O presidente ilegítimo e genocida, Jair Bolsonaro, vetou na sexta (23) 200 milhões de reais do orçamento que seriam destinados ao desenvolvimento da vacina 100% nacional em projeto que seria apoiado pelo Ministério da Ciência. Tecnologia e Inovação. Segundo o governo estariam reservados R$ 207,2 milhões para o projeto dos quais R$ 200 milhões haviam sido destinados por emenda do relator do orçamento, o senador Marcio Bittar (MDB-AC).
A vacina seria desenvolvida por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto. Em março os pesquisadores afirmaram que, mantidos os recursos, a vacina passaria por testes por mais 9 ou 12 meses, com a perspectiva de conclusão no início de 2022.
Na quinta tanto o Ministro da pasta, o ex-astronauta Marcos Pontes, e o Bolsonaro fizeram uma live para seus seguidores e se vangloriavam de estarem desenvolvendo uma vacina genuinamente brasileira, ao contrário da vacina recentemente anunciada pelo Butatan, disse Bolsonaro:
“Marcão, vamos lá. Como é que tá a nossa vacina brasileira? Essa é 100% brasileira, não é aquela ‘mandrake’ de São Paulo, não né”
Bolsonaro se referiu à vacina Butanvac que foi anunciada no mês passado pelo governador genocida João Doria, como sendo a primeira vacina 100% nacional. Pouco depois se descobriu que, na verdade, a base do imunizante havia sido desenvolvida por pesquisadores do hospital Monte Sinai de Nova Iorque, que havia cedido gratuitamente ao Butantan.
Pura propaganda
Em primeiro lugar é preciso deixar claro que tanto a iniciativa de Bolsonaro e seu ministro “astronauta” como a de João Doria não passam de uma peça de propaganda com claros fins eleitorais. Neste terreno o governador se antecipou e desde dezembro de 2020 vem anunciando a Coronavac como “a vacina do Brasil”, porém, até o momento apenas 5,7% da população viu a vacinação de fato, ou seja, as duas doses. Em São Paulo somente 8% foram de imunizados.
Bolsonaro, para não ficar atrás na campanha demagógica vem anunciando novos contratos com os monopólios das indústrias farmacêuticas, gastando rios de dinheiro, e mesmo assim não recebendo a quantidade suficiente para garantir que o tal “programa nacional de imunização” saia do papel e passe a vacinar de forma regular uma quantidade considerável de pessoas por dia.
Pelo contrário, o que se vê é a cada dia prefeituras interrompendo a vacinação por falta de vacinas. O que claramente coloca que a população brasileira e principalmente boa parte da população economicamente ativa, a julgar pelo ritmo de vacinação, o que está diretamente relacionado à disponibilidade de vacinas, só será vacinada em 2022 ou 2023.
Tanto Bolsonaro como Doria, na verdade, não tem dedicado grandes esforços para a vacinação da população exceto pela grande propaganda que fazem, o que se comprova com a escassez de vacinas pelo país. O que está sendo alertado por especialistas e até pelo atual ministro da saúde, Marcelo Queiroga, que o país enfrentará várias semanas de escassez de vacinas. O que se dá pela combinação da falta de investimento na produção nacional do medicamento, utilizando a indústria e pesquisas nacionais e pelo verdadeiro bloqueio que os países imperialistas tem causado ao adquirir praticamente todo o estoque de vacinas disponível no mundo, chegando ao ponto de países como Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Austrália, terem mais vacinas do que habitantes, várias vezes mais em alguns casos.
É assim que acontece o genocídio
Contudo, o aspecto mais importante que vemos a partir desse corte de orçamento feito por Bolsonaro e seu governo, é o que realmente confirma a sua política genocida. Ao cortar o orçamento para a vacina, que poderia acelerar a imunização, deixa milhões de brasileiros na fila, sem data, para se vacinar e expostos aos ônibus, trens e metrôs lotados, aos ambientes de trabalho etc. Ou seja, permite que o morticínio da classe trabalhadora, dos pobres mais explorados perdure por mais tempo, sem perspectiva nenhuma de um fim.
Até porque a lógica das vacinas produzidas pelos monopólios multinacionais – Pfizer, Astrazeneca, Jansen, Roche – não é o bem estar, nem a saúde da população, mas sim os lucros de seus proprietários e acionistas. Uma vacina pública 100% nacional poderia ser o caminho para quebrar essa lógica e levar a imunização a toda a população, independentemente da classe social ou de onde estivesse, se nos centros urbanos ou nos rincões do interior do país.
O corte de verbas para a vacina, assim como ocorreu com o corte de verbas para a educação, confirma, não só que Bolsonaro e seu governo é genocida e propaga a morte dos brasileiros, mas também que essa é a política da burguesia para a população. A burguesia que colocou Bolsonaro na presidência, que colocou um autêntico representante dos banqueiros no Ministério da Economia e que determina onde, como e quando o governo vai ou não gastar. E, como ficou evidentemente claro neste caso, não será com a população.
Mesmo enfrentando uma crise sanitária, econômica e social sem precedentes na história do país, acumulando quase 500 mil mortos (em números oficiais), estando mais de 60% da força de trabalho desempregada e amargando a redução drástica da renda e a carestia dos itens básicos de consumo, a política da burguesia permanece a mesma, a ordem é: corta aonde não nos interessa.