Inúmeras iniciativas vem sendo tomadas pelo imperialismo norte americano para levar adiante uma política agressiva no terreno militar. A crise vem se acirrando entre EUA e Rússia. A crise parte de uma provocação cínica do governo norte-americano, do “democrático” Joe Biden.
O governo norte-americano está instigando o governo da Ucrânia a realizar uma agressão contra as duas repúblicas separatistas da região do Donetz. Essas repúblicas foram criadas no golpe de estado apoiado pelo governo norte americano que tinha inclusive Joe Biden como vice presidente norte americano e um dos articuladores desta operação criou um movimento artificial, contra o governo eleito e que teve grande participação da extrema direita nazista, que tinha como um de seus “estandartes” a luta contra a “corrupção”.
O governo foi derrubado e população de etnia russa assustada com extrema direita realizou um movimento separatista que foi apoiado pela Rússia naquele momento, a própria Rússia por motivos estratégicos ocupou a Criméia. Se o imperialismo norte americano tivesse tomado esses portos seria uma ameaça direta à Rússia que já está ameaçada por todos os lados. Pois os EUA e a OTAN construíram uma rede de armamentos e mísseis em todo o Leste europeu, particularmente Polônia, o que deixa o imperialismo forte para um avanço.
Durante o governo de Trump, este procurou estabelecer melhores relações com Putin e de certa forma os atritos se mantiveram mais congelados. Mas agora que se estabeleceu nos EUA um governo mais alinhado com interesses capitalistas gerais e dos bancos, o governo norte americano instigou o governo da Ucrânia para reiniciar hostilidades contra as repúblicas separatistas. O objetivo é forçar uma iniciativa do governo russo em defesa dessas regiões e assim se dariam condições para se iniciar um enfrentamento militar de grande escala.
Os russos falam em guerra mundial, situação que em perspectiva estão corretas, mas no momento imediato as provocações visam fazer com que os russos venham a retroceder.
Sobre a base dessa alegação e sob alegação de que governo russo interveio nas eleições norte-americanas, o imperialismo veio com uma serie de sanções econômicas contra Rússia, buscando criar uma situação desesperadora no meio da população pra ver se ela se volta contra governo russo.
Países como Venezuela, Cuba, Irã e outros estão sob sanções norte-americanas, com isso o estrago para estas populações é muito grande, por que o imperialismo é muito poderoso. Não se trata apenas dos EUA, mas de todo bloco imperialista que tem poder de forçar outros países a aderirem ao bloqueio sob pena de sofrerem sanções econômicas severas.
Essa política normalmente causa grande estrago as condições de vida da população. Como na Venezuela onde insumos médicos e outros estão bloqueados, levando a uma retração econômica, o que torna difícil para estes países viverem de forma autônoma.
A crise gerada pelas sanções levaram a que o embaixador russo fosse expulso dos EUA. Frente a isso o governo Putin reagiu com a expulsão de 10 diplomatas da Rússia. A escalada nas hostilidades políticas assumem contornos de enorme gravidade.
Outra situação catastrófica se mostrou com a recente reunião entre o Premier japonês, Yoshihide Suga e Joe Biden. Na reunião, Biden na sua tentativa de fazer crescer provocações contra China (lembrando que este é o governo que foi eleito e apoiado até pela pequena burguesia de esquerda brasileira em nome da democracia, do bem, da defesa da mulher, do negro, dos LGBT, carga extraordinária de bondade), que seria o governo “autoritário” que ameaça os países vizinhos etc e tal. Assim Biden disse que é preciso ajudar o Japão a se armar (contra China), reforçar suas defesas, e inclusive essas defesas deveriam ter caráter de defesa atômica. Ou seja, o Japão que ficou interditado depois da II Guerra Mundial está agora sendo estimulado a se armar até os dentes, inclusive com a produção de bomba atômica própria. Todas estas ações demonstram todo o caráter pacifista do governo Joe Biden, que chega agora a estimular a guerra atômica contra seus opositores de mercado.
A política chinesa não é de invadir o Japão, a posição chinesa é defensiva, suas reivindicações são em termos de território e presença militar para garantir a sua defesa própria.
