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Identitarismo

Autocensura? Editora retira livros de catálogo por serem racistas

Assim como no caso das obras de Monteiro Lobato no Brasil, censura atinge obras clássicas nos Estados Unidos.

Diante da crise do sistema capitalista, econômica e política, a burguesia impulsiona a política do identitarismo, que busca censurar quem não se adeque ao discurso aceitável. Diferente do que pensa a esquerda, esse tipo de política não combate de fato o racismo, mas sim, serve para minar as bases de luta dos setores populares e esconder o racismo real. Assim como tem acontecido no Brasil com as obras de Monteiro Lobato, a editora do escritor de livros infantis norte-americano Dr. Seuss, pseudônimo de Theodor Seuss Geisel, suspendeu a publicação e comercialização de seis obras. De acordo com a própria editora, houve uma análise por um grupo formado por educadores que consideraram que as obras tinham conteúdo racista ou xenófobo. Mesmo que seja verdade tal afirmação, tal posicionamento não passa de uma histeria e demagogia identitárias.

Dr. Seuss é um escritor muito popular nos Estados Unidos. Suas obras são lidas em mais de cem países. Um dos seus livros mais populares “Como o Grinch Roubou o Natal” virou filme em 2000, protagonizado por Jim Carrey. As obras do norte-americano são escritas em forma de rima, e todo ano por volta do dia 02 de março, data do aniversário do escritor, escolas no país fazem eventos literários e comemorações em homenagem ao autor.

O racismo ou qualquer outra opressão a um setor da sociedade possui bases econômicas. Considerar que haverá uma mudança em relação a essa opressão com a censura, é uma política de pessoas mal intencionadas ou muito despolitizadas em relação a estrutura da sociedade. A cultura é uma expressão da sociedade, neste caso da sociedade burguesa, e a censura só serve para ocultar o real problema. A censura no país economicamente mais desenvolvido, em relação a uma obra que é exportada para mais de 100 países, tem um impacto muito maior do que apenas no país de origem daquela obra. A censura em relação a obras que são consideradas ofensivas ou de mal gosto por setores identitários, foram também implementadas nos desenhos, jogos eletrônicos e físicos dentro de outros países.

Independente do julgamento da obra de um autor, a censura não é o mecanismo da classe operária para combater o racismo. Esforçar-se por esconder as mazelas e podridão da sociedade burguesa, que inevitavelmente ecoam em obras artísticas, apenas contribui para que essas mazelas não sejam combatidas de fato. A obra é uma expressão da sociedade em que ela está, e se ela se expressade forma racista ,os movimentos populares devem lutar para acabar com o racismo na própria sociedade e não individualizar a questão.

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