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Volta o flagelo da fome

A epidemia da fome

Apesar da OMS alertar para o acúmulo de doenças psicológicas, o que têm adoecido e matado os brasileiros é a falta de ter o que comer!

Desde o início da pandemia do coronavírus – primeiro trimestre de 2020 – a Organização Mundial de Saúde (OMS) têm alertado o mundo para o aumento das doenças psicológicas por conta das medidas de isolamento social aplicadas por governos para tentar frear a disseminação do coronavírus, caracterizando essa onda de doenças psicológicas como uma “pandemia silenciosa”. Entretanto, no Brasil, uma outra epidemia tem sido muito mais real para a maioria da população brasileira, a disseminação da fome.

Uma pesquisa realizadas em conjunto pelas Universidades de Minas Gerais (UFMG), pela Universidade de Brasília (UNB) e pela Universidade Livre de Berlim, mostraram que cerca de 125,6 milhões de brasileiros estão passando por “insegurança alimentar”, ou seja, passando fome em algum nível. O número corresponde a 59,4% das famílias brasileiras e apurou a situação entre agosto e dezembro de 2020.

A pesquisa ainda revelou que destes 125,6 milhões, 44% diminuíram o consumo de carnes e 41% o consumo de frutas. Se visualizado por região do país, na região nordeste a fome é uma realidade para 73,1% dos lares, seguido pela região Norte em que 67,7% das famílias passam por dificuldades para se alimentarem.

A fome é uma epidemia da classe trabalhadora

A pandemia da Covid-19 aprofundou a crise econômica vivida pelo mundo e, principalmente, em economias exploradas pelo imperialismo como o Brasil e os países da América Latina. Essa crise, tem feito com que os bilionários se aproveitem para ganhar ainda mais aumentando a exploração da classe trabalhadora, com demissões, com cortes de salário e direitos trabalhistas e o fim de programas sociais. É nesse contexto que se encaixa, a monstruosa crise social que o Brasil já vive mais intensamente desde o golpe de 2016 e tem a pandemia da Covi-19 como um novo capítulo.

Nos últimos meses o Brasil bateu o recorde de desemprego, atingindo 14,6% ou 14,7 milhões de pessoas, segundo dados oficiais do IBGE. Porém, esse dado está subavaliado pois, se computarmos todos os tipos de subemprego, de trabalho informal e de pessoas que simplesmente desistiram de procurar emprego, a conta chega próximo dos 90 milhões de brasileiros, chegando a cerca de 65% da força de trabalho, a população economicamente ativa.

Nos últimos 12 meses cerca de 8 milhões de postos de trabalho foram extintos, o que tira qualquer chance de se encontrar um novo emprego após ser demitido. O órgão ainda confirmou que em 2020 que 70% dos cerca de 85 milhões de trabalhadores empregados sofreram algum tipo de redução de renda, sendo que, ao menos 30% tiveram os salários cortados em 70% e 46% chegaram a ter o contrato suspenso em algum momento. Medidas plenamente autorizadas pela MP 936 do governo Bolsonaro.

Esses dados deixam claro que a fome que assola cada vez mais os brasileiros tem como alvo a classe trabalhadora, a classe que há poucos anos conseguia sobreviver e pôr comida na mesa, vendendo a sua força de trabalho, o que deveria ser uma lei fundamental no capitalismo.

Outro aspecto a contrastar com as ditas doenças psicológicas é que, segundo a OMS, transtornos psicológicos como ansiedade atingem no Brasil cerca de 9,3% da população. Outro dado divulgado pelo órgão é que estima-se que no Brasil cerca de 50 milhões de pessoas tenham algum tipo de transtorno mental. Apesar dos números, que também são subavaliados até por conta dos problemas crônicos da saúde pública no país, há também o relato de profissionais que atendem nos sistema e, principalmente, nos centros especializados (Cras e Caps), como afirma Pedro Costa pesquisador da UNB em entrevista ao portal Yahoo:

“Falar de saúde mental é falar da necessidade de ter comida na barriga, necessidade de ter emprego. Saúde mental é ter uma casa para morar, é não ter que trabalhar 14, 15 horas por dia exposto à pandemia para ganhar um salário-mínimo

A solução está nas ruas

Os trabalhadores brasileiros estão vivendo esse cenário de devastação social aprofundada a cada dia por conta de uma política deliberada da burguesia, de fazer a classe trabalhadora pagar pela crise criada por eles. Uma crise que tem origem na política da burguesia de destruição da economia, na destruição das forças produtivas, na destruição das condições de vida dos trabalhadores, numa tentativa desesperada de tentar salvar o sistema capitalista e o seu poder de dominação.

A pandemia da Covid-19 somente se transformou nesse flagelo em todo o mundo justamente porque os sistemas de saúde, as condições de vida da população explorada, dos investimentos estatais e serviços públicos atingiram um nível extremamente baixo, pois a burguesia não quer mais “arcar com este custo”, o que permitiu que um conjunto de doenças voltassem a reaparecer e que doenças novas como a Covid-19 se disseminassem muito rapidamente.

A fome também é resultado tanto da superexploração tocada pela burguesia imperialista do mundo que, apesar de uma produção cada vez maior de alimentos no mundo, deixa boa parte da população sem acesso nem ao mínimo para sobreviver. A fome também tem origem na destruição das forças produtivas, ou seja, fábricas, indústrias, empresas públicas, setores econômicos inteiros, fazendo com que milhões de trabalhadores ficassem sem emprego e sem terem como sustentarem suas famílias. Essa política é acompanhada pela pressão sobre os Estados para acabarem com todo o tipo de programa social ou política pública de manutenção das condições de vida da classe trabalhadora como de distribuição de renda, auxílio saúde, transporte ou programas habitacionais.

Enfim, essa é a política verdadeiramente genocida, que não se resume a matar a polução pela pandemia do coronavírus, mas sim tocar um genocídio lento e contínuo matando parcelas cada vez maior da população de fome, por inanição. O que é absurdo gigantesco para um país como o Brasil que possui terras férteis, em condições de produção, de sobra, que possui uma massa gigantesca de trabalhadores e pessoas em idade ativa aptas a produzir o seu sustento e de suas famílias e recursos naturais abundantes como água, vegetais e minerais.

Somente a organização dos trabalhadores da cidade e do campo e seu levantamento imediato contra a política genocida dos governos da direita pode parar esse duplo morticínio.

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