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Demagogia

Até a CIA agora quer ser antirracista

Novo site da Agência Central de Inteligência enfatiza a ideia de representatividade e inclusão das mulheres, negros e imigrantes no aparelho de espionagem

A Agência Central de Inteligência (CIA, siga em inglês) dos Estados Unidos da América (EUA) inaugurou seu novo portal na internet em 4 de janeiro de 2021. A página exibe um novo visual e afirma que está entre suas prioridades o recrutamento de agentes dos grupos sub-representados na sociedade americana, como mulheres, negros e imigrantes.

O orçamento da CIA para o ano passado foi de US$ 62,7 bilhões. A Agência proporciona salários de até US$112 mil dólares. A mudança tem por objetivo atrair os jovens e tentar modificar a imagem da CIA, passando a impressão de que há um esforço para incluir as minorias, de forma a torná-la mais representativa.

É importante destacar que a CIA é um dos principais instrumentos de intervenção política dos Estados Unidos pelo mundo. Nas décadas de 1950 e 1960, a Agência foi responsável por organizar  e executar os assassinatos de importantes lideranças do movimento nacionalista africano. A montagem das ditaduras militares na América Latina seria impossível sem sua assessoria direta, inclusive com cursos de técnicas avançadas de tortura, ocultamento de cadáveres e repressão política às Forças Armadas e Polícias.

As propagandas da representatividade e inclusão das minorias entram em contradição com a história da CIA. Como pode ser possível que um instrumento de assassinato das lideranças nacionalistas africanas, efetuada para impedir uma verdadeira independência nacional das ex-colônias africanas, possa representar os negros?

Sabe-se da existência de uma rede de prisões secretas administradas pela CIA espalhadas pelo mundo, que funcionam como centros de torturas dos inimigos políticos dos Estados Unidos. No Iraque e Afeganistão, países invadidos e destruídos pelos americanos, a CIA teve papel de destaque na implantação do terrorismo contra a população.

Embora sua atividade esteja vinculada à política externa, é factível que a CIA assessore o FBI (Federal Bureau of Investigation – Departamento Federal de Investigações) no monitoramento e repressão permanente ao movimento negro. Na época das mobilizações pelos direitos civis, o FBI atuou deliberadamente para destruir as organizações de luta do povo negro. Nos períodos do Pânico Vermelho (“Red Scare” -1919-1921) e do Macarthismo (1950-1960), os órgãos de repressão americanos se empenharam na perseguição fascista à esquerda.

Trata-se da tradicional demagogia identitária imperialista, que agora busca se travestir de antirracista, mas mantém os negros e imigrantes, sobretudo latinos, em condições terríveis e condena milhões de africanos à miséria. O recrutamento de negros, mulheres e imigrantes não passa de uma manobra de propaganda, com o efeito real de formar espiões e agentes da inteligência norte-americana, capitães-do-mato à serviço do imperialismo “democrático”.

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