Começou a Virada Cultural, que acontece entre este sábado (12) e domingo (13) para o público paulista. Por causa da pandemia do novo coronavírus, a 16ª edição da Virada Cultural será realizada a partir de shows e atrações online. Apesar de ainda manter algumas atrações presenciais, o evento terá cerca de 400 atrações disponíveis na internet, que constitui a maior parte das apresentações.
A mensagem da edição é “Tudo de arte, nada de aglomeração”, oferecendo atividades online e intervenções urbanas pela cidade, em centros culturais, casas de cultura, bibliotecas e teatros. Porém sem aglomerações, ou seja, seguindo os protocolos burgueses sanitários e fazendo o uso da ocasião para cumprir com uma obrigação orçamentária da secretaria da cultura sem realmente servir culturalmente a população. Isso se nota pelo fato de que o programa se realiza com praticamente nenhuma divulgação de peso em torno de si. Tendo uma programação virtual, a Virada Cultural já elimina uma parcela significativa da população de simplesmente participar, usam a pouca participação e até desconhecimento geral acerca da existência do programa pela população como maneira de ataque a cultura genuinamente popular.
Vemos que, por exemplo, jornais como a Folha de São Paulo aproveitaram a impopularidade da virada cultural, devido principalmente a seu caráter virtual, para atacar o funk, como se o problema de acessibilidade ao programa pelo povo brasileiro, que reconhecidamente ouve o funk, o trabalhador e proletário, fosse devido a uma contradição, uma “fragilidade”, uma incapacidade de se adaptar, apresentado por esse gênero musical, o que claramente não poderia estar mais longe da realidade. Dentre as 400 atrações gratuitas fornecidas pela Virada Cultural, 1 deles foi escolhido como alvo pela mídia burguesa, que o posicionou como música barata, que só ganha popularidade devido a “liga” fornecida pelo público dançante da balada, e que por si só, nu, não se compara a musica “de verdade”.
Da Folha de São Paulo, ao comentar sobre as musicas tocadas pelo MC: ” (…) ‘namorar pra quê’ – na qual Kekel errou e pediu para o DJ que o acompanhava voltar ao começo – “quem mandou tu terminar”, “desencana” e mais “uma pá” de musicas nas quais o MC desafinou, atravessou e deixou claro que, sem a zoeira do público, sua arte de amealhar os sons é frágil”. Aí esta a posição da mídia burguesa com relação à música popular, ao funk: é som que se enaltece pela pura “zoeira”.
Além disso, é importante deixar claro que qualquer apresentação musical, não só o funk, perde muito de seu apelo quando não pode ocorrer presencialmente. Mesmo um concerto sofisticadíssimo de uma orquestra sinfônica é muito menos interessante de se acompanhar online do que presencialmente.