Com a campanha direitista pela chapa Lula e Alckmin, setores da esquerda definem Alckmin como uma figura da direita “democrática”, como alguém que poderia ajudar na governabilidade de Lula ou até mesmo, ganhar votos para o PT. Bom, isso vale apenas para quem tem “memória de peixe”, ou para pegar algum desavisado no meio do caminho. Demonstraremos aqui, com um breve histórico, que Alckmin, ao contrário de “democrático”, foi e será um fascista sempre que a burguesia precisar, seja para atacar o PT ou para reprimir brutalmente a população.
Em 2006, ano em que Alckmin disputava a presidência contra Lula, um dos principais motes de sua campanha era atacar, sem nenhuma prova e com total virulência, Lula e o PT como grandes criminosos do mensalão. Ele dizia que o ex-presidente “convivia com o crime” e o acusava, sempre que possível, de ser “chefe de quadrilha”.
Nos debates da campanha, para quem bem se lembra, Alckmin bradejava sobre os gigantescos escândalos de corrupção do PT, lado a lado, é claro, da Imprensa Burguesa e de toda a operação golpista em voga. Na época, inclusive, Lula classificou a participação de Alckmin nos debates das eleições como triste e comparou-o a um “delegado de porta de cadeia”. Lula chegou até a ganhar um direito de resposta na Justiça após Alckmin compará-lo a um “ladrão de carros” e dizer que no governo federal havia uma “sofisticada organização criminosa”.
No mesmo ano, em um comício em Minas Gerais, Alckmin declarou:
“Que tempos são esses em que um procurador-geral da República denuncia uma quadrilha de 40 criminosos que tem na lista ministros, auxiliares e amigos do presidente? Que tempos são esses em que cada vez que ouvem uma notícia sobre a quadrilha dos 40, os brasileiros pensam automaticamente em silêncio: ‘e o chefe, onde está o chefe, o líder dos 40 ladrões … o que os brasileiros viram nos últimos anos não tem paralelo na história – nunca houve tanta desfaçatez e tanto banditismo em esferas tão altas da República”.
Alckmin, ainda em 2006, disse que o PT tinha associação com o PCC em São Paulo. “Há indícios, sim [de associação]. Basta você olhar os manifestos do PCC, o que eles dizem sobre a política e coisas que se diz que eles dizem, inclusive nas gravações. Eu não diria que há provas, mas isso merece ser investigado”, como ele explicou bem.
Finalmente, seguindo o tom da burguesia, Alckmin foi um dos principais defensores do Mensalão. Processo farsa que a direita evoluiu para um sistema de ataques severos contra a classe trabalhadora. Desde lá, o golpe já estava sendo colocado em prática no País, e Alckmin, foi um de seus principais vetores.
Já em 2016, com os ataques fulminantes contra o governo Dilma. Alckmin, famoso por reprimir brutalmente as manifestações de 2013, liberou o metrô e fechou a Avenida Paulista para os atos da direita contra Dilma. Ele, abertamente, após a primeira declaração de FHC defendendo que Dilma deveria ser retirada do poder, concordou em “número, gênero e grau” com a fala golpista.
— A entrevista do presidente Fernando Henrique, como sempre, extremamente lúcida, patriótica e de homem que tem espírito público. Concordo em número, gênero e grau. Entendo que o Brasil vai sair mais fortalecido de todo esse triste momento — afirmou o governador.
Mais tarde, em 2018, Alckmin também teve um papel central na campanha pela prisão de Lula e pela consolidação do golpe de estado. Em um evento para lançar sua pré candidatura, ele fez um discurso completo atacando Lula e o PT.
Segue o vídeo:
“Os brasileiros não são tolos, estão vacinados com o modelo lulopetista de confundir para dividir, de iludir para reinar. mas vejam a audácia dessa turma, depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder, ou seja meus amigos, ele quer voltar a cena do crime. Será que os petistas merecem uma nova oportunidade? Fiquem certo de uma coisa, nós os derrotaremos nas urnas. Lula será condenado nas urnas pela maior recessão da nossa história. As urnas os condenarão pelos 15 milhões de empregos perdidos, pelas milhares de empresas fechadas, pelos sonhos desfeitos, pelos negócios falidos, por ter sucateado a nossa saúde, atentado contra a saúde dos brasileiros. Às urnas os condenarão pelo desgoverno, pela destruição da petrobras, por obras inacabadas e abandonadas e por jogar brasileiros contra brasileiros”
Pois bem, fica extremamente claro que a campanha do Alckmin foi uma campanha golpista e mentirosa contra o PT. Alckmin, que hoje é chamado para se juntar à esquerda no combate ao bolsonarismo, foi um dos principais agentes para levar Bolsonaro ao poder e fundamentar o golpe de estado. As mentiras escabrosas, como o fato do Lula ter destruído a Petrobras e sucateado completamente o sistema de saúde brasileiro, são risíveis, mas são parte central da campanha de perseguição ao governo petista.
Quando Lula foi preso, e a disputa estava entre Haddad e Bolsonaro, vejamos o que Alckmin falou sobre Haddad em um twitte, uma verdadeira demonstração de sua grande combatividade contra o candidato da extrema direita: “Caro Fernando Haddad, não é o meu partido que é comandado de dentro de um presídio. Nem minha campanha foi lançada na porta de uma penitenciária. Em São Paulo, bandido pega cena dura. Nós construímos 99 novos presídios e reduzimos a criminalidade.”

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Na realidade, Alckmin já deu o tom em 2018 quando disse que não iria se aliar de maneira alguma com o PT: “Não existe a menor chance de aliança com o PT. Vou disputar e vencer o segundo turno, para recuperar os empregos que eles destruíram saqueando o Brasil. Jamais terão meu apoio para voltar à cena do crime. Seus apoiadores são aqueles que acampam em frente a uma penitenciária”.
O recado deveria ser mais do que suficiente para o PT e, especialmente Lula, não se aliar com o golpista. Entretanto, a pressão da burguesia e os setores mais direitistas da esquerda querem impor um vice canalha, mentiroso e lavajatista para a campanha do principal candidato e da única candidatura da esquerda no País.
Alckmin não trará mais apoio ao PT no parlamento. Alckmin não ganhará mais votos para o PT. Pelo contrário, ele fará tudo que for necessário para boicotar a candidatura do Lula ao movimento popular e operário brasileiro.
Lula sim, Alckmin não!
Todos às ruas por um vice representante do povo!
Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas!