Nas últimas semanas deste já “falecido” 2021 um cenário quase fúnebre, similar a um filme de terror vem assombrando a classe trabalhadora. A presença de um vampiro, de um artífice das maiores atrocidades cometidas contra a população nos últimos anos, ao lado da única liderança popular do país e única esperança eleitoral do povo pobre nas próximas eleições. Estamos falando do tucano Geraldo Alckmin, que preenche todas estas qualidades e ainda mais.
Ao contrário das características naturais da ave tropical, Alckmin está rondando o ombro de Lula como uma ave de rapina, buscando a todo o momento se empoleirar de forma definitiva à direita do ex-presidente e consolidar o final do filme de terror, como seu futuro vice-presidente. Sem dúvidas, um cenário de ficção macabra que, entretanto, é muito real, mais real do que gostaríamos.
Desde, pelo menos, o começo de novembro a imprensa burguesa, golpista e monopolista, vem noticiando que Alckmin estaria se preparando para deixar o PSDB e propor entrar na candidatura de Lula. Desde então ficou claro que, apesar de haver a natural participação de elementos da esquerda nesta manobra, a iniciativa na ação estava sendo tomada pela direita. Semanas depois, após uma intensa pressão feita pela imprensa burguesa e por setores frente-amplistas da esquerda, inclusive do PT, conseguiram fazer avançar a ameaça macabra e, num evento público, um almoço num dos restaurantes mais caros de São Paulo, foi feito o encontro de Lula, Alckmin e o restante da corja articuladora e oportunista.
Eleições 2022: está em marcha um golpe contra Lula
Toda essa situação é um verdadeiro presente de grego para a população pobre e trabalhadora que nos últimos meses vem se empolgando com a candidatura de Lula, inclusive exigindo a sua presença nas ruas, em atos públicos, em caravanas, e que agora se depara com um embuste colocado ao seu lado, um elemento que a memória muito viva dos trabalhadores – ao contrário do que a esquerda bem pensante diz – liga imediatamente e acertadamente ao golpismo, ao golpe de 2016, ao golpe da burguesia neoliberal imperialista para saquear ainda mais o Brasil, onde o PSDB e seus políticos foram os atores principais.
O povo é, e mostra o caminho
Exatamente qual seria o benefício para a candidatura de Lula que historicamente em todas as eleições que participou para presidente soma em torno de 50% das intenções de voto? Isso considerando as pesquisas compradas e manipuladas. Qual o benefício de ter ao seu lado um dos governadores mais detestados da história do país, que ao governar São Paulo por 12 anos (2001 a 2006, 2011 a 2018) só aumentou a miséria entre a classe trabalhadora, o número de moradores de rua, o número de desempregados, piorou as condições de trabalho e salários de servidores públicos, de aposentados, entregou grandes parcelas do patrimônio público a capitalistas internacionais, responsável pela desagregação do parque industrial, tornou a cidade de São Paulo uma verdadeira ruína, mesmo sendo uma das mais ricas do mundo e, finalmente, investiu pesado na repressão equipando e aumentando o número do contingente policial, política que leva aos recordes de assassinatos todos os anos pela ação policial nas periferias.
Por que o PCO defende o armamento
Realmente é algo que fica além da compreensão de um trabalhador que, naturalmente, pensa de forma concreta, se dois vezes dois são quatro, então a conta vale a pena. O que não se aplica no caso Lula x Alckmin que resulta em perdas, não só para Lula, mas para seus eleitores. Porque Alckmin é um valor negativo e negativo multiplicado por positivo nunca dará positivo.
Não perdendo a oportunidade de tirar um sarro com o “grande estratagema” dos articuladores da esquerda, internautas produziram diversos memes com a trágica união. Um deles, colocando Alckmin como Mao Tse Tung, ou melhor, encaixando a careca do Mao na máscara ─ isto é, rosto de Alckmin. O meme, aliás, é bem oportuno para aproveitarmos o jogo de palavras para esclarecermos – para a esquerda bem pensante, porque para o trabalhador está cristalino – Alckmin representa um Mao/mau – mau negócio – em qualquer sentido. Principalmente, quando se pensa ganhar as eleições.
Aqui vai mais uma máxima das ruas dos bairros operários: a direita não tem voto, por isso ela compra, suborna, ameaça. Ou seja, consegue das maneiras mais escusas possíveis. Desenhando, se Lula hoje tem 45, 50 ou 55% das intenções de voto, quanto exatamente um golpista-chefe traz para a chapa de Lula? Obviamente, nada.
Cogitado pela grande mídia como vice de Lula, Geraldo Alckmin faz aceno à esquerda ao lançar o corte de cabelo do Mao Tsé-Tung. pic.twitter.com/qefASwfKrV
— Jean Gabriel Álamo ☭ leia O Campeão de Xangô Vol 1 (@jga_oficial) December 22, 2021
Pior! Não só não traz nada, como reduz os números de Lula, pois vai colocar em dúvida diversos setores da classe trabalhadora de qual seria a função de colocar um tucano golpista junto com Lula. Seria para dar um golpe, caso ele faça algo que desagrade os banqueiros? Seria para puxar seu tapete antes mesmo das eleições, trabalhando “por debaixo do pano” para outro direitista, seria só pra ser um fardo a mais para Lula carregar até outubro de 2022?
De fato, estas e muitas outras possibilidades podem ser verdadeiras e simultâneas. Mas, como visto todas elas não favorecem, nem de longe, em nenhuma medida os interesses da classe trabalhadora, aquela que vem sendo esmagada, espoliada e violentada diariamente pela direita golpista e serviçal do imperialismo desde o golpe de 2016.