Vittorio Brecheret, que depois seria simplesmente Victor Brecheret, nasceu em 1984 em Farnese, na província italiana da Toscana. Foi com 10 anos de idade, em 1904, que embarcou com sua irmã e uma tia para o Brasil. Chegando em São Paulo, estabeleceu-se na casa de sua tia, nas proximidades do Largo do Arouche.
Desde jovem, Brecheret começara a trabalhar como vendedor em uma loja de calçados. Devido ao seu interesse pelo desenho e pela modelagem conseguiu ingressar no turno da noite no tradicional Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, em 1912, com 18 anos. Ali conheceu o importante arquiteto Ramos de Azevedo, que entre outras obras é o responsável pelo projeto do Teatro Municipal.
Por incentivo dos professores do Liceu, em 1913 Brecheret vai a Roma para estudar escultura. Lá, obtém uma formação ligada à escultura clássica. Volta ao Brasil em 1919 e em novo contato com Ramos de Azevedo consegue um atelier no Palácio das Indústrias.
Nesse época, o artista vivia recluso, sem contato com os artistas brasileiros, um produto do conservadorismo da intelectualidade oficial brasileira que rejeitava as inovações modernas. Foi um acaso que colocou os modernistas em contato com Brecheret. Na ocasião de uma visita de Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Di Cavalcanti e Hélios Seelinger a uma exposição no Palácio das Indústrias, ficam sabendo pelo porteiro do local que havia um escultor trabalhando, fazendo “estátuas enormes e estranhas”. Os jovens modernistas, que naquele momento estão atrás de tudo o que os parecesse inovador, antiacadêmico e diferente do que se fazia tradicionalmente, decidem fazer uma visita a Brecheret e ficam deslumbrados com o que vêem.
A partir daí, Brecheret se torna parte do grupo de modernistas e um dos seus principais expoentes. Nas artes plásticas, junto com Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, Brecheret forma o núcleo mais importante dos modernistas da primeira geração.
Suas esculturas tornam-se o estandarte de guerra dos artistas modernos para sua afirmação na intelectualidade brasileira. O artista é, na escultura, o maior exemplo de tudo o que os modernistas brasileiros defendem. Uma arte que absorvesse as vanguardas europeias, o que havia de mais revolucionário na forma, e ao mesmo tempo fosse brasileira, que trouxesse os elementos mais significativos da cultura popular e da formação genuína do povo brasileiro.
É com a Revolução de 30 que os modernistas conseguem finalmente, não sem uma luta intensa, se afirmar. Com o advento da primeira Era Vargas alguns artistas são, inclusive, transformados em oficiais do regime. Brecheret é um deles, o que não muda a qualidade de seus trabalhos, pelo contrário sua obra mais famosa, o Monumento às Bandeiras, é inaugurada em 1953.
O artista faleceu de uma parada cardíaca, após estacionar seu carro, retornando do cinema.