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Uma Estrela Solitária que cai

Botafogo, um patrimônio do esporte brasileiro, agora dos EUA

John Textor empresário norte americano entra no futebol brasileiro para lucrar com um dos mais tradicionais clubes do país

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O Botafogo de Futebol e Regatas está muito próximo de ser privatizado e todo seu patrimônio material e imaterial entregue à Eagle Holding, fundo americano de John Textor. O mesmo fundo já domina clubes como o inglês Cristal Palace. Em agosto, Textor acertou a compra de 18% da instituição londrina e virou um dos donos do clube bretão. Os valores gastos com o clube da Inglaterra foram de 87,5 milhões de libras (R$ 630 milhões, na cotação da época), valor superior aos  R$ 410 milhões para comprar a SAF do Botafogo. O que dará a Textor muito possivelmente um lucro muito maior, ao adquirir um dos clubes de maior torcida do país e que está de volta à elite do melhor futebol do mundo. 

 Mesmo com os milhões de Reais, a privatização chega sem o anuncio de nenhuma grande estrela do futebol. Inclusive se veicula, que o empresário americano fará um empréstimo para viabilizar as operações do clube no primeiro semestre de 2022. Ou seja, mesmo com a privatização não há dinheiro jorrando para o clube, pois ainda não anunciou nenhum reforço para a temporada de 2022, com o clube mantendo suas dificuldades financeiras. Afinal tudo isto não é nada diferente de velhas receitas capitalistas, explorar e aniquilar tudo o que for possível, pois o objetivo é apenas lucrar.  

 Com a venda o clube de uma das maiores tradições e histórias do futebol brasileiro, passa a ter um dono, que não mais é a torcida do Botafogo, mas John Textor. Até parece roteiro de filme macabro( e de fato, o é) onde os excluídos perdem ainda mais e aparece um estrangeiro capitalista para levar tudo como uma sagaz ave de rapina. 

Com a oficialização da venda da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Botafogo para o grupo Eagle Holding, todas as questões do clube passarão pelo empresário para as decisões serem tomadas. Em relação ao presidente Durcesio Mello, ele seguirá em seu cargo, mas será apenas um apêndice nas decisões do Botafogo. 

Como nas maiores entregas das riquezas nacionais, como as vistas durante o governo FHC no Brasil, aqui também os assuntos continuam todos muito obscuros, não há respostas para as principais indagações do torcedor. 

Para começar o empresário assina documentos em que diz que aceita as condições determinadas pelo clube, mas não se torna o comprador imediatamente após a assinatura. De acordo com a imprensa esportiva que acompanha o processo, os próximos passos são a criação e assinatura de um chamado contrato vinculante – bem mais detalhado, mas sem data para ser realizado. A terceira etapa será a checagem de todos os documentos que estão no contrato vinculante e estima-se que dure cerca de 60 dias. 

 Como nos negócios, à la FHC, o Botafogo para que o clube vire uma SAF ficará com uma porcentagem mínima logo acima de 10%. Mas isso não significa que a Eagle Holdings vá comprar os 90% restantes.   

De acordo com os acertos iniciais, mas que mais se parecem com acertos de “boca”, o clube espera receber valores na primeira quinzena de janeiro para assim poder realizar o processo de montagem do elenco para a próxima temporada. Até o momento, apenas o ídolo Gatito Fernandes teve sua renovação até o fim de 2022. 

 Com tal contrato de boca, mal se sabe até quando poderá durar o império de John Textor. As promessas capitalistas para pegar o filão que é o Botafogo de Futebol e Regatas são de que o capital será destinado à Sociedade Anônima em várias frentes, como a melhoria da estrutura do futebol do clube, com a construção de outro CT e a formação de um elenco competitivo. Essas são as promessas. Mas a realidade poderá ser ainda mais dura para os torcedores da lendária estrela solitária. 

A história de glórias do Botafogo de Futebol e Regatas, que agora poderá virar Botafogo S/A, se iniciou em 1948, com a lendário vitória em em General Severiano sobre o famoso Expresso da Vitória, do Vasco da Gama. Daí para frente centenas de grandes vitórias e ídolos. Em 1957, campeão carioca foi com uma histórica goleada por 6 a 2 sobre o Fluminense. O time alvinegro naquela época reuniu craques como Garrincha, Nilton Santos, Didi, Quarentinha, Amarildo, Paulo Valentim e Zagallo, conquistando três Campeonatos Estaduais, três Rio-São Paulo e servindo de base para a Seleção Brasileira que conquistou as Copas do Mundo em 1958 e 1962. As glórias continuaram com o bicampeonato carioca de 67-68 e da Taça Guanabara e primeiro campeonato brasileiro (Taça Brasil) em 1968. Em 1989, na histórica vitória de 1 x 0 sobre o Flamengo, quebrou o jejum de 21 anos com uma campanha invicta. No ano seguinte veio o bi, e em 1993, a Copa Conmebol, tornando o Botafogo o primeiro clube carioca a levantar um título internacional no Maracanã.  

Em 1995, conquistou o Campeonato Brasileiro, comandado por Túlio Maravilha, Gonçalves e Donizete e outros. Em 1997, a torcida alvinegra comemorou a conquista da Taça Guanabara (com 100% de aproveitamento), da Taça Rio e do Campeonato Estadual de 1997. Para completar a década, o tetracampeonato do Rio-São Paulo em 1998.  

Após novo jejum e uma passagem pela série B, no ano de 2006, o Botafogo conquistou a Taça Guanabara e o Carioca. Nos anos de 2007 e 2008 levantou a Taça Rio e em 2009 venceu a Taça Guanabara, chegando a três finais consecutivas. Em 2010, o Botafogo ganhou o Campeonato Carioca de forma histórica, arrancando de uma goleada por 6 a 0 para o Vasco para a conquista das Taças Guanabara e Rio e do Estadual, sem necessidade de final. No jogo decisivo, uma vitória por 2 a 1 sobre o Flamengo, levando a torcida a loucura com cavadinha de Loco Abreu e Jefferson(ex-seleção) defendendo pênalti de Adriano, o imperador. 

Infelizmente toda essa história agora será usada por um capitalista norte americano para ganhar milhões de dólares. 

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