Continuou nesta quarta-feira (23/12) a greve dos motoristas e cobradores de ônibus do grande Recife (PE). A greve já mostra os seus sinais combativos e de possível radicalização até mesmo pelo resultado da 1ª A audiência de conciliação e instrução realizada na manhã de ontem (23) pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), reunindo o entre o Sindicato dos Rodoviários e o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE).
A audiência terminou sem acordo entre as partes, sobre a greve dos profissionais da categoria, o que reflete a pressão dos trabalhadores sobre as lideranças sindicais para não acolher as tratativas traidoras dos patrões. Frente a tal situação a greve pode se estender até a próxima segunda feira, dia 28, quando de forma tele – presencial, será julgado o dissídio.
A paralisação dos rodoviários que se iniciou ontem se dá em razão da dupla função exercida por motoristas de ônibus na Grand Recife. A luta se dá em virtude da suspensão da portaria 167/2020 do Grande Recife Consórcio de Transporte, que vedava o acúmulo de funções de motorista e cobrador nos ônibus, conforme publicação no Diário Oficial do Estado, ocorrida cinco dias atrás.
Os capitalistas do transporte coletivo decidiram reduzir o número de trabalhadores com a demissão dos cobradores, obrigando os motoristas realizarem a dupla função. Tal situação muito grave m qualquer período, adquire contornos ainda mais dramáticos em plena vigência da segunda onda pandêmica no país. Tal situação além de impor o desemprego para a categoria impõe um enorme desgaste para os motoristas, levando a aumentar o risco de acidentes em razão do aumento da carga de trabalho, afetando à atenção do profissional, assim como levando os motoristas a estarem mais expostos ao Coronavírus.
Os trabalhadores rodoviários reivindicam além do fim da dupla função para motoristas nos ônibus da Região Metropolitana, o reajuste do ticket-alimentação e o pagamento do retroativo a partir de julho no salário e no ticket para motoristas e cobradores.
Mostrando mais uma vez o caráter patronal da justiça do trabalho foi concedida também em caráter liminar de forma parcial pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT 6ª) o pedido feito pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), que exigia o montante de 70% da frota de ônibus nos horários de maior demanda e 50% nos demais horários. No entanto ficou determinado que o Sindicato dos Rodoviários assegure pelo menos 50% da frota de ônibus circulando nos horários de pico na Região Metropolitana. Ou seja, das 5h às 9h e das 16h às 20h.
Tal decisão que é mais uma afronta aos trabalhadores e aos seus organismos, como é o caso do Sindicato dos Rodoviários, pois é ele que é o responsável por manter a frota em tais percentuais na rua sob pena de multa diária de 100 mil reais. Que deverá ser repassada aos patrões através do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE), que entrou com ação para suspender o movimento. A justiça capitalista unificada com os patrões também autorizou a contratação emergencial de motoristas e cobradores para ocupar as vagas dos profissionais que entraram em greve, num claríssimo ataque ao direito de greve.
Não bastasse isso os capitalistas do transporte coletivo, agindo como são, fascistas, lançaram ameaças de morte ao presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, além de ter sofrido uma tentativa de intimidação em frente à sede da entidade.
O ataque nas redes sociais foi manipulado a partir da criação de ao menos três perfis provavelmente falsos. Dois homens e uma mulher deixaram mensagens na página de Aldo no Facebook: “cuidado, se ônibus parar vai levar bala”.
Às ameaças e ao ataque patronal, deve se impor a força de mobilização e organização dos trabalhadores com a continuidade da greve até o atendimento de todas as reivindicações. E para garantir a luta, a criação de amplos comitês de garagem e de autodefesa com a participação de centenas de trabalhadores para defenderem seus direitos e seus organismos de luta pela força frente ao assanhamento fascista patronal.
Até o fechamento desta edição o sindicato ainda não havia se posicionado sobre a manutenção da greve até segunda feira.