O ‘Todos pela educação’, organização sem fins lucrativos e financiada por empresas privadas de educação e ensino básico elaborou um documento intitulado “Educação já – Municípios”. O documento consiste num total de 25 recomendações para a volta às aulas no ano de 2021, com intuito de orientar os governos municipais pelo País inteiro. Ou seja, o documento defende, antes de tudo, que o ensino presencial deva voltar a todo vaporem 2021.
Dessa forma, é preciso denunciar que esta é mais uma manobra da burguesia, ou seja, dos empresários do setor privado da educação para forçar a volta às aulas presenciais como algo ‘normal’, mesmo sob os perigos da pandemia. A manobra procura criar um ambiente de normalidade durante os riscos da pandemia, para forçar o poder público a impor a volta às aulas.
A própria “organização sem fins lucrativos”, ao se apresentar, faz questão de ressaltar que quem paga o salário dos contribuintes são empresários do ramo da educação privada, e não o governo. Pois bem, a organização tem lado político, o dos patrões.
Aparece também, como tentativa de se colocar como um grupo decente, o “alerta” de que não é associada a nenhum partido político. Para bons entendedores fica claro que a organização foi construída só para tentar fazer que as vontades dos empresários, ou seja, da direita e de seus partidos, pareçam menos absurdas e mais aceitáveis. Bom, este é o caso da volta às aulas presenciais sob o contexto crescente de contaminação da população pela COVID-19.
O absurdo começa quando o documento considera já de antemão a premissa de que as aulas presenciais serão uma realidade inevitável no ano de 2021, mesmo sem saber como estaremos até lá e conclui na página 26:
“Está cada vez mais claro que, em função dos profundos efeitos da pandemia nos alunos e das diversas dúvidas ainda existentes a respeito da vacina, o processo de reabertura das unidades escolares não poderá ser feito apenas quando houver imunização total da população ao SARS-Cov-2, contexto que exige ainda mais responsabilidade de todos os envolvidos.”
Esse trecho procura justificar de maneira nojenta a volta das aulas presenciais em 2021, fingindo estar baseados em preceitos científicos.
É bom ressaltar que cerca de 78% das instituições de educação básica no Brasil são públicas, portanto, o setor privado é grande minoria desse contingente. O que mostra que esses empresários omitem essa informação e agem de maneira completamente irresponsável, procurando enganar a população. Como empresários responsáveis apenas por 22% da demanda de educação do País devem influenciar o poder público? Isso é um completo absurdo desde o princípio, trata-se de um verdadeiro golpe, pois a reinvindicação dos filhos da classe trabalhadora nas escolas públicas é a plena anulação do ano letivo de 2020, e a volta segura após a imunização da sociedade.
Logo após coloca a vacinação sob aspecto duvidoso na população brasileira. Pois bem, uma pesquisa feita pela Datafolha, órgão financiado também pela direita e setores privados, acusou que 73% da população brasileira pretende se vacinar. Pois bem, a maioria esmagadora da sociedade brasileira está esperando a vacinação urgente. No mais, se a pesquisa fosse feita de maneira séria, sem o favorecimento aos empresários, essa maioria aumentaria ainda mais. Dessa maneira, é completamente irracional, irresponsável, tendencioso e nojento colocar a vacinação da população brasileira em caráter duvidoso.
Para mascarar a irresponsabilidade, a ONG alega que fez o documento com base em orientações científicas, e isso é uma grande mentira quando, na verdade, acima de qualquer dúvida, o seguro está em voltar as aulas com as crianças e jovens vacinados. O documento do ‘Todos pela educação’ está a serviço apenas do lucro dos empresários, e quem deve sofrer as consequências e os males nas filas de espera nos hospitais públicos são os filhos da classe trabalhadora pobre.
Entre vários ponto que se destacam no documento, há algo no nível do sinistro. No meio de todas as 25 páginas de enrolação tentando mostrar que seu filho deve correr o risco de pegar a doença há, no Eixo 2, a recomendação 12: “Estabelecer estratégias de busca ativa em parceria com outros órgãos.” É possível que, na prática, este seja mais um “motivo” para que a Polícia Militar entre na casa dos trabalhadores pobres nas favelas e nos morros.
Sabemos que a PM só bate educadamente na porta de patrão, ou melhor, nem sobe em sua calçada sem autorização. Na porta do trabalhador pobre a conversa é diferente, pois a polícia serve apenas aos ricos. Os cachorrinhos dos empresários, vulgo policiais militares, visitarão os trabalhadores para buscar seus filhos para irem à escola. Isso chega ao nível do sinistro num país que estampa em suas manchetes o sangue de crianças negras e pobres assassinadas no percurso da escola.
Pois bem, o documento de recomendações da ONG ‘Todos pela educação’ é, na verdade, uma tentativa de impor a volta às aulas presenciais sob os riscos da pandemia à qualquer custo, só para garantir o lucro dos empresários da educação privada e os demais em seu entorno. O setor privado não pode submeter o interesse público aos seus lucros.