Não se pode deixar passar que boa parte da esquerda nacional declarou que a vitória de Biden era uma grande conquista democrática, contra o fascismo de Donald Trump. E agora toda essa perspectiva democrática se encaminha para a política de derramamento de sangue e de colocar em pauta a guerra atômica.
O que está por trás de toda essa iniciativa bélica imperialista
Como já havíamos previsto, primeiramente, o capitalismo em crise se torna mais agressivo na disputa por aquele espaço econômico fundamental. O capitalismo só pode sobreviver se mantiver controle rigoroso do mercado mundial, governos, empresas, matérias primas etc.
A crise capitalista de 1974 levou a situação mundial que obrigou empresas imperialistas a um imenso investimento na China, que é este o segredo do crescimento da China. Este investimento se deu as custas de uma mão de obra extremamente barata, e, tinha como objetivo controlar a inflação desenfreada que dominou década de 80.
O governo direitista chinês em 1989, deu uma espécie de golpe de estado que esmagou o movimento operário que se levantava, estrangulou os sindicatos e fez o mesmo com os estudantes etc.
Muitos acham que aquele movimento era um movimento contra os capitalistas, grande engano, todo o movimento era contra o neoliberalismo. Entre os que aprovaram a repressão chinesa estavam alguns dos principais nomes do neoliberalismo internacional como o economista austríaco Friedrich Hayek, que diga-se de passagem é um dos pais do neoliberalismo. Estes aplaudiram de pé a guinada na política chinesa para um viés mais capitalista. Este é o ponto de inflexão da restauração do capitalismo na China. Com isso os capitalistas chineses receberam grande afluxo de capitais estrangeiros, principalmente os que precisavam de mão de obra barata, como a utilizada na montagem de computadores.
Além disso uma série de outras mercadorias baratas produzidas na China compensavam a tendência ao aumento de preços nos países capitalistas. Em contrapartida os países imperialistas foram obrigados a investir somas gigantescas na China, isso deu impulso a um acúmulo de capital e um desenvolvimento tecnológico na china, que deu aos chineses a perspectiva de expandir negócios para fora do país asiático, exportando inclusive fábricas para outros países asiáticos, como Mianmar. Os russos também se aproveitaram da debilidade do imperialismo e trataram de ampliar suas perspectivas econômicas e militar. A guerra na Síria deu a oportunidade aos russos de terem acesso ao mar mediterrâneo, fincando bases militares na Síria etc.
Nesse meio tempo, o imperialismo teve um acidente de percurso, em que a crise do regime imperialista neoliberal, levou ao governo um político fora do esquema, Donald Trump, que durante os últimos quatro anos, freou por determinados motivos a política militarista. Tal situação tem a ver principalmente com suas prioridades de investimento (setor da burguesia norte-americana que é separado dos que controlam o mercado mundial). Assim o imperialismo perdeu quatro anos de atividade militar, de intimidação, de massacre e ocupação, isso num momento em que a situação está fora de controle em vários lugares. No Oriente Médio, particularmente, há vários países que expressam tamanha crise como a Líbia, a questão da Síria onde o imperialismo sofreu uma derrota. Há também a luta da Arábia Saudita contra guerrilheiros num país vizinho. A Turquia, o Afeganistão, onde talibã está neste momento cantando vitória contra a ocupação americana.
A missão do governo Biden é recuperar terreno perdido para esses países. A política mundial tem estrutura de dominação, ela não é uma relação entre países simplesmente. O bloco imperialista domina o mundo, logicamente essa dominação provoca rebeliões e revoluções contra o próprio imperialismo. De um modo geral, o status quo internacional estabelecido depois da guerra mundial domina o mercado mundial, onde o imperialismo europeu, o imperialismo americano e o imperialismo japonês dominam a economia mundial.
Essa perda de terreno econômico para países como a China e a Rússia causa problemas para essa dominação mundial e Biden quer reverter essa situação. Para o governo norte americano reverter essa situação será necessário muita truculência e ao mesmo tempo muita demagogia para justificar os horrores que o imperialismo vai produzir no próximo período.
