Desde o golpe de 2016 temos visto a esquerda ser lentamente encurralada, colocada na defensiva, enganada. Temos visto o trabalhador ser confundido, manipulado, e açoitado pelos regimes golpistas.
Uma das tônicas centrais do regime começado pelo impeachment é a total falta de popularidade da direita e da burguesia. Isso ficou patente quando Aécio Neves foi derrotado com todo o apoio do Judiciário, com o apoio de toda a imprensa, com traições da coligação de Dilma e até com a patente fraude nos resultados de grandes colégios eleitorais, como em SP.
Durante a própria votação do impeachment isso ficou claro também ao vermos que os atos pró-golpe foram diminuindo na medida em que as pessoas viram o que era a direita. Vemos aí, que diferentemente de partidos de direita em outros países e até no Brasil de outras épocas, não tem popularidade alguma. O mesmo pode ser dito da imprensa, e o repúdio quase universal da Rede Globo.
Quando não se tem apoio popular algum, veja a pífia votação de Alckmin e Ciro em 2018, a burguesia tem duas escolhas: ou governa pela força, numa ditadura aberta, ou combina a confusão e a força e tenta controlar o regime numa ditadura velada.
Em 2016, 2018, e agora, isso só foi possível pela colaboração, consciente ou não, de uma parcela da esquerda brasileira. É de conhecimento público que partidos da esquerda brasileira como o PSOL, PSTU e PCB, atacaram impiedosamente o governo às vésperas da queda dele, que ativistas como Guilherme Boulos promoveram ações para desestabilizar o governo, como o “Não vai ter Copa” e depois buscaram manter uma crítica de dentro do movimento contra Dilma. Estes setores não tinham, e menos ainda tem agora, poder de levar amplas massas às ruas, mas tem a capacidade de diminuir o entusiasmo e a combatividade de um movimento, tem a capacidade de colocar direções da esquerda numa posição defensiva, de gerar divisão e confusão nas fileiras do povo. Estes setores buscavam também criar uma falsa alternativa à polarização que se estabeleceu, impedindo o alinhamento do povo na luta contra o golpe.
O ataque vindo de um inimigo direto pode machucar, pode intimidar, mas não deslegitima o movimento, não necessariamente abala a convicção dele, muitas vezes ele até fortalece as convicções dos militantes. O ataque vindo de dentro do nosso campo, principalmente este tipo de ataque malicioso, pode ser bastante destrutivo.
O termo 5ª coluna foi cunhado na guerra civil espanhola, onde os fascistas se gabavam de ter 4 colunas militares (grandes destacamentos de soldados em regiões diferentes) lutando de fora e uma 5ª coluna operando dentro do território da esquerda.
Hoje, 5 anos após o impeachment, vemos que isto não mudou, apenas se agravou. A tentativa de setores como o PSOL e o PCdoB de trazer Ciro Gomes e o PSDB como defensores da democracia, de deixar para trás os seus crimes contra o povo, foi um ataque vindo de dentro.
A decisão do PSOL, na hora mais grave, de votar em defesa da Lava Jato foi outra. Mesmo no PCdoB, dois deputados se abstiveram para não atacar a ditadura do Judiciário.
Na campanha Lula Livre, estes setores apareciam apenas para discursar e fazer autopropaganda, nunca lutaram de fato.
O próprio Guilherme Boulos está agora numa cruzada para dividir o voto de Haddad na eleição para governador.
Os trabalhadores estão aprendendo, ainda que da pior maneira, a confiar apenas nas suas próprias forças, apenas naqueles que lutam, naqueles que eles veem lutar. A quinta coluna esfaqueou em vários momentos o movimento pelas costas, ainda conseguirá desferir outros golpes, mas a ingenuidade dos trabalhadores e da esquerda está se esgotando.





