A situação política mundial está marcada por uma gigantesca crise de conjunto do sistema capitalista, agravada em todas as suas formas pela pandemia do coronavírus, que vem devastando dezenas de países e colocando em evidência a incapacidade do capitalismo no enfrentamento à epidemia até mesmo nos países imperialistas (Inglaterra, Itália, Alemanha e também os Estados Unidos da América. Nos EUA, a Covid-19 já ceifou a vida de quase cem mil pessoas, com o registro de mais de um milhão e quinhentos mil infectados.
No Brasil, que em ritmo acelerado vem subindo nas estatísticas tanto em número de mortos como de infectados, onde a enorme subnotificação aponta para números que podem ser multiplicados por dez em relação ao que é oficialmente divulgado, a pandemia do coronavírus está totalmente fora de controle. Isso, desde o início dos casos, ainda no mês de fevereiro, quando surgiram os primeiros registros oficiais. Portanto, o Brasil, desde o primeiro momento, vem-se mostrando completamente despreparado para o enfrentamento da crise sanitária, na medida em que não há testes para a população. A rede pública hospitalar está sucateada ou foi desmontada; não há profissionais de saúde suficientes para o atendimento dos doentes; não há isolamento social efetivo como medida preventiva à infecção, ou seja, não houve e não há nenhuma politica séria do Estado no sentido nem mesmo de minimizar o impacto devastador e trágico da epidemia, particularmente sobre a população pobre e explorada, a mais afetada pela expansão da pandemia no Brasil.
A crise econômica, que já era uma realidade muito antes da epidemia, aprofundou seus efeitos com a disseminação nacional do vírus, expondo todas as mais agudas contradições do regime burguês-golpista, que, neste momento, busca descarregar sobre as costas dos trabalhadores e das masas populares o ônus da crise provocada pela política de terra arrasada da burguesia, dos banqueiros e do grande capital privado nacional e internacional. Preocupados exclusivamente com seus negócios ante a ameaça de uma falência generalizada de centenas de empresas, os capitalistas pressionam o governo federal e os governadores exigindo o fim do isolamento social (que nunca existiu de fato para os trabalhadores e a população pobre) e a volta ao trabalho, com a abertura das fábricas e do comércio, o que irá expor ainda mais os trabalhadores ao risco do contágio.
Diante dessa situação de caos social e ameaça direta à vida de centenas de milhões de brasileiros, os trabalhadores são os mais atingidos, pois estão obrigados a se exporem à contaminação, estando sob a ameaça da perda do emprego, sem que haja neste momento quem os defenda, na medida em que os sindicatos e as demais organizações de luta da classe trabalhadora encontram-se fechados, por uma politica deliberada dos seus próprios dirigentes.
Dessa forma, para enfrentar de maneira consequente essa situação, faz-se necessário a ruptura com a política de inércia e paralisia reinante no movimento social de luta das massas populares. É urgente mobilizar os trabalhadores para colocar em marcha um grande movimento nacional que contemple em suas reivindicações as necessidades mais prementes das massas populares e da classe operária: um plano de lutas que tenha como eixo as reais necessidades da população.
Assim, diante dos ataques do governo e da política de genocídio oficial do presidente fraudulento, é necessário intensificar a luta pelo “Fora Bolsonaro”, levando para as ruas essa bandeira de luta, com a realização de atos presenciais nas principais praças e cidades do país. Para enfrentar a ameaça da escalada inflacionária, é urgente colocar na pauta a escala móvel de salários como medida de proteção ao poder de compra dos salários. Contra a ameaça do desemprego e as demissões já implementadas pelos patrões, exigir a manutenção do empregos, com a redução da jornada de trabalho, sem redução salarial. As empresas que não conseguirem manter os empregos e os salários devem ser estatizadas, sob o controle dos trabalhadores.
No terreno da luta contra o coronavírus e a disseminação da epidemia, faz-se necessário colocar-se contra a suspensão do isolamento social, denunciando a demagogia e a farsa dos governadores, que nunca foram favoráveis de fato a nenhuma política de isolamento, pois, sob a pressão dos capitalistas e da classe média, vêm adotando a flexibilização, com a abertura do comércio, das fábricas e outros serviços
Em referência à luta contra o inimigo maior dos povos do continente, o imperialismo, é necessário uma campanha de defesa da Venezuela e de sua população, ameaçada de invasão e ataque militar pelos Estados Unidos. A derrota do povo venezuelano, se vier a acontecer, terá reflexos catastróficos para o conjunto da classe trabalhadora e para a população explorada brasileira.