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Política imperialista

Boulos ignora Lula mas viaja ao Chile para apoiar um direitista

Boulos foi comemorar a vitória de Boric, mas se recusa a apoiar Lula.

boric

A hipocrisia psolista é do nível de causar o mais profundo asco em qualquer marxista. Todos viram, em 2020, o PSOL saudar a vitória de Joe Biden – conhecido como o senhor da guerra por conta dos massacres realizados no Oriente Médio – com a desculpa de que ele seria o “mal menor” se comparado a Trump. Agora, no Chile, em que Boric venceu do fascista Kast, o PSOL saúda sua vitória, levantando o argumento do mal menor novamente. Mas tal argumento é descartado no Brasil para apoiar a candidatura de Lula, único candidato realmente capaz de derrotar Bolsonaro.

Quem é Boric, político chileno que conquistou o coração de Boulos?

Acabou, recentemente, as eleições chilenas, que foram disputadas em segundo turno por Kast (extrema-direita) e por Boric (esquerda pró-imperialista). Boric é apresentado pela imprensa burguesa como uma “nova esquerda”.

O posicionamento de Boric a respeito de Cuba é o típico posicionamento dos identitários. Comprovando sua origem imperialista, o presidente eleito atacou o Estado operário, considerando-o como ditadura.

A respeito da Nicarágua, Boric também fica a reboque do imperialismo, atacando a revolução sandinista. Boulos tem afinidade com outro posicionamento de Boric, aliás: Boulos, no debate de 2020 com Bruno Covas, disse que não considerava a Venezuela como exemplo de democracia – tal posição é respaldada por Boric.

Além disso, Boric tentou impedir a efervescência das manifestações que estouraram no Chile contra o governo neoliberal de Piñera, tentando canalizar toda a indignação popular para a inócua Constituinte. Boric também se opõe ao armamento do povo, isto é, defende que o único setor armado na sociedade seja o Estado burguês, máquina de oprimir os trabalhadores.

E o Lula?

Se Boulos apoiou todos esses direitistas, alguns com mais efusividade, outros com menos, por qual motivo não declara apoio a Lula? Porque Lula tem algo de diferente em relação aos outros: Lula é realmente um político popular, capaz de mobilizar as massas contra o regime político erigido do golpe de Estado.

Enquanto Boric no Chile, Castillo no Peru, Alberto Fernandes na Argentina e outros políticos pela América Latina – mais ou menos direitistas – recebem o apoio do PSOL e de Boulos, Lula, Maduro, Cristina Kirchner, etc. são atacados pelos mesmos identitários. A razão disso? Observemos a questão de Lula para entender, já que ela é a mais ilustrativa.

Lula foi preso pelos golpistas e impedido de concorrer. Lula representa o fenômeno do nacionalismo burguês, tendo a base popular necessária para lutar contra o regime golpista. Ou seja, a síntese disso tudo é que ele é a oposição ao imperialismo, ele, de fato, se põe como um inimigo dos interesses da burguesia imperialista.

Boulos é funcionário do IREE, instituto com ligações com o NED, e leva, consequentemente, a política do imperialismo para a esquerda. É o sonho de consumo da Folha de S. Paulo, é o que eles almejam que se torne a esquerda. É quem o imperialismo tentou lançar para substituir o Lula, mas fracassou. Assim como Boulos é o representante-mor da esquerda pequeno-burguesa no Brasil, Boric o é no Chile.

Se Lula fosse um pequeno-burguês, sem ligação com os sindicatos, sem uma base social real, Boulos correria para apoiá-lo. Mas Lula não o é, tal qual Maduro também não o é. Então Boulos lança a conversa mole: “temos que discutir programa” (o que impede apoiar Lula, mas se manter defendendo o próprio programa?), “só veremos a questão do apoio no meio de 2022”, citam até a suposta chapa Lula-Alckmin para não o apoiar.

Ao passo disso, Boulos também tenta obter uma vantagem, realizando uma verdadeira chantagem a Lula: cobram de Lula um apoio a candidatura de Boulos ao governo de São Paulo para que o PSOL apoie Lula à presidência. Ou seja, operam uma verdadeira chantagem não só contra o PT, mas sim contra o conjunto do povo brasileiro – afinal, se Lula é o único que pode derrotar Bolsonaro e o setor fundamental do imperialismo, condicionar o apoio a ele a um cargo é utilizar o povo de refém para interesses eleitoreiros.

A política revolucionária para o Chile e para o Brasil

Nada de mal menor! A teoria do mal menor serve apenas para subordinar a esquerda aos seus maiores inimigos. Se Boulos levasse consequentemente essa teoria ao fim, apoiaria desde já Lula, no entanto, ele não o faz, pois essa teoria serve apenas para tentar forçar a esquerda a apoiar seus inimigos.

Para apoiar Lula, que é de interesse da classe operária, Boulos enrola e coloca um monte de senões; mas, servindo-se da mesma teoria, apoia Boric no Chile. É preciso entender, para desatar esse nó de confusão criado pelos identitários, a política revolucionária em relação a esse problema do mal menor.

O mal menor serve apenas à capitulação. Portanto, um revolucionário só apoiará uma candidatura eleitoral na medida em que ela sirva aos interesses da classe operária. Num país atrasado, o problema do imperialismo e da autodeterminação é colocado, e a candidatura de Lula exerce um papel progressista para resolver a situação, por isso deve ser apoiada. Boric, no Chile, não representa a luta por autodeterminação, muito menos a mobilização revolucionária da classe operária. Boric representa o oposto: a tentativa do imperialismo de cooptar a esquerda, colocar sua direção a seu serviço e imobilizar o povo.

É exatamente por isso, por compreender a situação do modo que ela de fato está posta, que a política revolucionária é, não só apoiar Lula de palavra, mas lutar por sua candidatura e pela derrota do golpe. Essa é a política que o PCO leva adiante; Boulos leva a política do oportunismo adiante, a de chantagear Lula, o exato oposto. Em relação a Boric, denunciamos que ele leva a política do imperialismo, de confusão, para a classe operária chilena; Boulos o saúda. Tudo segue de acordo com a luta de classes: Boulos não toma essas políticas por confusões pessoais, mas sim por seguir a política do IREE, por defender a política do imperialismo de modo consequente, sistemático. 

Em relação ao Chile, não temos de defender o mal menor, mas sim denunciar e combater a infiltração imperialista na esquerda. O papel de um revolucionário é organizar a classe operária, mobilizá-la, não se render a ilusões eleitorais.

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