Nesta última quinta-feira, 6, o Tição – Programa de preto completou 100 episódios apresentados, todos ao vivo, debatendo os principais pontos da luta do povo negro. Ao longo de todo esse período, O Tição se consolidou como um verdadeiro porta-voz de denúncia da situação de opressão e violência vivenciadas pelos negros, bem como um instrumento de divulgação da história de luta dos negros, bem como de suas principais lideranças.
Dentre os temas destacados e denunciados durante esse anos, estão a violência policial contra os negros, bem como a política de encarceramento em massa imposta pelo estado capitalista contra o povo preto. Foram inúmeras as denúncias feitas pelo programa, o Tição, programa organizado pelo Coletivo João Cândido do PCO, também se consolidou como o único canal na esquerda nacional a defender um programa de luta radical para a população negra, levantando as reivindicações centrais como a dissolução da PM e fim dos presídios.
No programa número 100, os apresentadores e dirigentes do Coletivo de Negros João Cândido, Isadora Dias e Juliano Lopes, realizaram um debate especial, destacando, dentre outros pontos, a revolução liderada em Burkina Fasso por Thomas Sankara, no dia 4 de agosto de 1983. Sankara, devido ao caráter radical da revolução que liderou, ganhou o apelido de “Che Guevar” africano. Dentre as medidas adotadas pelo dirigente negro, estavam a estatização de empresas, aumento dos salários, criação dos comitês de defesa da revolução, fim da dependência externa do país para com as potências imperialistas, desenvolvimento da economia nacional, liberdade para as mulheres, dentre outras.
No interior do quadro de líderes nacionalistas africanos neste período, Sankara é sem dúvida o mais radical. Não escondia, por exemplo, a sua orientação claramente marxista e sempre buscava denunciar a política de rapinagem dos países imperialistas contra as nações africanas.
A revolução de Sankara teve fim em 1987, após uma operação financiada pelos países imperialistas conseguir se infiltrar no país e assassiná-lo.
Outro ponto apresentado durante o programa foi necessidade de organizar a auto-defesa dos setores oprimidos, bem como lutar pelo direito ao armamento. O programa apresentou como exemplo a ação covarde de um policial militar que invadiu um apartamento em Santa Catarina e agrediu brutalmente com um cassetete três garotas. A crescente violência contra os setores oprimidos, como as mulheres e negros impõe a necessidade de se organizar a auto-defesa.
Por fim, os companheiros realizaram uma retrospectiva dos principais programas realizados, como o Tição número um, o qual contou com a presença de Dona Zilda, uma das líderes do coletivo mães de Osasco, coletivo este organizado pelas mães e familiares de jovens, em suas maioria, negros, mortos pela PM de São Paulo.
Os companheiros explicaram também a origem do Programa, o qual provém de uma revista publicada no final da década de 1970, que tinha como objetivo combater o racismo no Brasil.
Como se disse anteriormente, o Programa de número 100 é uma vitória para os companheiros do Coletivo João Cândido e para toda a luta do povo negro, o qual tem no Tição um porta-voz fundamental de suas principais reivindicações.