Que a Lava Jato é uma operação criminosa, que passou por cima dos direitos do povo, que deu o golpe de Estado, prendeu ilegalmente Lula e elegeu Bolsonaro, é não é mais segredo para ninguém. Há um aspecto suscitado pela recente rejeição da PEC 5 na Câmara dos Deputados, que aumentaria timidamente o controle do Congresso o sobre o Ministério Público: a autonomia e independência do MP.
Essa independência nada mais é do que a possibilidade de controle do MP do organismos exteriores às instituições democráticas. Toda instituição deveria ser, em última instância, controlada pelo povo. O Congresso Nacional é composto por centenas de deputados e senadores que, por mais que possamos denunciar o sistema eleitoral manipulado e fraudulento, foram de algum modo eleitos. O presidente da República, de quatro em quatro anos, é eleito. O mesmo acontece com os poderes Executivos e Legislativos de estados e prefeituras.
O sistema eleitoral não é o ideal, é controlado pelo poder econômico da burguesia, mas, seja como for, esses poderes são submetidos a algum controle popular, mesmo que pequeno.
Não é o que acontece com o Judiciário. Os juízes, desembargadores e promotores não têm a menor relação com o povo. É um Poder cuja representação é produto de uma panelinha que perpetua seus privilégios sem a menor necessidade de prestar contas à população.
Essa é a “autonomia” e a “independência” do Ministério Público que a direita lava-jatista defende.
Foi isso que possibilitou que o Ministério Público criasse uma operação controlada por interesses de fora do País.
Os monopólios imperialistas têm interesse em controlar o regime político brasileiro. No entanto, seria muito complicado se dependessem apenas das instituições democráticas. Logicamente que o imperialismo procura influenciar todas as instituições, comprando políticos, chantageando e ameaçando. Mas depender apenas disso seria muito mais demorado e custoso, afinal, o imperialismo teria que lançar seus candidatos, faze-los ganhar, garantir uma maioria, lutar contra a pressão popular etc.
Por isso, o Ministério Público foi a maneira mais eficiente para que o imperialismo pudesse interferir no regime político brasileiro sem precisar passar por nenhum mecanismo democrático.
A “independência” e a “autonomia” do Ministério Público foi a porta de entrada para que os monopólios imperialistas pudessem entrar no regime político. Foi através da Lava Jato que a CIA, ou seja, um governo estrangeiro, interferisse na política nacional.
Eis a essência do golpe de Estado no Brasil e a participação fundamental do Ministério Público e da Lava Jato no golpe. Como ficou claro, com o golpe, o imperialismo procurou alterar a relação de forças no regime, extinguir partidos, modificar leis, destruir direitos democráticos. Tudo isso com objetivos econômicos muito claros.
A rejeição da PEC 5 mostra uma articulação do imperialismo para manter o Ministério Público como uma porta aberta para sua intervenção no País.