Aumentam cada vez mais as declarações de algumas figuras dentro do Partido dos Trabalhadores em prol de uma hipotética aliança eleitoral em 2022 com o centrão. Hipotética porque, apesar dos últimos resultados no âmbito jurídico, não é certo que Lula poderá ser candidato, e qualquer candidatura que não seja a de Lula será uma repetição do que vimos em 2018.
Aprendemos com os últimos 6 anos da política brasileira que as instituições estão contra os petistas, e que o único escudo do PT é a mobilização popular. Alianças com o centrão, ou com a direita mais “progressista”, se é que é possível denominar assim os carrascos do golpe de Estado de 2016, apoiadores de Temer e responsáveis pela eleição de Bolsonaro, tem por único objetivo drenar os votos do PT para um candidato da burguesia.
Os golpistas ficaram desgastados pelo processo do golpe que eles mesmo iniciaram. É uma contradição do próprio golpe: aqueles que deram início ao processo foram deteriorados pelo mesmo. O motivo desse desgaste é simples: para acabar com o PT criaram uma força política que atacou não somente o PT mas todos os setores minimamente ligados à economia nacional, portanto, os coronéis regionais e qualquer político envolvido na imensa teia da economia brasileira – pessoas ligadas às construtoras nacionais, à Petrobras, e outras empresas brasileiras de grande porte atacada durante a Lava-Jato – acabou sendo afetado.
O PT por outro lado, mesmo após todos os golpes sofridos pelo judiciário, as calúnias repetidas incessantemente pela imprensa, como é munido de uma poderosa base popular, a maior da América Latina e uma das maiores do mundo, ainda é o principal partido político brasileiro. Não fosse a fraude, teria vencido as eleições de 2018.
O panorama de 2022 está cada vez mais evidente, será um enfrentamento entre Lula e Bolsonaro. O primeiro é o nome mais conhecido no Brasil, um político que venceu 4 eleições, duas sem nem sequer concorrer, e poderia ter vencido uma quinta em 2018 caso não fosse a fraude, um produto direito das mobilizações que derrotaram a ditadura. O segundo, colocado no extremo oposto político, é o atual presidente e responsável pela morte de quase 400 mil brasileiros, até o momento. O resultado parece óbvio, contudo é preciso entender que, apesar de tudo, Bolsonaro tem sim uma base social fiel, e a polarização política, causada pela pandemia e pela gigantesca crise econômica, tende a fortalecê-lo. O único lado que não consegue se colocar nas próximas eleições é o esvaziado centrão.
Buscar apoio no centrão é como pular na lama em busca de água limpa. Não faz sentido. É uma soma com fatores negativos que resulta da subtração do valor inicial.
Os setores que defendem essa aliança acreditam que com o centrão é possível ganhar um espaço dentro da enorme máquina burocrática brasileira, mas é uma ilusão infantil. Os golpistas perderam, e continuam perdendo, muito espaço para a extrema-direita, e além de tudo, não querem devolver o poder ao PT, não deram o golpe de 2016 para nada. Querem a base eleitoral do PT e não elegê-lo.