Os problemas da cultura e da arte são sensíveis aos marxistas. Nos debates na Revolução Russa este era um tema que foi colocado de uma maneira bastante prática: qual deve ser a concepção dos marxistas para a arte e com base nisso qual deve ser a atitude do Estado operário e do partido para a arte.
O PCO está realizando sua 46ª Universidade de Férias com o tema do stalinismo. Esse debate sobre a arte será abordado no curso e foi, logicamente, objeto de debates entre os revolucionários e a burocracia que se apoderou do poder após a morte de Lênin.
Nos primeiros anos da Revolução, os bolcheviques, em particular Leon Trótski, defendiam que o Estado não deveria intervir nos debates entre as diferentes escolas literária e os movimentos artísticos. Em suma, o Estado não deveria adotar nenhuma escola como sua, mas deixar que os artistas e as escolas pudessem se desenvolver livremente.
Tal é a concepção marxista e que foi deturpada pela burocracia. O stalinismo, vendo o desenvolvimento livre dos artistas como uma ameaça, procurou controlar a arte até sufocá-la e torná-la apenas uma expressão da burocracia.
Para quem tem interesse no tema, o jornal Causa Operária está trazendo artigos sobre o tema em seu Terceiro Caderno. Os debates podem ser encontrados em alguns textos de Leon Trótski. No capítulo VII de A Revolução Traída, livro que procura analisar cientificamente o fenômeno da burocracia, Trótski se dedica a mostrar como a burocracia sufocou a arte na URSS, que durante os anos da Revolução, produzia o que de mais avançado se fazia na vanguarda artística da época.
Trótski e os trotskistas combateram esse crime contra a arte, defendendo a concepção marxista para o problema, ou seja, que a arte deve ser livre.
Graças ao desastre stalinista, criou-se uma ideia de que os comunistas seriam defensores, se não de um controle da arte, mas de determinados limites a ela.
Trótski teve o mérito de preservar a concepção marxista sobre o problema. Trata-se da política mais libertária em relação à arte jamais desenvolvida. A concepção dos comunistas sobre o problema é a defesa incondicional de toda liberdade em arte. “Toda licença em arte”, dizia o Manifesto da FIARI (Federação Internacional dos Artistas Revolucionários e Independentes), escrito por Trótski e o poeta e fundador do surrealismo, André Breton.
Nenhum pretenso anarquista, com todas as matizes que se possa imaginar, foi capaz de produzir uma concepção tão libertária para a arte.
Essa não é uma posição de Trótski, essa é a posição dos marxistas, que Trótski teve o mérito de defender até o fim de sua vida, assim como fez em todas as questões políticas.