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Bolsogay ou IdentiDoria?

A base bolsonarista do PSDB e a terceira via

O fiasco total das manifestações do dia 12 de setembro aprofundou a crise da 3 via e as repercussões disso podem ser vistas nas prévias do PSDB

No dia 20 de setembro se iniciaram, sob ampla cobertura da rede globo, as prévias do PSDB que irão definir o seu candidato à presidência, e que por sua vez muito provavelmente será o candidato da 3a via. A grande disputa se dá entre João Doria, governador de São Paulo, e Eduardo Leite, Governador do Rio Grande do Sul. O partido encontra-se rachado. A ala de Doria não consegue se impor no partido, cuja base e muitos integrantes estão ligados ao bolsonarismo, sendo assim o candidato mais “anti-bolsonaro”, que é Doria apesar de amplamente apoiado pela burguesia e pelo imperialismo tem uma enorme rejeição tanto dos eleitores conservadores, quanto de setores importantes do partido que temem a derrota eleitoral.

O desenvolvimento da política nacional indicava que Doria já era o candidato pré definido pelo imperilaismo. O próprio FHC, que antes apoiava Leite, apoiou publicamente Doria. Não só isso, como uma gigantesca campanha já estava sendo realizada com a tentativa de participação nos atos de rua da esquerda, alianças com a esquerda anti petista, PSOL e PCdoB, campanha da queima de estátuas e outras campanhas identitárias em geral, como tornar Guarani uma língua oficial. A face identitária de sua política serve para garantir um apoio da esquerda contra Bolsonaro. Doria também controla o aparato do Estado mais rico e importante do país e já estava sob o controle da ala majoritária do PSDB, tudo indicava que sua candidatura estava garantida mas o fiasco total dos atos do dia 12 abriram uma nova crise.

2021 – Passados 5 anos do golpe os mesmos reacionários de 2015 saem às ruas agora sob a direção de Bolsonaro contra o PSDB e a contra a esquerda. Foto: Reprodução

As mobilizações de rua que vêm ocorrendo após o ato do 1 de maio, organizado pelo PCO, mudaram a conjuntura política geral do país, a esquerda conforme ocorrem os atos se fortalece e assim fortalece a candidatura daquele que aglutina a luta de todos os setores explorados, o ex-presidente Lula. Por sua vez a extrema direita também vem se fortalecendo, apesar da enorme rejeição ao governo fascista de Bolsonaro, ele ainda possui uma base social real e relevante, o que foi visto nos atos do dia 07 de setembro, que foram semelhantes aos maiores atos da direita realizados na época do golpe de Estado contra a presidenta Dilma. São estes os setores que tem uma base social, a 3 via por sua vez, encabeçada por Dória, realizou os atos do dia 12, que foram um gigantesco fracasso, e o impacto disso na política nacional não pode ser subestimado.

O que acontece é que as bases do PSDB, principal partido organizador do golpe de Estado, a pequena burguesia ultra conservadora, que saiu às ruas em 2015 e 2016 na campanha golpista contra Dilma, quase que por completo migrou para o bolsonarismo. Isso já pode ser visto em 2018 quando Alckmin teve menos de 5% dos votos e os candidatos do PSDB entraram nas campanhas como BolsoDoria e BolsoLeite deixando bem claro sua política fascista de aliança a Bolsonaro. O MBL e o PSDB que conseguiram realizar alguma mobilização naquela época, em conjunto com Bolsonaro, agora não tem capacidade nenhuma, enquanto Bolsonaro, sem o apoio dessas organizações, ou seja, sem o amplo apoio do imperialismo, consegue realizar mobilizações grandes.

A realidade das ruas, apesar do que diz a imprensa golpista que afirma que as pesquisas estão acima das manifestações, é o que de fato importa para as eleições de 2022. Doria migrou do bolsonarismo para ser o candidato da frente ampla, o candidato da 3 via, o democrático e identitário que não é “nem Lula, nem Bolsonaro”, como cunhou o MBL. O plano da burguesia muito bem formulado para impor o candidato que aplique a sua política neoliberal com a maior maestria possível só tem um grande defeito, quem tem votos no Brasil são justamente Lula, em primeiro lugar, e Bolsonaro, em segundo. É isso que assusta um grande setor do PSDB e que está gerando a crise nas prévias do partido.

Ao atacar Bolsonaro e Lula, Doria estará perdendo os votos da direita e da esquerda e assumindo a posição do centro político, setor em desagregação no mundo inteiro. A extrema direita cresce em cima tanto dos partidos da direita tradicional quanto da esquerda moderada em todos os continentes, a política de frente ampla, mesmo quando de sucesso (para a direita é claro) como na França, com Macron, e nos EUA, com Biden, abre uma enorme crise social e política. Levando isso em conta, somado ao fracasso dos atos de rua é fácil compreender que diversos elementos dentro do PSDB não estão confortáveis com uma possível candidatura Dória. Aécio Neves, que representa um importante desses setores, o de Minas Gerais, apoia abertamente Bolsonaro e Eduardo Leite.

Golpistas. Sem apoio popular nenhum a 3 via também saiu às ruas em 2021, ela manteve seu principal eixo político desde 2015, os ataques golpistas ao ex presidente Lula. Foto: Reprodução

Outro grupo que está contra Doria é o do senador Tasso Jereissati, do Ceará, e o do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. Os setores mais marginais do PSDB, no norte, nordeste, Minas Gerais e Rio Grande do Sul se mostram os mais sensíveis à crise, pois lá o partido não tem a força que tem no aparato de São Paulo, onde já montaram um esquema mafioso de quase 30 anos para se manter sempre no governo. Ou seja, com medo de ir contra o bolsonarismo na eleição presidencial e ser completamente devastado pela extrema direita, um importante setor está tentando sabotar Doria e lançar o candidato mais fraco, Leite, que por ser mais inexpressivo possivelmente terá um dano eleitoral menor.

Na prática um amplo setor do partido percebendo que a política da 3a via pode levar a uma derrota colossal já está debandando para o bolsonarismo, assim como fizeram em 2018. Aécio Neves é um importante articulador desse processo e está sempre que possível atacando Doria, a ponto de o presidente do PSDB-SP afirmar em agosto: “O deputado Aécio Neves lidera hoje as pautas bolsonaristas, atuando como seu serviçal no Congresso Nacional e no partido. Por isso atua a todo custo tentando atrapalhar a candidatura de João Doria no PSDB”. Fica claro que a disputa interna no partido é intensa e enquanto isso, Bolsonaro se articula para se tornar o candidato oficial do imperialismo no Brasil, seu discurso na ONU foi um aceno para o governo Biden, contudo a 3 via, que é a posição dos EUA, ainda não foi abandonada.

Para o PCO a crise interna no PSDB é um sinal positivo de avanço da luta dos trabalhadores, a polarização fortalece Bolsonaro mas também fortalece a esquerda revolucionária e todo um setor que de fato quer levar adiante a luta para derrotar o golpe no Brasil. Por sua vez, a frente ampla que tem como objetivo colocar a esquerda a reboque da direita e elogiar Doria é algo perigosíssimo e tem que ser atacada com todo nosso arsenal. No fim, o que mais importa é que a mobilização da classe operária nas ruas é o que coloca tanto o PSDB quanto o governo Bolsonaro em crise e é o que de fato irá derrubar todo o regime golpista colocando em seu lugar um governo dos trabalhadores com Lula presidente.

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