Os teatro I’Odéon e La Colline, em Paris (França), e o teatro Nacional, em Estrasburgo, foram ocupados no último dia 04 deste mês por artistas, técnicos e funcionários ligados ao setor da cultura da França, que reivindicam o “direito ao trabalho”, diz o dramaturgo Emmanuel Meirieu.
Os manifestantes acentuam que não há nenhum tipo de proibição para que o trabalhador comum esteja em um vagão de trem lotado, mas que, ironicamente, mesmo atendendo aos protocolos de restrição e distanciamento social o governo fecha os espaços de cultura do país, que teve apenas cinco meses de trabalho entre as medidas mais de restritivas de 2020 e deste ano.
Apesar dos espaços ocupados no teatro I’Odéon serem de difícil ocupação, pois têm apenas um banheiro e muitas correntes de ar, o que é extremamente difícil em uma cidade fria como Paris, os manifestantes estão lá protestando por questões essenciais à população francesa, conforme diz Pierre, um dos ocupantes.
Outra ocupante, a cineasta Val Massadian diz “queremos um ano em branco para todos”, se referindo ao beneficio que é garantido aos profissionais da cultura neste momento de pandemia e que não é estendido a demais setores da sociedade francesa.
O programa “ano em branco” é um beneficio garantido a esse setor o qual precisa trabalhar 507 horas por ano para garantir um seguro desemprego, e assim complementar seu salário. Complementa ainda dizendo que o protesto não é somente destinado aos trabalhadores do setor cultural, mas que também buscam dar voz a outros setores prejudicados nesta pandemia, como a hotelaria e o turismo.
A reivindicação destas ocupações reverbera mais uma vez uma das grandes contradições que a esquerda brasileira vive atualmente, tendo em vista que ao invés de esclarecer e mobilizar a população para reivindicar programas de testagem, proteção social e vacinação prefere fazer coro com o falso “lockdown”, pregado pela direita e impressa golpista.
No Brasil, a situação é semelhante a da França, mas com postura totalmente adversa dos setores de liderança da população trabalhadora, que se recusam a chamar o povo a protestar e reivindicar seus diretos. Ao contrário, propagam a estratégia policialesca da direita de caçar a população através da falsa política de “lockdown”. Assim como na França, os trabalhadores precisam conquistar o direito a testagem, proteção social e a vacina nas ruas e pela mobilização social.