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Bloco Vermelho

2021: forma-se um bloco revolucionário dentro da esquerda

As bases formaram o Bloco Vermelho, como ficou conhecido o bloco que enfrentou o verde-amarelismo nas manifestações.

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O ano era 2020. Início da pandemia. Naquele período, as direções da esquerda adotaram a política do “fique em casa”, que consistia em ficar a reboque da política da burguesia para a pandemia – a saber, a política de que a forma mais eficaz de combater o vírus seria, única e exclusivamente, o isolamento social. E esse “isolamento social” permitia que o povo se aglomerasse em ônibus lotados, fosse diariamente para o trabalho; só não permitia que o povo fosse a festas, aos eventos de entretenimento (jogos de futebol, cinema, etc.) e, principalmente, às manifestações.

Naquela época, era propagado pela burguesia, com o apoio das direções da esquerda, que sair às ruas para qualquer manifestação contra o governo Bolsonaro seria terrível, espalharia o vírus, etc. O PCO sempre foi contra essa política, mas não foi fácil combatê-la: foi necessário que o partido realizasse vários pequenos atos, mesmo que de 10 ou 20 pessoas, para lutar contra o imobilismo da esquerda. No 1º de maio de 2020, apenas o PCO fez manifestações presenciais, enquanto o restante da esquerda ficou nas assim chamadas lives, em que até FHC foi convidado! Refresquemos a memória e lembremos que Boulos fez parte de uma desse tipo de lives.

Pois bem: este foi o ano de 2020. Mas agora daremos um salto no tempo e chegaremos ao ano de 2021, ano da formação do Bloco Vermelho. Após realizar vários atos, pequenos e maiores, o PCO decidiu convocar um ato nacional em São Paulo para 1º de maio de 2021. À época, a histeria do coronavírus estava em seu auge – a Globo fazia campanhas contra manifestações, festas populares ou quaisquer coisas do tipo diariamente, tendo um amplo espaço em sua grade de programação para tal. O povo, da mesma forma que no ano passado, só poderia se aglomerar por um motivo: para trabalhar. Ônibus lotados e trabalho eram as únicas duas coisas que não transmitiam o coronavírus, para a imprensa burguesa.

Bom, no auge dessa histeria, com a burguesia pressionando por todos os métodos que tinha à disposição o povo contra as manifestações, o PCO realizou o ato em São Paulo. Cerca de 2.000 ativistas estavam presentes na Praça da Sé, foi nesse momento que o Bloco Vermelho, de combate contra as posições das direções frente-amplistas, se formou. A partir disso, a recém-formada “Frente Fora Bolsonaro” convocou manifestações presenciais em todo o Brasil para 29 de maio. Foi a primeira vitória – e que não foi fácil, mas que exigiu um ano inteiro de combate, tanto ideológico, quanto na prática, convocando os próprios atos – contra o “fique em casa”.

A partir disso, foram convocados vários atos, com várias disputas entre as bases e as direções. A ala direita da direção tentou a todo custo melar os atos, desde infiltrar o PSDB e Ciro Gomes, até cancelar os atos. Depois do 29 de maio, as manifestações convocadas foram: 19/06, 03/07, 24/07, 18/08, 07/09 e 02/10. Cada uma teve sua peculiaridade, sua luta para que ocorresse.

A de 18/08, por exemplo, foi a mais esvaziada de todas, pois contou com um forte boicote das direções frente-amplistas – pois foi uma manifestação dos servidores públicos contra as privatizações, em que não se podia infiltrar a direita. A manifestação Fora Bolsonaro de 07/09, por sua vez, foi marcada por ocorrer concomitantemente aos atos bolsonaristas, que contou com uma convocação maior, com menos boicote – até mesmo os partidos pequeno-burgueses realizaram algum tipo de panfletagem e chamado para o ato.

Relembremos aqui, no entanto, a manifestação de 03/07. Nela, o Bloco Vermelho jogou água no chopp nos planos da burguesia. Foi uma manifestação convocada às pressas e, nela, para a surpresa dos manifestantes, ocorreu a participação do PSDB em São Paulo e do PDT no Rio de Janeiro! Os membros do Bloco Vermelho, em parte especial, militantes do PT e do PCO, expulsaram a direita dos atos. O nome Bloco Vermelho, aliás, representa uma oposição fundamental em relação à direita: enquanto eles, junto de setores da esquerda pequeno-burguesa, defendem a política de abaixar a bandeira, de usar o verde e amarelo para “unificar”, os militantes do Bloco Vermelho se opuseram de maneira tão resoluta a essa política, defendendo a cor vermelha, um protesto dos trabalhadores, que tal política é expressa até no nome do bloco!

A manifestação de 03/07 foi marcada por entreveros. Depois disso, minguou a tentativa das direções de infiltrar a direita nos atos. Mais uma vitória do Bloco Vermelho! Houve um giro na política das direções oportunistas: passou a se tentar acabar com os atos, desmarcá-los, impedir sua realização, pois perceberam que era impossível infiltrar o PSDB. Os atos foram diminuindo de tamanho – isto é, aumentando o boicote – até 07/09, quando voltaram a crescer. Em 02/10, ocorreu o último ato da Frente Fora Bolsonaro do ano. Haviam sido marcados atos para o dia 15/11, mas, após pressão da imprensa burguesa – a Folha de S. Paulo, já em julho, repercutia dirigente da UP dizendo que o público estava cansado de ir à manifestações, que era hora de parar, etc. –, o ato foi desmarcado.

Vemos, com tudo isso, que seria um grande erro deixar toda a mobilização popular nas mãos destes que brincavam com os atos fora Bolsonaro como se fossem seus. O Bloco Vermelho, que já tinha o hábito de realizar plenárias estaduais/municipais para debater os atos porvir, realizou uma plenária nacional nos dias 06 e 07 de novembro, em São Paulo, para discutir com a base a situação do movimento.

Foi deliberada, então, a realização de uma manifestação nacional, novamente em São Paulo, para o dia 12 de dezembro. Com caravanas de todo o Brasil, o ato aconteceu na Avenida Paulista, com grande participação do PCO, dos militantes de base do PT e dos comitês de luta. E foi assim que o Bloco Vermelho fechou o ano de 2021: tão combativo quanto quando começou. Não se deixando levar pela pressão da direita, combateu, pela base, as decisões das direções frente-amplistas. Combateu a política de frente ampla, a política do verde e amarelo, garantiu a existência e a continuidade do movimento, defendeu a cor vermelha e lutou por Lula presidente.

Formou-se e se consolidou um bloco revolucionário dentro da esquerda, que certamente irá aumentar em 2022.

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