Esse quadro é importante pra entender a situação da América Latina (AL) e o Brasil. Do ponto de vista do imperialismo norte americano, a América Latina é um espaço geográfico, político e militar qualquer, pelo contrário, a América em geral é o espaço geográfico fundamental, vital do imperialismo norte americano, pois essa é sua base de operações em relação ao resto do mundo. Portanto, situação da AL é fundamental e decisiva para imperialismo norte-americano. Isso significa estabelecer aqui os governos que sejam subservientes a essa política geral. Nesse sentido, desde a década passada com uma enorme sequência de golpes de estado, realizados em praticamente todos países da AL e na América Central, cujos governos passaram para mãos da direita pró imperialista. Esse quadro culminou com golpe no Brasil em 2016 que num certo sentido consolidou a situação. No marco desses golpes tivemos dois episódios que pareciam que a situação estava se revertendo: Argentina e Bolívia. Onde a esquerda recuperou o governo pela via eleitoral. A derrota do golpe boliviano que elegeu a ala direita do partido do Evo Morales e ala direita do peronismo na Argentina. Mas essa não é a tendência que vai se consolidar na AL.
No Equador tivemos situação em que o candidato do ex-presidente Rafael Correa que foi para segundo turno, estava em primeiro lugar e o candidato da direita que foi pro segundo turno de forma minoritária, acabou ganhando a eleição com denúncias de fraude eleitoral.
Todos estes aspectos mostram que não há uma tendência da burguesia latino americana associada ao imperialismo e do próprio imperialismo para uma mudança de política. O que demonstra isso, não é tanto a vitória da direita nas eleições, mas é o fato de tal vitória foi obtida por meio de uma fraude eleitoral, espécie de golpe de estado. Não há eleição democrática, a eleição é apenas uma fachada.
Um segundo caso na AL importante ocorreu nas eleições departamentais na Bolívia, onde o partido do ex-presidente sofreu uma derrota muito importante, no departamento de La Paz, que é o centro das lutas contra o golpe naquele país. Essa derrota em La Paz mostra que o governo do movimento ao Socialismo(MAS) não irá conseguir se sustentar. Não há um movimento das massas operárias e camponesas que consigam se sustentar para a defesa dos direitos democráticos da população.
O terceiro caso é o do Peru, com seu resultado eleitoral surpreendente. Em primeiro lugar para o segundo turno foi um candidato que era praticamente desconhecido, Pedro Castillo, que é apresentado por um alguns, como de esquerda, pois apresenta de maneira genérica uma defesa da economia peruana, mas ao mesmo tempo tem uma série de colocações de extrema direita. Na verdade é um candidato obscuro que pode acabar sendo qualquer coisa. Esse candidato foi levado ao segundo turno, pois a grande burguesia peruana para evitar que a candidata da esquerda mais moderada fosse para segundo turno, deu um certo apoio para frear e impedir que a esquerda moderada fosse ao segundo turno, contra a candidata fascista, a ex-deputada Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000), do Partido de direita, Força Popular.
Os três casos mostram que há um esforço sistemático do imperialismo para manter a rota dos golpes de estado. O imperialismo não está disposto a abrir mão do controle dos países da AL em função de eleições.
Um fato dado é que em todos os países da América latina estão se organizando forças de extrema direita, outro fato é que estão surgindo candidatos de esquerda que estão sendo utilizados para garantir a vitória da direita, com estes candidatos sendo utilizados para derrubar perspectivas de esquerda ou nacionalistas que de fato poderiam ser uma afronta mais perigosa ao imperialismo, caso do Equador e do Peru, são por demais evidentes desta organização.
O imperialismo, com a sua falsa propaganda democrática, encabeçado pelo Biden não irão deixar de utilizar a demagogia democrática, esquerdista, eco-socialista, identitária. Com tudo isso, o imperialismo pode conviver com isso, mas o imperialismo não pode conviver com nenhum grau de resistência à política neoliberal, que tende a ser ainda mais dura.
Todo esse quadro político geral vem se afirmando num sentido negativo para a esquerda, principalmente para a esquerda que esteve no poder m todos esses lugares, assim como no Brasil.





