Um dos problemas em relação à vacinação da população brasileira são as ações realizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Um debate que está sendo realizado, inclusive por cientistas renomados, é que a demora na aprovação das vacinas pela Anvisa seria medida para “proteger” a população brasileira de vacinas que podem ter consequências na saúde e que isso seria necessário porque a instituição é científica e não política. Nada mais falso! E boa parte da esquerda pequeno burguesa segue o mesmo caminho. Não existe nenhuma instituição “científica” que não seja manipulada por interesses políticos.
Em exemplo que a Anvisa não é somente controlada pelo governo Bolsonaro como também é controlada pelos monopólios imperialistas, ficou evidente na questão dos agrotóxicos. E podemos ver em diversos casos como na questão dos agrotóxicos. Após o golpe em 2016, o número de agrotóxicos aprovados pela Anvisa saltou de 150 em 2015 para 277 em 2016, 405 em 2017, 450 em 2018 e 475 em 2019. Esses números revelam que não há nada de científico nas aprovações desse órgão, apenas questões puramente políticas. E 60% dessas autorizações em 2019 foram de produtos de grandes monopólios internacionais do agronegócio.
Quem está à frente da Anvisa é o contra-almirante da Marinha do Brasil Antônio Barra Torres, bolsonarista fervoroso e que até agora “reza” a cartilha do imperialismo e do governo capacho de Jair Bolsonaro. No caso da vacina, a Anvisa já havia tomado decisões contra a vacina chinesa Coronavac e agora toma a posição ainda mais política no caso da vacina russa, a Sputinik V.
E cientistas de “renome” ainda defendem a posição da Anvisa. O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, ex-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em entrevista, disse que a Anvisa é um órgão do Estado, não de governo e tem a responsabilidade de garantir a segurança dos produtos que são usados na assistência à saúde da população. Portanto, disputas políticas não podem interferir no processo da liberação. “A principal tarefa da Anvisa é garantir que [a vacina] não faça mal. Isso não é pouco. É o princípio básico da medicina”.
A afirmação do médico sanitarista, que está sendo muito procurado pela imprensa de esquerda e sendo o “mentor” de diversos setores, só confirma a afirmação que os cientistas não sabem nada do que está ocorrendo ao seu redor e no país. A esquerda se orientar com base nos cientistas “sábios” de plantão só revelam que a esquerda não possui uma política própria e estão somente indo conforme a imprensa burguesa aponta.
A esquerda deveria deixar de lado as questões moralistas e “cientificamente” corretas apresentadas como “bem” pensantes, que possuem regras que devem ser seguidas, mas que deixam de lado o caráter político da ciência e das instituições estatais.