bolsonaristas e a direita imperialista dita “civilizada”. Quando o assunto é a opressão do imperialismo sobre os países pobres, forma-se uma aliança.
Mas há um ingrediente a mais nessa soma de “defensores da liberdade”. A esquerda pequeno-burguesa, aquela que gosta de acusar os outros de bolsonarista, está coligada com o bolsonarismo na questão do Afeganistão.
E aí, fica a pergunta, quem é a “esquerda bolsonarista” exatamente? Se vale caluniar o PCO quando o partido apresenta determinadas políticas, que na realidade são de esquerda mas que os infelizes esquerdistas acham que são da direita, valeria também, no caso do Afeganistão, chamar a esquerda pequeno-burguesa a admitir que são a esquerda bolsonarista e trumpista.
Ou é isso, ou devemos admitir que Bolsonaro, Trump, Biden e toda a direita são grandes defensores das mulheres e da liberdade dos povos.