Há um ano aconteceu o massacre de Brumadinho, no qual a mineiradora Vale permitiu a ruptura de uma de suas barragens, produzindo um rio de lama que fez 270 vítimas fatais e causou danos ambientais incalculáveis à região. Após milhares de horas de trabalho de resgate, ainda há 11 desaparecidos, e a contaminação tóxica dos rios locais.
A situação não é fácil para os sobreviventes, desabrigados e com prejuízos materiais e psicológicos, que sofrem com a destruição da economia local e são forçados a deixar suas terras. Segundo a Secretaria de Saúde do município, por exemplo, aumentaram os casos de suicídio, o afastamento de profissionais de saúde e o consumo de remédios antidepressivos e ansiolíticos.
A imprensa burguesa não pode esconder a tragédia, mas procura destacar o heroismo dos bombeiros, militares e voluntários que trabalham no local. Dessa maneira, evita tocar no problema central, que é o descaso proposital da Vale com a manutenção e segurança de suas operações. Um descaso cada vez mais comum nas grandes empresas capitalistas, buscando manter os lucros em períodos de crise econômica.
Brumadinho evidencia a proteção que a burguesia assegura aos membros de sua classe. A direção da Vale tinha informações sobre os riscos de desmoronamento e, assim mesmo, decidiu manter as operações. Apesar disso, não houve punições e não foi dada uma restituição satisfatória às vítimas da tragédia. O mesmo ocorreu depois da tragédia de Mariana, que já completa 4 anos, sem que a direção da Samarco tenha sido punida. O Rio Doce e as 700 mil famílias que sofrem com a contaminação foram abandonados à própria sorte. O mesmo está ocorrendo com o vazamento de óleo que contaminou o litoral nordestino, e com as queimadas na Amazônia, para a qual foram encontrados alguns bodes expiatórios que trabalham para apagar os incêndios.
Enquanto a Justiça estiver nas mãos do Estado burguês, a população estará sujeita ao descaso e à ganância da classe capitalista. É preciso tomar o poder estatal e ocupar as fábricas, a única forma de assegurar que a economia e a política sejam organizadas a favor dos interesses da população, e não de um bando de especuladores criminosos.





